A volta do título Jornal do Brasil às bancas é em princípio um fato positivo, que deveria ser saudado e festejado por todas as pessoas de bem, todos os cidadãos que apreciam a democracia.
Mesmo que o novo Jornal do Brasil não tenha absolutamente nada a ver – fora o nome – com aquele jornal que foi um dos melhores do país, ao longo dos anos 60, 70, 80, 90.
Mesmo que não tenha nada a ver com o velho JB, a chegada de um novo JB às bancas é uma boa notícia.
Mesmo que ele traga como colunista uma figura que é muito mais um ativista petista que jornalista, esse execrável Paulo Henrique Amorim.
Mesmo – evidentemente – se ele se assumisse abertamente como um jornal pró-PT.
Fazem falta jornais que defendam claramente uma linha de pensamento político. Fazem falta jornais que se digam de esquerda.
Fazem falta bons jornais.
A rigor, fazem falta jornais.
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Uma grande pena, no entanto, é ver que o novo Jornal do Brasil se apresenta ao país não com uma opinião clara, distinta – mas com subterfúgios, com ginásticas mental, com raciocínios tortuosos que pretendem, parece, tentar esconder a que, afinal, ele vem.
Está lá em “Nota da Redação”: “O Conselho Editorial do JORNAL DO BRASIL tomou a decisão de não convidar o ex-governador Sérgio Cabral, preso e condenado por corrupção, assim como o presidente licenciado da Assembléia Legislativa do Estado, deputado Jorge Picciani, acusado e preso pelo mesmo motivo. Ambos teriam sido incluídos entre as autoridades às quais foram solicitados depoimentos sobre a importância da volta do JB às bancas.”
Segue um artigo assinado por uma pessoa estranha, Luiz Ignácio Lula da Silva. Luiz Ignácio? Isso não existe.
OK, é errinho pequeno, Inácio e Ignácio são palavras parecidas – embora não saber escrever corretamente o nome de um ex-presidente da República não seja um bom cartão de apresentação de um novo jornal.
A questão é mais grave, mais profunda.
O Conselho Editorial definiu que Sérgio Cabral e Jorge Picciani não escrevem, mas o Lula assina artigo? O que diferencia Sérgio Cabral & Jorge Picciani de Lula? O fato de que os primeiros já foram presos, e o segundo ainda não?
Tsc, tsc, tsc… Isso é subterfúgio, ginástica mental, raciocínio tortuoso.
Todo jornal é bem-vindo. Todo jornal que represente claramente opinião de um grupo, um pedaço da sociedade, é claro que é bem-vindo.
Jornal que usa subterfúgio, ginástica mental, raciocínio tortuoso, para esconder suas predileções ideológicas – não, isso aí, perdão, isso aí não é bem-vindo, não.
26/2/2018
P.S.: O artigo assinado por “Luiz Ignácio Lula da Silva” começa assim: “Num um país…”
Jornal que não tem cuidado com o que escreve, que não tem ninguém para reler antes de imprimir… Hum… Difícil.
Texto para néscios. Qual foi a análise do texto do Lula? Nenhuma.
E por que diabos alguém leria ou analisaria um texto do Lula? A única coisa que ainda importa saber sobre ele é a data da sua prisão. Aliás, o próprio Lula já revelou que não consegue ler um livro sem dormir na segunda página. Disse que não lê nada, nem jornais e revistas. Como, então, alguém ainda pode acreditar que ele seja capaz de escrever os textos que assina? É óbvio que Lula é o laranja do verdadeiro autor do texto publicado pelo JB.