Na véspera do dia em que completou 5 anos e oito meses, Marina viu seu primeiro filme em V.O.L., versão original com legendas.
Eu estava doidinho para mostrar pra ela Olaf em uma Nova Aventura Congelante de Frozen, um curta-metragem de 22 minutos; tinha lido que acabava de ser lançado, e, de tarde, antes de irmos pegá-la na escola às 17h, dei uma pesquisadinha. Não achei no YouTube – lá havia apenas pequenos trechos, o maior deles de 5 minutos. Já estava na Netflix, vi logo – mas ainda não dublado, apenas com legendas.
Mesmo assim, resolvi tentar.
(A rigor, parece que o curta é um pouco mais velho. Mas eu só fiquei sabendo dele há poucos dias, e o fato de só estar no original indica, sim, que o lançamento aqui é recente.)
Quando ela, já bem tarde, depois de 11 da noite, admitiu que era hora de parar de brincar e ver DVD, pediu Vampirina, sua mais recente paixão. Mas insisti. Já havia falado de um novo desenho com a Elsa e a Anna e o Olaf mais cedo, e voltei à carga. Marina, ao menos com a gente, não é chegada a topar novidades. Prefere o já visto, já testado, já aprovado. Mas, afinal de contas, era uma história de Frozen, sua maior paixão cinematográfica até hoje – e eu prometi para ela que mostraria só um pouquinho, só dois minutinhos, e pararia se ela não quisesse.
Aceitou. Já cansadinha, sentadinha no sofá muito, mas muito grudada na vovó, dispôs-se a ver.
Acho que foi só quando estava começando que falei que ainda não tinha dublagem em Português, e que eu leria as legendas para ela.
Começou – e ela imediatamente entrou em modo transe. Alfa. Atenção absoluta.
Falamos umas duas vezes que se ela quisesse parar a gente parava. Não deu a menor bolas.
De vez em quando eu olhava para a criaturinha: Modo transe. Alfa. Concentração total.
Quando terminou, perguntamos se ela gostou. Respondeu que sim, mas fez um comentário tipo “pena que ainda está em Inglês”. E em seguida pediu para ver Vampirina, e avisou que iria escolher episódios que ela já havia visto. Tipo assim: tá bom, topei a ver novidade, mas agora quero de novo o velho conhecido…
No dia seguinte, na hora em que a mãe veio pegá-la, contei sobre o desenho que tínhamos visto, e ela acrescentou que é muito novo, ainda está em Inglês.
***
Na manhã desta quinta, demonstrou mais que cabalmente haver compreendido perfeitamente a historinha do curta-metragem.
É uma história natalina. Fala das tradições natalinas de cada família – que cada família tem um jeito de comemorar o Natal. No final, Elsa e Anna – que passaram parte da infância e toda a adolescência separadas, para evitar novo acidente com os poderes mágicos da mais velha – percebem que a tradição natalina das duas era trocar mensagens, cartinhas, bilhetes com desenhos do Olaf, o bonequinho de neve que Elsa tinha construído quando as duas eram mais novinhas. Uma botava embaixo da porta um bilhetinho, um desenho, a outra respondia.
Então, de manhã, ela quis – como fazia sempre, até uns meses atrás, quando tinha dado uma pausa nessa sua Fronzen-mania – brincar de Elsa (ela, claro), Anna (a vovó) e Kristoff (o vovô). Em um dos momentos da brincadeira, em que Anna estava ausente (na cozinha, tomando café da manhã), inventou de procurar tradições com o Kristoff. Íamos até o quarto dela, ela xeretava nas coisinhas dela, achava uma coisa qualquer, e íamos lá mostrar para a Anna: – “Anna, olha a tradição que eu achei!” O ônibus londrino de dois andares, por exemplo, era o trenzinho com que as duas brincavam quando crianças.
Na sala, encontrou um oratóriozinho feito pela Dona Lúcia, e que fica numa das estantes às quais normalmente não presta atenção, e disse que era uma foto dela e da Anna quando eram bem pequenininhas. Eu ajudei, mostrando para ela outra peça criada pela Dona Lúcia, uma caixa de jóias (sem jóia alguma dentro), e sugeri que era a caixa em que eram guardadas as cartinhas e desenhos que ela e a Anna trocavam quando eram pequenas. Aceitou a sugestão no ato: – “Anna, olha a tradição que eu achei no nosso sótão: a caixa onde guardávamos as cartinhas que a gente trocava quando éramos crianças!”
Coisa mais doce do mundo.
15/11/2018
Pois é. No próximo ano ela mesma lerá as legendas. O avô começou a escrever sôbre os filmes que assistia aos 12 anos. Marina começará aos seis.Fico admirada como Marina comenta os filmes, como sente os personagens!Ela é demais!Tem a quem puxar, né? Boas mini-férias!