Marina e a Copa

Na quarta-feira, 12/6, tínhamos combinado chegar na casa da Marina tipo 17h30. Daria para ver com tranquilidade Inglaterra x Croácia na segunda semifinal da Copa, que terminaria pouco antes das 17h, e ir.

Como a Croácia empatou, bravamente, no segundo tempo, mandei mensagem de voz para o telefone da Cau, explicando que ia atrasar porque deu empate e teria prorrogação.

Daí a pouquinho, duas mensagens de voz no meu celular.

– “Vovô, eu tava assistindo o jogo. Eu vi que tava 1 a 1.”

– “Eu tava assistindo lá na brinquedoteca, junto com os outros meninos Beijo, tchau.”

Aaaaahhhh…. Pode?

Pode. Marina é da geração que caiu no caldeirão de informação – e é Marina. Aos 5 anos e meio, sabe de tudo. “Não perde nada, essa aí”, comentou a mãe, quando contei a história.

A Cau contou que, quando ligaram a televisão na brinquedoteca – provavelmente pouco antes do jogo, os times em campo, hora dos hinos –,  Marina olhou e disse que era Inglaterra e Croácia. Cau não sabia, ou não se lembrava exatamente que seleções jogariam, e ficou um pouco espantada, perguntou como ela sabia.

As bandeiras, ora.

Não perde nada, essa aí.

***

Adorei como Marina entrou no clima da Copa.

Acho que foi a primeira vez em que Marina fez assim o que poderia ser definido como uma opção ideológica parecida com a da vovó e do vovô: curtiu a Copa do Mundo, torceu para o Brasil – enquanto tantos milhares, milhões de xiitas e chaatos achavam motivos para ser contra a Copa, contra a Seleção, contra o Tite, contra Neymar, o escambau.

Dias antes do início da Copa, minha filha me mandou uma foto de Marina com uma camiseta como a da Seleção, amarelinha, linda. Adorei. Passando pela Alfonso Bovero, vi uma camiseta amarela com coração e a palavra Brasil no meio, e quis comprar pra Marina.

A pequena se paramentou de verde e amarelo e azul em todos os dias de jogos do Brasil. Alternou a camiseta comprada pela mãe com a do avô.

Adorou as bandeirinhas do Brasil colocadas nos carros da mãe e da avó. No nosso carro, pusemos a bandeira no vidro do banco de trás, bem perto dela – e ela curtiu à beça a bandeirinha tremulando.

Achei tudo isso uma absoluta maravilha.

***

Na sexta-feira, 29 de junho, um dia depois de o Brasil ganhar da Sérvia de 2 a 0, Marina veio dormir aqui em casa. Fez questão de trazer o brinquedo de sete jogos de tabuleiro que ganhou dos pais e que tem o Lader and Snakes, Escadas e Serpentes. Neste mês ela deu à mãe a alegria de jogar seu primeiro jogo de tabuleiro, exatamente o Lader and Snakes. Está gostando do jogo – tanto que quis trazer para jogar conosco.

Jogamos à noite, depois de um bom tempo brincando de teatrinho de Frozen, do banho e do jantar. Acabei ganhando nossa primeira partida de Lader and Snakes – e ela, ao contrário do que seria de se esperar, não ficou chateada, não reclamou, não fez chororô.

***

Me ocorreu então mostrar a ela, pela primeira vez na vida, o jogo de futebol com uma bolinha de rolemã. Disse que queria que ela visse o brinquedo, para quem sabe um dia destes, no futuro, a gente jogar – mas ela gostou no ato, e quis jogar, para minha absoluta surpresa e alegria.

Prova clara de que Marina de fato estava em clima de Copa do Mundo.

Gostou do joguinho – e, de maneira absolutamente fascinante, disse que o time dela era o Brasil e o meu, o da Suiça. E chamou o goleiro de Alison, e de Gabriel Jesus e Neymar dois jogadores do ataque!

Como era a absoluta primeira vez que ela via aquele futebolzinho, dei umas facilitadas. Mas ela conseguiu de fato fazer gols, e ganhou de mim a primeira partida de 6 gols!

E quis jogar de novo, com a vovó!

Como ainda não domina – é claro – o uso palitinho de picolé com o qual se lança a bola, botou o palito na diagonal, sob a bolinha – que explodiu para fora do campo. Um perigo danado de perder bolinha – e uma delas de fato sumiu sob o sofá.

Mas a danadinha se divertiu à beça com aquela história de chutar a bola para fora, e repetiu a façanha diversas vezes. E ria gostoso.

Apanhou da avó, mas não de balaiada. E ainda quis jogar uma terceira partida comigo. Que ganhou.

Não imaginava de jeito nenhum que Marina já estivesse pronta para esse joguinho.

Mandei foto para a mãe, e a mãe, claro, se lembrou dos tempos em que ela jogava comigo.

Ganhar na loteria duas vezes em seguida é algo muito doido.

Julho de 2018

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