Coroa prafrentex

Coroa prafrentex. Chamar alguém de coroa ainda pode acontecer nos dias de hoje. Um sujeito… idoso. Agora, prafrentex está sepultado desde que a televisão passou a ser transmitida em cores, calculo. Um cara determinado, avançado.

Agora vejam se isto não é coisa de coroa prafrentex. Abandonei o texto impresso, o papel. O Estado e a Folha não são mais entregues na portaria do prédio. Quando acordo, já estão no meu celular!

Para não romper inteiramente com o papel, fiquei com o Estado impresso nos sábados e domingos. Mas eles estão no celular também. Se eu for para uma sala de espera, ou pegar o metrô, prefiro levar os jornais no bolso da calça. Mais prático para ler nesses lugares.

A inovação me poupou de algumas coisas que achava irritante. A principal delas é o macarrão. Esse nome era usado pelos gráficos, na  época em que os textos eram reproduzidos em chumbo, a caminho das rotativas (olha aí, acho que nos tempos de Servazes, Elóisgerteis, Melchiadesjúniors, Máriosmarinhos, ainda se usava o nome).

O macarrão é essa página solta no meio de um caderno. Você abre o jornal, ela cai no chão.

Outra implicância minha é com a qualidade do papel de hoje. Pode ser só comigo, mas acho esse papel menos maleável. Virar a página, e ajusta-la certinha no jornal, ficou difícil – ou é o prafrentex que está inábil.

Encerrando o relato sobre a façanha, informo que leio meus livros no e-book. Como sabem, é a reprodução exata das páginas do livro em papel. Se você quiser encarar as 863 páginas do Dom Quixote, em letra miúda, (Círculo do Livro), e sofrer da coluna, sugiro que vá para o e-book (menos de duzentos gramas).  E se enxergar mal, também. Basta escolher um corpo de letra maior.

Julho de 2018

4 Comentários para “Coroa prafrentex”

  1. Eu também já leio o Estadão e o Globo no celular há quase um ano, Valdir Sanches. Mas ainda não sou prafrentex o suficiente para me adaptar ao tal do E-book. Descobri um site que permite fazer dowload gratuito da obra completa de Machado, mas minha burrice até agora não encontrou o caminho para aumentar as letrinhas miúdas. Ainda no velho papel, me meti a ler, no original, o clássico de Adam Smith, The Wealth Of Nations. Logo nos primeiros capítulos fiz algumas descobertas interessantes: Smith era um gênio. Uma das maiores cabeças do Iluminismo. Já em 1776, estava séculos à frente do abestalhado Karl Max, que só iria nascer mais de 100 anos depois da obra prima do escocês. A segunda descoberta é que o livro de Smith, um tijolo pesadíssimo para quem lê deitado como eu, ficaria muito melhor na leveza da tela de um celular. Com a vantagem de se ter sempre à mão o recurso do Google Tradutor, para tirar dúvidas. Uma ou duas vezes o sono derrubou todo o peso da riqueza das nações em cima do meu rosto. Quase amassou o meu nariz. Mas não apostaria ainda no fim dos livros. Porém, acho que seremos mesmo a geração que vai testemunhar a morte dos jornais e revistas impressos em papel. Poderão manter para sempre a mística da Galáxia de Gutemberg, mas sem deixar saudades. Em pouco tempo vão ser lembrados da mesma forma que as antigas cartas escritas à mão, que eram envelopadas, seladas e entregues em três ou quatro dias pela hoje quase extinta empresa chamada Correios.

  2. Luiz Carlos, seu texto abrilhantou o 50 ADT. Gostaria de passar-lhe duas informações. No Kindle (Amazon), que vende os livros do e-book, o Adam Smith que você cita, o original, em inglês, custa R$ 2,97. Todos os romances do Machado (obras completas), saem por R$ 1,99. Também leio deitado, e a leveza do e-book me ajuda. Tente mais uma vez.

  3. Luiz Carlos – observação tardia. Ler o livro no celular não dá mesmo, tem que usar o tablet, que vai muito bem.

  4. Obrigado pela dica, tecnológico Valdir. Pena que paguei uma nota pelo livro do Adam Smith. E acho que tem um tablet por aqui em alguma gaveta. Foi desprezado quando surgiram os smartphones de tela grande. Vou tentar evoluir para as tabletadas na cabeça.

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