O juiz Sergio Moro abriu a sessão do depoimento do Lula afirmando que não é inimigo do depoente, que essa é uma visão distorcida dos fatos.
Visão que o dr. Cristiano Zanin Martins, figura das mais antipáticas que já vi na telinha, com certeza não endossa e que, sei lá eu com quais propósitos, parece achar bom cimentar na mente de seu cliente. Fica o tempo todo interrompendo a arguição do juiz, querendo impedir que o interrogatório flua, com medo, certamente, que Lula diga o que não deve.
O que o dr. Zanin não parece ter compreendido, é o seguinte: Lula é um sujeito altamente inteligente. Malandro, aprende rápido. Bastava seu advogado lhe dizer como se portar diante do juiz, não precisava ficar ali grudado em seu cliente, como se tivesse medo que ele falasse demais.
O dr. Zanin agiu o tempo todo numa agressividade que beirou o desrespeito com o juiz Sergio Moro. Aliás, foi a cena mais edificante da tarde de quarta-feira, o pito muito bem dado pelo dr. René Dotti, que estava ali como representante da Petrobrás e que, indignado com o comportamento do dr. Zanin, disse em alto e até exagerado tom: “O magistrado tem, evidentemente, o interesse de apurar o fato, as condições pessoais do acusado, os seus antecedentes e sua personalidade, suas condições pessoais e a sua moral, inclusive. Principalmente seu caso moral”.
Lula só fala demais quando quer, dr. Zanin. Isso nós brasileiros já aprendemos. Ele não sabe nada sobre a compra do triplex, nada sobre a administração do Instituto Lula, nada sobre o que se passava fora de seu gabinete de Presidente da República.
Nada sobre o transporte de seu acervo pessoal de Brasília até São Paulo, muito menos sobre quem foi o adivinho que endereçou algumas das caixas “sítio”, outras “praia”. Como assim, enviar objetos recebidos pelo Lula para um sítio, ou uma praia, sem que houvesse motivos para tal? O Lula não sabia de nada e, ao que nos consta, ele não está interessado em saber quem foi o meliante que fez isso.
Afinal, o que interessa saber onde foi parar o vaso chinês? Aquele vaso que, como ele disse ao juiz Moro anteontem, em seu depoimento: “Você sabe que um ex-presidente vale tanto quanto um vaso chinês. […] Você não sabe como cuidar de um ex-presidente, nem [de] um vaso chinês.”
A China que nos desculpe, mas esse trambolho, realmente, acabado o mandato, não interessa a ninguém.
O fato concreto, segundo o Lula, é que um ex-presidente da República é de uma desimportância de fazer dó. Ninguém o chama para eventos que só aconteceram no Brasil graças a ele, como as Olimpíadas, a Copa do Mundo, inaugurações importantes, etc. Deve ser por isso que ele tanto quer voltar a ser presidente.
Se esse infausto acontecimento se tornar realidade, pede-se encarecidamente à República Popular da China que não envie mais nenhum vaso chinês para Brasília. Chega de trambolhos!
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 12/5/2017.