Nos últimos dez dias, os jornais detalharam os dados que mostram que a economia brasileira chegou ao fundo do fundo do fundo do poço, após 13 anos, 4 meses e 12 dias de governo lulo-petista. E publicaram também os números que mostram que o pior já passou e a recuperação está em movimento.
Na quinta-feira, 17, veio a melhor notícia desde que este escriba aqui começou a coletar os primeiros indícios de que, sem o PT no poder, as coisas iriam melhorar: após 22 meses de queda, o país criou 35 mil vagas de trabalho com carteira assinada em fevereiro. (*)
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A radiografia com os números detalhando a maior recessão da História do Brasil veio com a divulgação pelo IBGE, na terça-feira, 7 de março, dos números do PIB do ano passado. “Cenas do fundo do poço – PIB cai 7,2% em 2: a maior crise da história” foi a manchete do Estadão no dia seguinte.
O Globo deu na primeira página: “PIB recua 3,6% em 2016; para analistas, país saiu da recessão, mas crescerá pouco este ano.” E a chamada para a coluna de Miriam Leitão era a seguinte: “Desastre feito por Dilma que Temer ainda não reverteu”.
É óbvio que não teria dado para reverter o desastre feito por Dilma em menos de 12 meses. Nenhum presidente, nenhuma equipe econômica conseguira operar o milagre de reverter um quadro desses em tão pouco tempo.
Mas, como apontou a própria chamada de primeira página do Globo naquela quarta-feira, 8/3, o país já começa a sair da recessão, apenas 10 meses depois de Dilma Rousseff e seu bando – Guido Mantega, Arno Augustin, Luciano Coutinho, Graça Foster o perfeito time do pesadelo – ter saído do governo, ela substituída pelo vice Michel Temer e o time do pesadelo substituído pelo dream team formado por Henrique Meirelles, Ilan Goldfajn, Maria Silvia Bastos Marques, Pedro Parente.
A revista Veja que circulou a partir do sábado, 11/3, veio com a chamada de capa: “Depois da maior recessão da história… surge um sinal de luz”.
Vale a pena ler o resumo da matéria de capa publicado pelo site da revista :
“Os números divulgados pelo IBGE nesta semana atestam: o Brasil acaba de passar pela pior crise econômica de sua história. Desde o segundo trimestre de 2014, quando a recessão oficialmente começou, o produto interno bruto (PIB, a soma das mercadorias e serviços produzidos pelo país) encolheu 9%. A economia voltou para patamares de 2010, ano da primeira eleição da ex-presidente Dilma Rousseff. Dilma e seu ministro da Fazenda, Guido Mantega, acreditavam estar inventando a roda quando criaram a ‘nova matriz econômica’, mas tal política só serviu para esgarçar as finanças públicas e desorganizar a economia. Em termos de profundidade, a recessão de agora supera até mesmo a crise causada pelo descontrole da dívida externa, ainda no fim do período militar, e também a crise da hiperinflação e do sequestro da poupança, no governo Collor.
“Reportagem publicada em Veja desta semana mostra que, finalmente, os números começam a mostrar uma luz no fim do túnel. A produção industrial cresceu em janeiro, depois de 34 meses consecutivos no vermelho. A safra de grãos será 22% maior que a do ano passado – o campo, portanto, também fará sua parte. Provavelmente chegamos ao fundo do poço no final de 2016 e iniciamos uma escalada para a recuperação. Mas não será uma saída rápida, tampouco vigorosa. As reformas fiscais – principalmente o reequilíbrio da Previdência – e as medidas de simplificação nas leis tributárias e trabalhistas contarão muito para pavimentar o caminho de saída da crise.”
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Nos últimos dias, os jornais noticiaram três fatos importantíssimos que reasseguram o que vinha sendo dito em editoriais e artigos de analistas e jornalistas especializados: o país já começa a sair da recessão em que Lula e Dilma o enfiarasm:
* A agência de avaliação de risco Moody’s melhora perspectiva do Brasil.
“A agência de classificação de risco Moody’s melhorou a perspectiva do rating soberano do Brasil de ‘negativa’ para ‘estável’, revertendo uma tendência de piora da avaliação do Brasil que vinha ocorrendo desde 2015, quando o País perdeu a classificação grau de investimento”, escreveu Altamiro Silva Júnior no Estadão de quinta, 16/3. “A avaliação da agência é que as condições da economia brasileira estão se estabilizando, há sinais de recuperação após dois anos de forte recessão e o cenário fiscal está mais claro por causa das medidas do presidente Michel Temer.
“A decisão da Moody’s de alterar a perspectiva do rating do Brasil para estável foi determinada, além da perspectiva de melhora da economia, por outros dois fatores: sinais de que o funcionamento do arcabouço de políticas no Brasil está melhorando, o que dá suporte à implementação do ajuste fiscal; o terceiro fator é que risco de passivos de entidades relacionadas ao governo, como a Petrobrás, foi significativamente reduzido.
“’Nos últimos seis meses, os riscos de deterioração do rating ‘Ba2’ do Brasil foram reduzidos e as condições macroeconômicas do País se estabilizaram’, afirma o comunicado da Moody’s. Um dos pontos positivos é que a inflação está caindo mais rápido que o esperado e converge para a meta do Banco Central. ‘O surgimento no ano passado de um ambiente positivo para as reformas, sinaliza a melhora do funcionamento das instituições que darão suporte à implementação da reforma fiscal e a aprovação da reforma da previdência neste ano. Uma perspectiva mais benigna para o crescimento e a inflação sustenta nossa expectativa de estabilização macroeconômica de um modo geral.”
“A Moody’s prevê crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre 0,5% e 1% neste ano e 1,5% em 2018. A agência vê risco de a expansão ficar na base das previsões, mas o PIB positivo marca o fim da forte recessão no País. “Após 2018, esperamos que o crescimento estabilize-se entre 2% e 3%.”
* Três leilões para concessão de infra-estrutura de transportes, nos últimos dias, são bem sucedidos. Aeroportos federais atraem investimentos externos.
Na quinta-feira, 16/3, aconteceu o primeiro leilão de concessões de infra-estrutura de transportes do governo Temer – e foi um sucesso. Operadores europeus levaram os terminais de Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Florianópolis, e o governo conseguiu arrecadar R$ 1,459 bilhão apenas como valor inicial de outorga, a ser pago nas assinaturas dos contratos de concessão. Isso corresponde a um ágio de 93,7% em relação ao montante mínimo inicial previsto de R$ 753,5 milhões.
Os três grupos – um da França, um da Alemanha, um da Suíça – vão pagar ao governo, ao longo do prazo de concessão, R$ 3,72 bilhões. E, além disso, se comprometeram a fazer investimentos de R$ 6,67 bilhões em obras para aumentar a capacidade dos aeroportos.
Na sexta-feira, 10/3, o governo de São Paulo leiloou a concessão de 570 km de rodovias no Centro-Oeste do Estado, ligando Paraná e Minas Gerais. O vencedor foi o fundo de investimento Pátria Infraestrutura III, com uma oferta R$ 917,2 milhões relativa à primeira parcela da outorga, o que representa um ágio de 130,9%. O grupo vencedor terá que investir R$ 3,9 bilhões, dos quais R$ 2,1 bilhões nos oito primeiros anos de concessão.
E, na quinta, 16/3, 5 aeroportos regionais no interior de Sãso Paulo passaram para as mãos da iniciativa privada. O consórcio vencedor, Voa São Paulo, deu lance de R$ 24,4 milhões, um ágio de 101% sobre o valor mínimo da outorga. O consórcio passará a administrar os aeroportos de Itanhaém, Ubatuba, Campinas, Bragança Paulista e Jundiaí.
* E agora, a melhor notícia dos últimos tempos: o país voltou a criar empregos com a carteira assinada.
“O País voltou a gerar empregos em fevereiro, depois de 22 meses de fechamento de postos de trabalho com carteira assinada. O saldo líquido ficou positivo em 35.612 vagas, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho”, diz reportagem de Anne Warth, Fernando Nakagawa e André Ítalo Rocha no Estadão de sexta, 17/3.
“Pela primeira vez na história, o anúncio foi feito pelo presidente da República, em cerimônia no Palácio do Planalto. Foi mais um esforço do governo de Michel Temer para emplacar notícias positivas, em meio à expectativa de abertura de investigações sobre políticos citados na Lava Jato, entre eles seis ministros.
“’Venho dar aqui, penso eu, boas novas. Vocês sabem que a economia volta a crescer, e os sinais desse fato são cada dia mais claros’, afirmou Temer. ‘É importante dar essa notícia, porque penso que 35 mil brasileiros têm no emprego uma possibilidade de vida digna.’
“A última vez em que houve saldo líquido de geração de empregos foi em março de 2015, quando 9.179 vagas foram abertas. Para meses de fevereiro, esse é o primeiro resultado positivo desde 2014.
Para o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, isso representa a reversão de uma tendência negativa. A expectativa do governo, disse, é que a geração de postos de trabalho ocorra também em março e abril. ‘Estamos acreditando que é uma retomada, uma inversão da curva, e podemos comemorar. Estamos convictos de que, a partir de agora, vamos sempre ter dados positivos para apresentar.’
“Para analistas, no entanto, o resultado de fevereiro ainda não representa a retomada do mercado de trabalho. ‘Provavelmente, em março devemos voltar a ter um número negativo, devolvendo uma parte do resultado de fevereiro. De forma sustentada, acredito que a geração de empregos ocorra a partir de abril’, disse o economista Luiz Castelli, da GO Associados.
“’O resultado de fevereiro mostra uma melhora, mas uma melhora limitada”, disse Thiago Xavier, da Tendências Consultoria. Mesmo assim, segundo ele, o número reforça a visão de que o ciclo de ajustes no mercado de trabalho perde força.
Conforme as previsões da Tendências, as contratações devem ganhar velocidade no segundo semestre. A expectativa da consultoria é que 600 mil vagas sejam criadas no ano.”
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E a revista britânica The Economist desta semana, na matéria de capa, também avaliza: “Brasil já passou por pior momento e deve contribuir para crescimento mundial”.
Diz matéria de Altamiro Silva Junior no site do Estadão na sexta, 17/3:
“O pior já passou para as economias do Brasil e da Rússia. Depois de mergulharem em forte recessão, dois dos maiores países emergentes do mundo devem voltar a crescer em 2017 e contribuir para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, avalia a revista inglesa The Economist em sua matéria de capa desta semana, que fala da surpresa com a recuperação da economia mundial.
“Na capa da publicação, sete balões com as bandeiras das maiores economias do mundo sobem rumo ao céu, incluindo um com a do Brasil e outro com a da zona do euro. O balão que voa mais alto é o do Estados Unidos.
“A reportagem destaca que o PIB brasileiro está encolhendo há oito trimestres, mas o ambiente começou a mudar. As expectativas de inflação estão em queda e os juros também estão sendo reduzidos. Ao contrário de períodos anteriores, o Brasil e a Rússia não devem subtrair pontos da expansão mundial este ano, mas contribuir para o crescimento.”
17/3/2017
(*) Esta coletânea “Está melhorando” aqui é a quinta da série. E a série, por sua vez, substituiu a “Vai melhorar”, que começou em 9 de junho de 2016, apenas um mês após Michel Temer assumir o governo, e teve 21 edições, até novembro passado.
O PIB e AGRO? O PIB é TECH?
Tá melhorando ?
Mensagem que se difunde na mídia de massa para os consumidores é que o agro é pop e no campo das políticas, as medidas em favor do modelo de produção em larga escala com uso de agrotóxicos, transgênicos e biofortificados avançam no sentido de conferir maior legalidade e legitimidade, com apoio da população. Seria esta a via para produzir, distribuir e consumir alimentos saudáveis?
De onde vem a narrativa brasileira totalmente oposta ao tão mundialmente elogiado objetivo de produção 100% orgânica na Dinamarca?