O Brasil, todo mundo sabe, não é um país simples, fácil de se compreender – mas nos últimos tempos anda batendo recordes. Segundo pesquisa recentíssima do Datafolha, 36% dos brasileiros votariam em Lula para presidente da República, e, segundo outra pesquisa recentíssima do mesmo Datafolha, 54% dos brasileiros querem Lula preso pelos diversos crimes que cometeu.
País doidão.
Dilma Rousseff afundou o Brasil num mar de lama e corrupção e enfiou a economia brasileira no fundo do fundo do poço como nunca antes na História. Em menos de um ano e meio sem Dilma, o governo Michel Temer começou a tirar a economia do buraco. No entanto, segundo outra pesquisa recentíssima, essa do Ibope, apenas 8% consideram o governo de Temer melhor que o de Dilma, enquanto 59% acham o contrário – o governo do Poste melhor que o governo que está consertando o estrago horroroso deixado pelo lulo-petismo.
Então 8% consideram o governo de Temer melhor que o de Dilma, segundo o Ibope – mas apenas 3% aprovam o governo de Temer, segundo o mesmo Ibope.
Dá para entender?
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A degradação da avaliação do governo Temer – diz o Estadão em editorial desta segunda-feira, 2/10 – “é ainda mais espantosa porque se deu num período em que finalmente o Brasil começou a dar sinais alentadores de recuperação econômica, depois da trágica administração de Dilma Rousseff”.
O editorial desfia então uma série de comparações de números da economia com Dilma e com Temer:
* “Em pouco mais de um ano sob o governo Temer, a taxa básica de juros recuou de 14,25% ao ano para 8,25%”;
* “a inflação, que era de 9,28% em abril de 2016, deve fechar 2017 em torno de 3%, recuperando parte do poder de compra perdido durante os irresponsáveis anos petistas”;
* “o desemprego começou a ceder”;
* “e a produção da indústria, que chegou a cair 11,4% em março de 2016, voltou a subir, assim como as vendas do varejo”.
“Tudo isso aconteceu porque o atual governo agiu de forma célere e responsável para debelar a crise legada por Dilma, adotando políticas de austeridade e fazendo aprovar reformas com vista ao equilíbrio das contas públicas.”
E no entanto, 59% dos brasileiros ouvidos pelo Ibope dizem que no tempo de Dilma Roussef as coisas eram melhores.
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É um país da adversativa. Só 3% aprovam o governo Temer, segundo o Datafolha, e 3% é a margem de erro, para cima e para baixo, e então pode ser que a aprovação seja exatamente 0%, ironizaram várias vozes nas redes sociais.
Ninguém aprova o governo – mas porém todavia contudo no entanto as coisas estão melhorando.
Ao longo dos últimos sete dias, foram divulgadas as seguintes informações:
* Após mais de três anos, os empregos com carteira assinada dão sinal de recuperação.
“No trimestre encerrado em agosto, o total de vagas com carteira assinada subiu 0,5%, o primeiro avanço significativo desde maio de 2014, quando havia crescido 1,1%, segundo os dados da Pnad Contínua, do IBGE”, diz reportagem de Daniela Amorim no Estadão de sábado, 30/9. “No período, o se4tor privado contratou formalmente 153 mil trabalhadores.”
“’O mercado de trabalho começa a reagir porque a economia está se recuperando. Alguns reclamavam que estavam sendo gerados postos informais, mas é natural que seja assim, que comece na informalidade’, diz José Márcio Camargo, economista-chefe da Opus investimentos e professor da PUC-Rio.”
Deu na coluna de Ancelmo Gois em O Globo de sábado, 30/9:
“O economista carioca Marcelo Neri, 54 anos, ex-presidente do Ipea e atual diretor do FGV Social, vai direto ao ponto:
“— Saímos da crise trabalhista!
“Para ele, a renda geral por brasileiro subiu 2,1%, em termos reais (12 meses até agosto de 2017), fruto da combinação da queda da inflação, ganhos salariais e a volta recente da ocupação — esta última cresceu 1%.
“A rigor, segundo Neri, a saída já estava apontada desde o trimestre anterior, quando a renda geral por brasileiro subiu 1,5%.
“Pelas contas dele, no quesito faixa etária, quem se saiu melhor foram os idosos (aumento de 14%).
“E piorou para os mais jovens (queda de 8,9%, na faixa entre 15 a 19 anos).”
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* Leilões de usinas hidrelétricas e de blocos de petróleo atraem investidores estrangeiros e governo arrecada R$ 15,9 bilhões.
“Em um único dia, o governo federal registrou um reforço de caixa de R$ 15,9 bilhões com a venda de quatro usinas hidrelétricas da Cemig e 37 blocos arrematados na 14ª Rodada de Licitações no Rio, numa disputa que contou com lances agressivos de um consórcio formado por Petrobras e Exxon”, noticiou O Globo da quinta-feira, 28/9, em reportagem de Ana Paula Ribeiro e Ana Paula Machado.
“As hidrelétricas foram responsáveis pela maior parte da arrecadação: R$ 12,13 bilhões, num certame marcado pela pressão política da bancada mineira, que tentou, até o último minuto, evitar que a empresa perdesse as usinas. O valor superou o mínimo previsto pelo governo, com ágio de 9,7%. As vencedoras foram companhias estrangeiras, com destaque para a chinesa State Power Investment Corporation (Spic) Pacific Energy, que arrematou a Usina de São Simão por R$ 7,18 bilhões, ágio de 6,51% em um lance equivalente a mais da metade do montante arrecadado no leilão.”
O jornalista Celso Ming interpretou assim os resultados dos leilões no Estadão de 28/9:
“A análise dos leilões das quatro usinas da Cemig e da 14 ª rodada de concessões de petróleo realizados hoje não pode restringir-se ao resultado de caixa, embora ele também tenha sido expressivo e deverá contribuir para a redução do rombo das contas públicas.
“Mais importante do que isso é a nova postura da administração econômica, que abandonou a retranca postergadora e protecionista que prevaleceu ao longo do período Dilma, e a resposta positiva dos interessados.
“O leilão das hidrelétricas da Cemig trouxe mais capital estrangeiro e provavelmente agregará mais eficiência na administração desse patrimônio. Podem-se esperar agora mais investimentos como, por exemplo, a instalação de placas flutuantes ao longo dos reservatórios para geração de energia elétrica de fonte solar, que aproveitará melhor as linhas de transmissão já existentes.
“Nas unidades leiloadas deixarão de imperar o patrimonialismo e cupinchismo dos chefes políticos da hora, situação que as deixará menos vulneráveis à corrupção e aos cabides de emprego. E essas conquistas não são pouca coisa.
“O interesse demonstrado pelos concorrentes ao leilão, num setor tão fortemente abatido pelo intervencionismo, poderia ser maior não fosse a relativamente baixa qualidade dos ativos brasileiros tal como avaliada pelas agências de análise de risco.
“Mas ficou clara entre os participantes a recuperação da confiança nas instituições e nas leis brasileiras. Embora continuem sendo esperados recursos judiciais contra a transferência definitiva dessas hidrelétricas, este obstáculo não foi considerado fator impeditivo à realização dos leilões. E à medida que crescer a participação de outras empresas, o setor elétrico ficará menos exposto ao jogo predador dos políticos. O leilão das usinas da Cemig deve ter melhorado a atratividade do próximo leilão das distribuidoras da Eletrobrás e, também, de energia nova agendado para dezembro.
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* O país parou de cair no ranking de competitividade.
O Brasil subiu um degrau no ranking que avalia a competitividade de 137 países pelo Fórum Econômico Mundial, em parceria com a Fundação Dom Cabral. É pouco – mas é a primeira vez desde 2012 que o Brasil sobe na lista de classificação na lista elaborada pela entidade que organiza os encontros anuais em Davos, na Suíça, informou reportagem de Jamil Chade no Estadão da quarta-feira, 27/9.
O Brasil chegou a ocupar a 48ª posição nesse ranking, cinco anos atrás. Mas, desde então, vinha perdendo espaço e foi caindo, caindo, até chegar à 81ª posição. Agora, subiu uma – está em 80º lugar. Segundo o Fórum divulgou, o Brasil “encerra assim uma longa tendência de queda e dá sinais de recuperação econômica e de competitividade.”
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* Melhoram as contas externas. As contas correntes acumularam este ano, até agosto, déficit de US$ 3 bilhões, 77% menos que a de um ano antes.
Editorial do Estadão mostrou os números da recuperação na quarta-feira, 27/9:
“Renda em alta, recuperação do consumo e reativação da indústria estão refletidas na boa evolução das contas externas brasileiras. O superávit de US$ 46,3 bilhões no comércio de bens foi o componente mais brilhante das transações correntes, até agosto, segundo o balanço divulgado ontem pelo Banco Central (BC). Formado pelo comércio de bens, pelas transações de serviços e pela movimentação de rendas, as contas correntes acumularam em oito meses um déficit de US$ 3 bilhões, 77% menor que o de um ano antes – um resultado muito próximo do equilíbrio. Esse pequeno saldo negativo foi coberto com folga pelo ingresso de investimentos diretos de US$ 45,5 bilhões. O déficit contabilizado em 12 meses, de US$ 13,5 bilhões, também foi compensado com sobras pelos US$ 82,5 bilhões de investimentos, dinheiro importante para o fortalecimento empresarial.
“O aumento das exportações tem superado as estimativas e por isso os técnicos do BC refizeram as projeções para o ano. A receita prevista para as vendas de mercadorias passou de US$ 203 bilhões para US$ 210 bilhões. O valor esperado para as importações continuou em US$ 149 bilhões. Com essas mudanças, o saldo comercial projetado subiu de US$ 54 bilhões para US$ 61 bilhões, valor muito próximo daquele apontado pelos economistas do setor financeiro e das consultorias (US$ 62 bilhões, segundo a última pesquisa Focus publicada pelo BC).
“O cenário é mais positivo do que pode parecer à primeira vista. Além do aumento de 13,9% calculado para as exportações, o quadro inclui uma variação de 6,9% para as importações. Na fase final da recessão, o saldo comercial só cresceu porque o gasto com produtos importados caiu mais que a receita obtida com o embarque de mercadorias.
“Importar menos foi um efeito da contração do consumo e também das compras de bens estrangeiros destinados à produção. A retomada das compras de bens estrangeiros, assim como o aumento dos gastos com viagens, indica a melhora da renda dos consumidores, apesar do desemprego ainda elevado.”
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A economia melhora. Este amontado de números aqui é a 16ª compilação de notícias boas da economia brasileira após a passagem do furacão Dilma.
Mas porém todavia contudo no entanto as pesquisas de opinião mostram que a imensa maior parte dos brasileiros não percebe isso.
A aprovação do governo é margem de erro, é traço – mas porém todavia contudo no entanto a economia melhora.
36% dos brasileiros votariam em Lula para presidente da República, mas porém todavia contudo no entanto 54% dos brasileiros querem Lula preso.
É o país da adversativa.
2/10/2017
Da mesma série:
Está melhorando (15): Do Rio e de Brasília, más notícias. Mas a economia melhora.
Está melhorando (14): A economia real dá motivos racionais para otimismo.
Está melhorando (13): Em meio ao lodo todo, ótimas notícias nos últimos dias.
Está melhorando (12): “Os dados confirmam a saída da recessão”.
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