Está melhorando (13)

É lodo demais – para não usar as palavras que designam material mais fétido. É tanto lodo, tanto fato escabroso ao mesmo tempo, que é natural as pessoas não prestarem atenção às boas notícias.

Lodo demais: R$ 51 milhões em espécie guardados em malas num apartamento em Salvador, que pertenceriam a Geddel Vieira Lima (PMDB), ministro de Lula, vice-presidente da Caixa Econômica no governo Dilma, titular da Secretaria de Governo de Michel Temer.

Lula sabia do “pacto de sangue” entre PT e Odebrecht, e acertou com a empresa um pacote de R$ 300 milhões para o PT, informa Antonio Palocci, ex-ministro de Lula e Dilma, homem da maior confiança do presidente de honra do partido.

Esquema de compra de votos para que o Rio de Janeiro sediasse os Jogos Olímpicos, envolvendo o então governador fluminense Sérgio Cabral Filho (PMDB) e o presidente do COB, Carlos Nuzman.

A imensa, trágica, insana trapalhada que foi essa delação premiada de Joesley Batista, seu irmão e executivos do grupo J&F – o procurador-geral da República sendo engambelado pelos açougueiros bandidos (isso na melhor das hipóteses) e dando a eles imunidade ampla, geral e irrestrita, em troca do que ele acreditava ser a flecha de prata para eliminar o presidente Temer.

E por aí vai.

Em meio a tanto lodo, de fato passam quase despercebidas as boas notícias. Mas que as há, as há. Opa, as há, em bom número – aqui são compiladas oito delas –, e com bons números. E não apenas na área econômica, onde tem havido boas expectativa e de fato boas notícias desde o dia 12 de maio de 2016, o dia em que o país se viu livre de Dilma Rousseff na presidência da República.

Também na área política surgiram boas novas nos últimos dias. Na própria terça-feira, dia 5 de setembro, muito provavelmente o dia mais tenso da existência secular do Supremo Tribunal Federal, vieram de outro lado da Praça dos Três Poderes três decisões que dão alento a quem quer um país melhor. Exatamente do Congresso Nacional, tão desprezado, tão vilipendiado – primeiro por seus próprios integrantes, e depois por praticamente toda a população brasileira.

* Por 36 votos a 14, o plenário do Senado aprovou a nova taxa de juros que balizará os financiamentos do BNDES, a TLP, que substituirá a TJLP. Defendida pela equipe econômica e apoiada quase unanimemente por economistas, a nova taxa reduz os subsídios custeados pelo Tesouro Nacional nos empréstimos do banco de fomento.

* O plenário do Senado também aprovou as novas metas fiscais de 2017 e 2018, propostas pelo governo.

* Na Câmara, os deputados aprovaram, por maioria acachapante, de 384 votos a 16, o texto base do Projeto de Emenda à Constituição que acaba com as coligações em eleições proporcionais e institui uma cláusula de barreira, para conter o desenfreado aumento do número de partidos. São duas medidas essenciais para a melhoria das regras do jogo eleitoral, segundo praticamente a unanimidade de cientistas políticos e experts no tema.

Ainda deve haver segunda votação na Câmara e outras duas no Senado sobre o assunto, mas, por 384 a 16, foi um excelente início.

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Pois é. Até mesmo da Câmara dos Deputados presidida pelo Fufuquinha vem notícia. Gozado, isso. Muita gente boa fez piada com o apelido do deputado André Luiz de Carvalho Ribeiro (PEN-MA), conhecido como André Fufuca, que assumiu a presidência da Câmara durante a viagem do presidente Michel Temer à China, substituído na internidade por Rodrigo Maia.

Gozado por meio mundo, Fufiquinha presidiu a Câmara que aprovou duas medidas fundamentais para a melhoria da política brasileira. Este é, de fato, um país danado de engraçado.

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Agora falando sério: nos últimos dias, enquanto o lodo inundava as primeiras páginas dos jornais, as manchetes na internet, na TV e no rádio, a inflação caía, a Bolsa subia, melhoravam os números da indústria de uma maneira geral e os da indústria automobilística em especial.

Nada como uma semana depois da outra sem Dilma Rousseff despachando no Palácio do Planalto.

* “A inflação oficial brasileira, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 0,19% em agosto, informou o IBGE nesta quarta-feira. No acumulado em 12 meses, a alta é de 2,46%, a menor desde fevereiro de 1999, quando ficou em 2,24%. Para meses de agosto, a taxa é a menor desde 2010 (0,4%). Já no ano o IPCA tem alta de 1,62%, a menor alta nesse tipo de comparação desde 1994.”

O texto de Marcello Corrêa, no site de O Globo, prossegue: “O resultado ficou bem abaixo da expectativa de analistas, que, segundo levantamento da Bloomberg, projetavam avanço de 0,3% no mês e de 2,58%, em 12 meses. Em julho, o IPCA registrou alta de 0,24%. Com o índice de agosto, o IPCA acumulado em 12 meses teve seu 12º recuo seguido.”

* “A produção industrial brasileira cresceu 0,8% em julho frente a junho, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada na manhã desta terça-feira (5/9) pelo IBGE. É o melhor resultado para o mês desde 2014, quando avançou 1,3%. Em junho, o setor avançou 0,2%, mas fechou o primeiro semestre com alta de 0,5%. Frente a julho de 2016, a alta foi de 2,5%. É a maior taxa para uma comparação mensal desde junho de 2013.” (Marina Brandão, no site de O Globo.)

* “A produção de veículos cresceu 45,7% no mês passado em relação a agosto de 2016. Somente no mês passado, foram fabricados 260,34 mil veículos, o maior volume mensal desde novembro de 2014, quando foram fabricados 264,8 mil veículos. Com isso, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira pela Anfavea, associação que representa as montadoras no país, a produção acumulada entre janeiro e agosto chega a 1,74 milhão de unidades, um salto de 25,5% ante igual período do ano passado.”

O texto de Ana Paula Machado, no site de O Globo, prossegue:

“A aceleração no ritmo de trabalho nas linhas de montagem fez com que a Anfavea revisasse as estimativas para o setor este ano. Para a produção, a estimativa agora é de aumento de 25,2%, chegando a um volume de 2,7 milhões de unidades. A perspectiva anterior, feita em junho, era de um crescimento de 21,5%. Os licenciamentos também foram revistos pela entidade, passou de aumento de 4% para 7%, alcançando 2,2 milhões de unidades.”

* Da coluna de Lauro Jardim em O Globo no dia 3/9: “A produção de gás natural no Brasil  bateu seu recorde histórico, segundo dados que a ANP divulga nos próximos dias: 115 milhões de metros cúbicos por dia, superando os 111,8 milhões de dezembro.”

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E agora, finalzinho da tarde, comecinho da noite da quarta-feira, 6/9, o Copom anunciou uma nova redução da Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira. Foi a oitava redução consecutiva, e de 1 ponto percentual – a Selic caiu agora de 9,25% para 8,25% ao ano, o menor patamar desde julho de 2013.

Eppur si muove.

O governo tem menos de 5% de aprovação, mas a economia vai melhorando. Pouco a pouco, vai saindo do fundo do fundo do poço em que a deixaram os governos petistas. Que, aliás, tinham índices altíssimos de aprovação nas pesquisas de opinião.

É um país de fato singular.

6/9/2017

Da mesma série:

Está melhorando (12): “Os dados confirmam a saída da recessão”.

Está melhorando (11): Apesar da Globo, boas notícias insistem em acontecer. 

Está melhorando (10): “O quadro geral é tentador para um estraga-prazeres”. 

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