Como diria Galileu Galilei, eppur si muove. Como diria Ibrahim Sued, os cães ladram e a caravana passa. Apesar de ser achincalhado todo santo dia na Rede Globo e na GloboNews, apesar de ser recordista em desaprovação nas pesquisas de opinião, o governo Temer está, pouco a pouco, tirando a economia brasileira do fundo do fundo do fundo do imenso buraco em que os 13 anos e 5 meses de governo lulo-petista a enfiaram.
Pouco a pouco, é claro. Não se muda a rota da economia de um país gigantesco como o Brasil da noite para o dia. Não se sai de uma recessão profunda como a deixada por Dilma Rousseff num piscar de olhos.
Pouco a pouco, no entanto, os sinais de melhora da economia vêm surgindo desde que saíram de cena Dilma, Guido Mantega, Luciano Coutinho, irresponsabilidade fiscal, política de campeões nacionais tipo JBS, corrupção deslavada na Petrobrás e demais estatais, pedaladas fiscais, incompetência administrativa, etc.
Mesmo depois da denúncia espalhafatosa do procurador-geral da República Rodrigo Janot sobre o encontro entre o presidente Temer e o empresário Joesley Batista e do início da violenta, virulenta, insistente, insana campanha das Organizações Globo contra o governo, em meados de maio, as boas notícias continuaram a surgir.
Nesta quinta-feira, 17/8, saíram os números do Índice de Atividade do Banco Central, o IBC-Br, referente ao segundo semestre, considerado a prévia do PIB: a economia brasileira cresceu 0,25% no segundo trimestre em relação ao primeiro. Foi o segundo avanço trimestral consecutivo, algo que não acontecia desde o fim de 2013.
“Quando olhamos para o conjunto das evidências – varejo, produção industrial, serviços –, a recuperação parece mais disseminada”, disse o ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsmann, em entrevista a Fabricio de Castro, do Estadão.
“Todos os indicadores de produção e renda indicam isso (uma retomada da economia). É um ritmo lento, medíocre, mas é uma retomada”, definiu o ex-ministro Mailson da Nóbrega ao Estadão.
“A recuperação continuou no segundo trimestre, lenta, mas firme, e a recessão ficou mesmo para trás, segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br)”, sintetizou o Estadão em editorial que enumera diversos outros bons números que vêm sendo divulgados nos últimos dias. (A íntegra do editorial segue mais abaixo.)
***
O crescimento da economia no segundo trimestre constatado pelo IBC-Br não foi a única boa notícia divulgada na quinta-feira, 17/8: a taxa de desemprego medida pela IBGE caiu de 13,7% no primeiro trimestre do ano para 13% no segundo.
O número ainda é muito grande, gigantesco, descomunal – são 13,5 milhões de brasileiros desempregados. Mas foi uma queda razoável, quase um ponto percentual, segundo a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE.
A melhora foi disseminada: 11 dos 27 Estados registraram queda no desemprego. Em São Paulo, o Estado mais populoso e de economia mais forte, a queda foi de 14,2% para 13,5%.
***
Na segunda-feira, 14/8, tinha sido a vez da boa notícia sobre o comércio. O IBGE divulgou que as vendas do varejo avançaram 1,20% em junho ante maio e cresceram 3,0% em relação ao mesmo mês do ano passado.
No segundo trimestre deste ano, a alta foi de 2,5% ante o mesmo período do ano passado, interrompendo uma sequência de nove trimestres seguidos de queda.
Na quarta-feira da semana passada, dia 9, o IBGE havia divulgado que a inflação em um ano foi a menor desde 1999. O IPCA teve alta de 2,71% no período de um ano terminado em julho. No mês, os preços subiram 0,24%, após terem registrado deflação de 0,23% em junho.
Assim, o patamar da inflação fica abaixo do limite inferior da meta do ano estabelecida pelo governo. O centro da meta é de 4,5%, com a margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual.
Diante desses números todos, só mesmo um louco varrido ou então um fanático da seita lulo-petista teria saudades de Dilma Rousseff.
Prévia do PIB é estimulante
Editorial do Estadão, 18/8/2017
A recuperação continuou no segundo trimestre, lenta, mas firme, e a recessão ficou mesmo para trás, segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). É mais um dado positivo, depois do noticiário animador sobre a evolução do consumo e a reação de vários segmentos industriais. O indicador elaborado pelo BC subiu 0,5% de maio para o mês seguinte. No período de abril a junho, o resultado foi 0,25% superior ao dos primeiros três meses do ano, descontados os fatores sazonais. Os números continuam inferiores aos do ano passado e, além disso, em 12 meses o resultado foi 1,82% menor que o do período anterior, na série dessazonalizada, e 2,03% mais baixo na série sem ajuste. Mas um ponto parece claro: a tendência do movimento é para cima. Depois de pouco mais de dois anos de retração, o caminho de volta começou num ponto muito baixo. Há um longo percurso até o nível de atividade anterior à recessão.
O IBC-Br é considerado uma boa antecipação dos números, mais detalhados e mais precisos, das contas nacionais divulgados periodicamente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Está prevista para 1.º de setembro a publicação dos dados do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre. Por enquanto, o público dispõe de uma prévia, o IBC-Br, e de vários balanços parciais, com dados de consumo, produção industrial, emprego, comércio exterior e indicadores indiretos de investimento. De modo geral, esses balanços parecem confirmar a tendência geral de recuperação da atividade, ainda lenta, mas aparentemente bem definida.
A redução do desemprego, de 13,7% para 13% da população ativa entre o primeiro e o segundo trimestres, é um dos sinais positivos, embora 13,5 milhões de pessoas continuem buscando uma ocupação. Apesar de tanta gente sem salário regular, o consumo tem melhorado. As vendas do varejo restrito (sem veículos, peças e material de construção) cresceram em junho pelo terceiro mês consecutivo e superaram por 3% as de um ano antes.
A liberação das contas inativas do Fundo de Garantia facilitou o acesso a mais de R$ 40 bilhões. Isso deve ter contribuído para o aumento das compras, embora boa parte do dinheiro, segundo sondagens publicadas nas últimas semanas, tenha sido usada para a liquidação ou amortização de dívidas. De toda forma, também o reequilíbrio financeiro das famílias, com redução das dívidas velhas, acaba favorecendo, mesmo com atraso, a recuperação do consumo. A inflação em baixa também tem facilitado o retorno às compras.
Nos 12 meses até julho o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 2,71%, ficando abaixo do limite inferior da meta (3% ao ano). Esse resultado é em parte explicável pela evolução muito favorável dos preços dos alimentos – com maior sobra de dinheiro, portanto, para outras classes de despesas.
De maio para junho o crescimento da produção industrial foi nulo, mas o volume acumulado no semestre foi 0,5% superior ao da primeira metade do ano passado. O acumulado em 12 meses continuou negativo, com queda de 1,9%, mas também esse indicador tem melhorado. Além disso, em maio houve crescimento em 9 dos 14 locais cobertos pela pesquisa. Este dado é especialmente positivo, porque mostra uma recuperação mais espalhada.
Além disso, o aumento de atividade pode ter ocorrido também no cenário mais amplo, entre os grandes setores. No primeiro trimestre, o crescimento do PIB – 1% em relação aos três meses finais de 2016 – foi claramente puxado pela agropecuária, com pequena participação dos demais setores. Isso parece ter mudado no segundo trimestre, mas é preciso, ainda, esperar a confirmação pelos novos dados das contas nacionais, no começo de setembro.
A recuperação, pelas indicações até agora conhecidas, deve continuar no segundo semestre. Se o ritmo for mais intenso, a arrecadação de tributos deverá crescer. Ainda assim, a administração das contas públicas continuará difícil. Reformas serão essenciais para resultados fiscais melhores nos próximos anos.
18/8/2017
Da mesma série:
Grande Hum, estamos juntos, pensando na mesma direção – aquela que consideramos a correta e para uma travessia segura até 2018.