Um dia para ficar na História

O STF suspendeu ontem o mandato de Eduardo Cunha como presidente da Câmara dos Deputados. Antes tarde do que nunca, foi o que disse dona Dilma lá em Belo Monte, no Pará.

É o mesmo que diremos no dia em que ela for afastada do Planalto.

Os petistas ficaram animados, coitados. Tomaram a decisão do STF como um raio de sol em seu partido. Acham que isso dificultará o impeachment de dona Dilma. Ainda não se convenceram que não tem nada uma coisa a ver com a outra.

A não ser que haja um fato novo muito, mas muito sério, dona Dilma será afastada da presidência e dentro de até 180 dias, julgada pelo Congresso como impossibilitada de presidir o Brasil.

Tenho a impressão que o maior beneficiado pela decisão de ontem foi Michel Temer. Pelo menos é o que sentiria se soubesse que, presidente da República, poderia ter um forte resfriado que não seria substituída por alguém como Cunha.

Mas fica uma pergunta que requer uma resposta que tranquilize a sociedade: quem será o vice do atual vice? Renan Calheiros? Para quê? Para que o país passe novamente pelo que passou ontem e muito em breve?

Temos um hábito enraizado em nossa personalidade: gostamos de deixar tudo para amanhã. O improviso nos atrai. Não seria do maior bom senso entregar logo o Congresso ao presidente do STF?

Um novo governo oxigenará o Brasil. Disso não tenho dúvida. Mas isso não basta. Era preciso que Michel Temer fosse menos pusilânime diante dos partidos que inundam nosso cenário político. Os nomes citados como futuros membros de seu governo são todos oriundos dos dois governos lulopetistas que tanto mal fizeram ao Brasil. Uns dois ou três merecem nossa confiança, mas a maioria, Deus que nos ajude, será apenas mais do mesmo.

E o ex-presidente Lula? Seu silêncio, desde 1º de maio, grita mais alto que todas as sirenes dos bombeiros. Diz a Folha de S. Paulo que ele está deprimido. Acredito, não deve ser fácil passar pelo que ele está passando.

Lula saiu do Governo com sua aprovação nos píncaros da Lua. Está agora sofrendo o desamor da sociedade. Isso deve doer. Melhor mesmo para ele que a ideia de eleições antecipadas não possa vingar: uma derrota eleitoral seria a pá de cal em sua história de vida.

Mas quem é o culpado, a não ser ele mesmo? Sua pobre avaliação sobre a herdeira que elegeu para substituí-lo será para sempre um espinho em sua alma.

Tenho a impressão que dona Dilma detesta o PT. Só pode ser essa a conclusão. Ela está fazendo tudo que pode para deixar o buraco em que meteu seu governo cada vez mais fundo, cada vez mais largo, cada vez mais assustador para nós, cidadãos que tivemos a má sorte de ver Lula, por ambição desmedida, deixar essa senhora no Planalto.

Ao fazer mais essa escavação, ela tritura o PT no pó mais fino possível. Não há partido que resista ao horror que ela fez e está fazendo.

Ando pensando muito no destino do Brasil. Por que será que não temos mais políticos fortes e capazes como já tivemos? Será que merecemos essa praga que já dura mais que os sete anos das pragas do Egito?

Lula foi o fenômeno que poderia, se não tivesse se deixado abater por uma ganância estúpida, o homem que faria do Brasil uma potência. Tinha força para isso, mas não o fez…

Eduardo Cunha é um homem forte e inteligente, fala bem, sabe se expressar, sabe explicar o que pensa, sabe comandar. Pena que seu caráter seja tão raso…

De dona Dilma melhor não falar mais nada. Sua mediocridade é um espanto.

Gostaria de estar comemorando com fé e esperança a ida de Michel Temer para o Planalto. Mas, para ser sincera, ando com muito receio de vir a ter uma nova decepção.

Ele terá força para recolocar o Brasil no rumo certo? No rumo de um futuro que nos leve para além do arco-íris?

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 6/5/2016. 

2 Comentários para “Um dia para ficar na História”

  1. Se começar a reorganizar o país, o eventual governo Temer terá valido a pena.

  2. A crise política é o anúncio de um fim de ciclo e indica, no horizonte, o novo ciclo que se está costurando nos escaninhos insondáveis do processo histórico.

    Aos movimentos sociais cabe preparar-se para uma longa e dura jornada de lutas em defesa dos direitos trabalhistas e sociais e da soberania nacional. Afinal, o que está em jogo é o Brasil das próximas décadas.

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