Rio decreta a calamidade do Brasil

Cartão postal do país e incomparavelmente lindo, o Rio de Janeiro agoniza.

A cidade maravilhosa que sediará a Olimpíada daqui a 45 dias está em frangalhos. E o Estado que a abriga – com mais de 16 milhões de habitantes, 13 milhões na região metropolitana, na ruína. 

O caos espalha-se na segurança pública, no transporte, na educação – em greve quase eterna – e na saúde, onde faltam médicos, medicamentos e até ataduras. A calamidade cotidiana, oficializada na sexta-feira como forma de garantir recursos emergenciais da União – que também não tem de onde tirar dinheiro -, escancara a falência não só do Rio, mas do Estado brasileiro.

Consumido pela corrupção e por um sistema político que consagra privilégios, mantendo para os eleitos a confortável distância dos eleitores, o modelo atual de Brasil há muito se esgotou. A exigência das pessoas, portanto de quem vota – as ruas e as pesquisas mostram isso -, é maior do que o Fora Dilma e Fora PT. É Fora Cunha, Fora Renan, Sarney, Jucá, Temer….

Reivindica-se um basta na ladroagem, no método eternizado de sugar da maioria para encher os bolsos de seletos alguns. Só que isso não se faz em um estalar de dedos, muito menos por ações espertas e populistas do tipo eleição-presidencial-já.

A insatisfação com o tudo que aí está faz com que a idéia de nova eleição para presidente apareça como solução para 63% dos entrevistados pelo Instituto Paraná, de acordo com pesquisa realizada a pedido do Blog do Noblat. Caminho fácil de desejar, mas distante da realidade, prática e constitucionalmente.

Ainda que fosse legal e exequível, a que lugar uma nova eleição presidencial levaria o país? Por que não eleger um novo Congresso, já que o atual também é repudiado? De que adiantaria realizar eleições com as mesmas regras que perpetuam o que o país rejeita? E ainda com as mesmas representações partidárias?

Antecedendo às várias questões sem respostas, está a urgência de emergir o país da crise em que a farra do PT de Lula e Dilma afogou.

É preciso recuperar a economia – tarefa para a qual dificilmente se conseguirá uma equipe com melhor habilitação do que a escalada — e colocar em curso reformas inadiáveis, como as da Previdência e trabalhista. E concluir as investigações, processar e trancafiar corruptos de todos os matizes, oxigenação obrigatória para tratar a política com a seriedade que ela merece.

Residem nas investigações e condenações as maiores chances de se estabelecer uma nova modelagem de organização do Estado. De se rever não só o sistema eleitoral – se proporcional ou distrital –, voto facultativo, cláusula de barreira e propaganda eleitoral, mas a Federação, que só existe no papel. Redesenhar o poder da União, dos estados e municípios, e o peso para lá de desequilibrado da representação dos eleitores de cada ente federativo no Parlamento.

Na origem, a crise do Rio é derivada da inépcia de governantes que se esbaldaram em festas como a dos guardanapos na cabeça em Paris. Não imaginavam a quebradeira provocada pela incompetência de Dilma Rousseff, a queda do preço internacional do petróleo e a consequente redução dos royalties.

Como o ex-presidente Lula e a presidente afastada, o ex-governador Sérgio Cabral e seu pupilo Pezão gastaram o que não tinham e penduraram a conta para o futuro. Colocaram em risco o Rio e o Brasil. Nada que possa ser salvo por uma chama olímpica ou por uma eleição de ocasião.

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 19/6/2016. 

2 Comentários para “Rio decreta a calamidade do Brasil”

  1. Recuperar a economia é tarefa fácil para esta equipe econômica. Afinal os sabidos economistas de plantão recebem apoio irrestrito dos corvos da imprensa que aprovam, sem qualquer discussão, reformas trabalhistas e na previdência. As sumidades da economia não conseguem estabelecer qualquer plano que não seja o corte no cafezinho, redução de salários, terceirização de mão de obra, aumento da carga de trabalho.
    Meirelles não concebe um plano econômico que crie mais imposto sobre o lucro da FIESP, sobre os vergonhosos lucros dos bancos, que venha taxar as grandes fortunas.
    Nosso PIB é gigantesco e dá para pagar o déficit público, basta ordenar os gastos e investimentos. Temos mercado interno, temos mão de obra barata, temos riquezas minerais e agrícolas, nossa balança comercial é equilibrada. O povo é ordeiro recebe baixos salários e paga juros altos e arca com impostos repassados pelos gatunos empresários da FIESP ávidos e dependentes de recursos e subsídios do BNDES já que o empresariado nacional nada investe no país. O Brasil fica a mercê de investimentos do empresariado multinacional que são afugentados pela instabilidade política alimentada por corvos da imprensa que querem comparar nossa economia a economia da Venezuela. Nossa instabilidade política tem origem em interesses econômicos de uma oligarquia que desconhece o que vem a ser igualdade de direitos, para isto contam com os corvos que querem transformar em calamidade uma economia que ocupa oitava posição no mundo.
    O governo que ai está e sua equipe econômica não trazem soluções de médio e longo prazo, Temer e sua equipe vão penalizar os trabalhadores com ajustes eficazes sob o ponto de vista neoliberal privatizante e de restrição de conquistas sociais.
    Nossa economia só será mais distributiva a partir de uma reforma política a partir de uma assembleia nacional constituinte exclusiva para implementar ampla reforma politica à nação.
    Precisamos acabar com a política da indicação e nomeação. Queremos participar das escolhas e participar das exonerações.
    Queremos que respeitem nosso voto.
    Fora Temer ou fica Dilma precisa ser plebiscitário, conforme 63% dos entrevistados em pesquisa encomendada pelo Blog do Noblat.
    Calamidade só na cabeça dos corvos.

  2. É um filme repetido. A gente já conhece bem o final da história cheia de clichês dos governos populistas, irresponsáveis, que acham que governar é fazer propaganda. Propagandas às vezes caríssimas, como o gasto de 40 bilhões nos jogos olímpicos, em um País carente de tudo. Sem falar na Copa do Mundo absolutamente desnecessária e seus estádios bilionários, que a recente delação da Andrade Gutierrez revelou terem sido todos superfaturados. A única diferença no roteiro é que estávamos, de certa forma, aliviados por ter conseguido parar o trem antes da batida fatal, que nos transformaria numa Venezuela. Mas os últimos números da economia e os esqueletos que estão saindo do armário provam que Lula e Dilma não precisam ter inveja de Chaves, Maduro e do resto da atual safra latino-americana de idiotas. Parece que também fizeram o serviço completo.

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