Dona Dilma vive numa bolha… Lá tudo é azul, nada de mal lhe acontece e, quando acontece, ela rapidamente diz que é culpa de terceiros e pronto, está resolvido o impasse.
Vejam este exemplo: não é novidade para ninguém que o mundo está todo conectado. Aquele magricela, o Snowden, provou que nada escapa aos bisbilhoteiros munidos de um computador.
Dona Dilma sabe disso muito bem. Até se ofendeu amargamente ao lhe revelarem que lá nos States o que ela dizia aqui era lido pelas agências de segurança de lá.
Vejamos o que se passou agora em sua ida para a Rússia. O Aero-Lula saiu de Brasília com a intenção de fazer uma escala em Lisboa, mas dona Dilma resolveu que preferia o Porto, a bela cidade às margens do Douro. Com um detalhe: não avisou aos brasileiros de sua intenção.
Também não mencionou sua intenção de conversar, discretamente, com o presidente do Supremo Tribunal Federal. Marcaram encontro no restaurante que fica no lounge do segundo andar do Sheraton do Porto.
Logo que a notícia vazou, quiseram nos fazer crer que foi um encontro casual. Difícil de engolir. O ministro da Justiça disse que Lewandovski, ao saber que Dilma estaria ali pertinho de Coimbra, onde ele estava, pediu o encontro. Os dois trabalham a metros de distância um do outro, na capital federal, mas acharam por bem conversar num hotel no Porto.
Mas a verdade, implicante, tem o mau hábito de pipocar quando menos se espera. O ministro Cardoso, na CPI onde foi depor anteontem, querendo garantir que dona Dilma e Lewandovski não falaram sobre a Lava-Jato, saiu-se com esta: “Se fosse essa a intenção, ela teria convidado o Teori, que também estava em Coimbra!”.
Leram direitinho? “Teria convidado o Teori”. Encontro casual a convite, essa é uma novidade.
Dilma, a Magra, em Milão falou de si mesma na terceira pessoa. Com certeza quer nos convencer que Dilma, a Gorda, aquela das campanhas eleitorais, era outra, e não a que foi assistir ‘Otelo’ no Scala! Ou a que andou numa rede bamba sem cair… Ou a que, segundo coluna do Ancelmo Gois, coleciona lindos óculos de sol, daqueles que custam em média mil e duzentos reais o par.
Se estou com inveja? Claro que estou. Gosto de viajar, gosto de frequentar bons restaurantes e tenho paixão pela Itália. Mas não posso nem ir a São Paulo, o dinheiro está curto e tudo leva a crer que ficará cada vez mais curto.
Nem se eu tivesse uma das máquinas do Collorido, já que as estradas federais andam um terror. Por falar em Collor, gostava de saber por que o senador por Alagoas tem um apartamento funcional em Brasília se ele é proprietário de uma mansão na capital?
Pelo menos foi o que disse um dos membros da Segurança do Senado, que lá chamam de Polícia Legislativa, instituição inexistente, indignado com a Polícia Federal por invadir próprios do Senado Federal. Foi quando fiquei sabendo que o alagoano tem um apartamento funcional e que esses apartamentos são considerados, pelo menos pela Segurança deles lá, parte do Senado.
Não sei quanto tempo a bolha vai aguentar. Sei o que vi na TV: a expressão alterada de Renan Calheiros falando em ‘tempos sombrios’. Ou o passo apressado de Eduardo Cunha em direção ao gabinete do Renan. Hoje teremos Eduardo Cunha em rede nacional. Que Deus nos ajude.
Mas não podemos fugir de um fato: temos muita culpa no cartório. Uma das penalidades na recusa em participar da Política é que acabamos sendo governados por nossos inferiores. Essa também é de Platão…
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 17/7/2015.