Nas mãos de quem estamos

Nasci um mês antes de Getúlio decretar o Estado Novo. Como ainda estou por aqui, vocês podem ver por quantos Brasis passei…

Tirando o período da contagiante alegria do presidente Juscelino, tudo o mais foram sobressaltos, medo, dificuldades, inflação, planos econômicos experimentais, corruptos e corruptores, promessas, promessas, promessas…

Mas nunca tinha visto o Brasil entregue a figuras tão estranhas quanto o inacreditável anteprojeto de ditador Eduardo Cunha, ao pusilânime Renan Calheiros, ou à dona da caneta Dilma Rousseff. Todos três sob a sombra ameaçadora do Lula.

Eduardo Cunha, com o poder de presidente da Câmara dos Deputados, ao ver derrotada a PEC da Maioridade Penal, o que faz? Ora, como ele não gosta de perder, põe na mesa outra PEC e dessa vez vence! Passa por cima de tudo para sair vencedora a idéia mesquinha: ao prender em nossas masmorras tão medievais quanto ele jovens de 16 anos, a violência sairá vencida.

Enquanto ele se diverte na tenda em que transformou a Câmara dos Deputados, o do Senado permite que saia vencedor um aumento absurdo para os funcionários do Judiciário, aumento que o Estado não tem condições de honrar. Renan Calheiros sabe disso, mas não se envergonha de passar a batata quente para a presidente da República. Assim, pensa o alagoano, quem sai queimada é ela que vai ter que vetar o aumento.

Enquanto o Brasil passava por esses horrores, dona Dilma visitava os EUA. Em New York hospedou-se no St.Regis, hotel que, além das muitas estrelas, tem a sofisticação que só os viajantes experientes e habituados ao melhor reconhecem e podem pagar.

De NYC foi para Washington, onde ficou, para o encantamento da jornalista Sandra Coutinho, da Globo News, na Blair House, a casa que o governo americano mantém para hospedar seus visitantes, ali na Lafayette Sq, bem atrás da Casa Branca.

Comprada durante o governo Roosevelt, no início de 1942, a Blair House é linda. O primeiro hóspede a gozar das suas regalias foi o presidente do Peru Manuel Prado, que lá foi acolhido em maio de 1942. Se você leitor, quiser saber mais sobre essa casa elegantíssima, é só acessar Blair House.

De Washington a comitiva brasileira seguiu para o Vale do Silício, na Califórnia, a terra das inovações, reis da Internet. Com que intuito? Sei lá.

Mas calculo sua emoção ao entrar no Museu Google e ao experimentar alguns produtos de ponta, como o Self-Driving Car do Google que lhe provocou a sensação de ter estado no futuro.

Diz o presidente do PT, Rui Falcão, que a mais recente pesquisa, que deixa muito mal dona Dilma, ainda não mediu o sucesso de sua visita aos States.

Vamos lá, senhor Rui Falcão. Quantos pontos o senhor acha que a popularidade de dona Dilma vai subir depois das seguintes notícias:

1) o presidente Obama prometeu que vai usar, na intimidade do lar, a jaqueta da seleção brasileira que achou macia e confortável;

2) na entrevista coletiva na Casa Branca, ao responder a uma pergunta que deixou dona Dilma extremamente sorridente, Obama disse que “não vê o Brasil como uma potência regional, mas (como) uma potência global”;

3) dona Dilma, em declaração conjunta com Barack Obama, comprometeu-se a recuperar 120 mil km² de florestas, até 2030;

4) ainda em Nova York, dona Dilma encontrou-se com Henry Kissinger. É, com ele mesmo, o grande representante da realpolitik, que teve papel de ponta na política externa americana como Conselheiro Nacional de Segurança de 1969 a 1975 e foi secretário de Estado de 1973 a 1977.

Dona Dilma, que confunde delator de companheiros com réus confessos que pretendem diminuir sua pena ao se valer de delação premiada, conforme lei chancelada por ela, fez questão de dizer que não respeita delator.

Já Kissinger ela respeita, e muito. Dele disse: “É uma pessoa fantástica, com grande visão global”.

Estamos ou não estamos bem entregues?

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 3/7/2015.

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