É certo que os dias em Brasília têm sido de permanente ebulição. Mas nesta quinta-feira a temperatura quebrou os termômetros. E começou cedo.
Pela manhã, dois dos maiores juristas do país, Miguel Reale Junior e Hélio Bicudo, fundador do PT, representado por sua filha Maria Lúcia Bicudo, protocolaram oficialmente na Câmara dos Deputados um novo pedido de impeachment, agora assinado por ambos e endossado por quase um milhão de assinaturas.
Mais tarde foi a vez do TSE. A ministra Lucia Lóssio liberou a Corte para votar a continuidade do processo de investigação da chapa Dilma-Temer, interrompido pelo pedido de vistas que ela fizera há 20 dias. O tema volta à pauta na terça-feira, 22. E já há maioria formada para que o processo ande. E do TCU vieram novas notícias de que dificilmente as contas de 2014 de Dilma serão aprovadas. O parecer final sai do forno até meados de outubro.
No Planalto, o corre-corre foi intenso. Incluiu novas declarações da presidente contra o que ela insiste em chamar de golpismo, uma nova reunião com ministros – em cinco dias Dilma Rousseff se reuniu mais com ministros do que em todos os quatro anos do primeiro mandato – e um encontro extra-agenda com o padrinho Lula, que, à noite, jantaria com ministros e líderes petistas.
Gato escaldado, Lula, ao contrário do que fizera poucos dias atrás, defendeu a nova modelagem de ajuste de sua pupila. Até o PT, que se debatera contra, disse que dará apoio ao pacote, mesmo sendo algo impopular. Prova de que já não há como baixar a fervura.
Torra-se Dilma para tentar não queimar todo o óleo em que ela foi ungida.
No final do dia, a presidente cancelou a agenda que teria nesta sexta-feira em Minas Gerais, estado governado pelo amigo e confidente Fernando Pimentel. Portanto, zona que deveria ser de absoluto conforto.
Sem chances. Dilma hoje é a personificação do desconforto. Para ela e para todos. Não há quem não saiba e não fale abertamente disso. Por mais que tente manejar a panela de pressão não consegue segurar o caldo derramado. Acabou-se. Explodiu.
Este artigo foi originalmente publicado do Blog do Noblat, em 18/9/2015.
Depois da explosão da panela, inevitável com a atual conjuntura política e econômica, só nos restará sonhar. Dilma perdeu a popularidade sua única aliada. Não soube e não foi competente para jogar o jogo político, sucumbiu tanto à direita e tanto à esquerda, está isolada e sem interlocutores. Seu único respaldo, o povo, este jaz inerte e resignado com o prenúncio de uma nova derrota.
A queda de Dilma porém, não dá a direita a vitória final.
Mantida viva a utopia anarquista:
Imagine não haver o paraíso
Nenhum Inferno abaixo de nós
Imagine todas as pessoas vivendo o presente
Imagine que não houvesse nenhum país
Não é difícil imaginar
Nenhum motivo para matar ou morrer
E nem religião, também
Imagine todas as pessoas vivendo a vida em paz
Imagine que não ha posses
Imagine todas as pessoas partilhando todo o mundo
Imagine não haver Estado
E o mundo viverá como um só
Imagine a auto gestão
Imagine quando nos juntarmos.