Campanhas eleitorais costumam ser mais emoção do que razão. São sempre criticadas por não se aprofundar em temas urgentes, por abusar dos ataques e contra-ataques. Mas nunca antes na história deste país uma campanha foi tão infame e deseducadora. O retorno da presidente Dilma Rousseff à liderança isolada da disputa depois de artilharia intensa – tendo a mentira como principal arma – não deixa dúvidas. Corrobora com a maquiavélica tese do vale tudo, de se fazer o diabo.
Marina Silva foi bombardeada por Dilma e Aécio Neves. Mas até o capeta se assustou com a tática usada pelos petistas para desconstruí-la.
De uma hora para outra, a ex-ministra de Lula virou defensora do capital e dos banqueiros, companheira de tucanos neoliberais que querem aniquilar com as estatais, acabar com o Bolsa Família e com a CLT.
Vencida a primeira batalha, a campanha de Dilma tratou de proteger o flanco que poderia sangrá-la: a roubalheira na Petrobrás, que começou a ganhar forma e endereço com a delação premiada de Paulo Roberto Costa.
Especialistas em transformar os males que os afligem em virtudes, os petistas rapidamente produziram uma nova Dilma contra a corrupção. Não aquela Dilma-faxineira que chegou a fazer sucesso no primeiro ano de mandato e que sucumbiu. Outra personagem, desta vez encarnando a líder no combate à impunidade.
Há duas semanas, em todas as entrevistas e discursos – incluindo a fala eleitoral na abertura da Assembleia da ONU –, Dilma empunha a bandeira anticorrupção. Na sexta-feira, prometeu endurecer contra agentes públicos que prevaricam, além de reformar a Justiça e criar leis para facilitar a perda de bens adquiridos de forma ilícita.
Tudo promessas para um eventual segundo mandato, sem explicar por que até agora nada fez.
Garantiu ainda que pretende tornar crime a prática de caixa 2. Prova inconteste de que, assim como o seu partido, ela desconsidera por completo a lei eleitoral, que prevê punição de até dois anos de prisão para o delito. Uma proposta feita pela OAB, que não obteve aval de seu governo, amplia a pena para até oito anos.
Dilma ainda terá de explicar por que disse que não sabia de “malfeitos” na Petrobrás, quando, segundo reportagem do jornal O Globo, ela própria, então ministra da Casa Civil, pediu para que a Controladoria da União investigasse desvios apontados pelo TCU nas obras da refinaria de Abreu e Lima, processo arquivado sem investigação.
Mas isso não apoquenta a presidente. Afinal, faltam apenas sete dias para as eleições. A ordem continua sendo fazer o diabo. Ainda que se saiba que a conta que ele costuma cobrar seja fatal.
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 28/9/2014.
Uma oposição leniente deixou por conta dos jornalistas do PIG a tarefa de combater a imprennsa chapa branca. Deu no que deu, uma campanha infame, devo concordar.
Temos a chance de um segundo turno, caso Marina e Aécio se entendam, ao contrário Dilma leva ainda no primeiro turno. O PSDB tá com a faca na mão, ou vai deixar a conta por conta do diabo?
Marina’s neles!
Empenhada em interromper o domínio do Partido dos Trabalhadores na política nacional, a imprensa deve recrudescer seus ataques ao governo para tentar impedir uma vitória de Dilma no primeiro turno. A afirmação poderia parecer absurda, não fosse a escolha explícita feita pela mídia tradicional, que se reflete nas edições de todos os dias e se torna ainda mais escancarada nesta reta final.
PSDB vote útil.
REFORMAS!
A maioria dos brasileiros nos últimos anos, sem desertar de suas convicções democráticas, mas em razão mesmo delas, já construíram amplamente um diagnóstico crítico do modo de funcionamento do atual sistema político no Brasil e anseiam por reformas políticas. Há muitas evidências de que já está se firmando em um número cada vez maior de brasileiros a consciência de que também o sistema de comunicações de massas, privatizado, altamente concentrado e oligopolizado, não serve à democracia do país e precisa ser regulado a partir de princípios republicanos e pluralistas.
O próprio cidadão deve, ao mesmo tempo, reforçar a sua independência em relação às versões mais oficiais, à grande imprensa-marrom etc. Canais jornalísticos alternativos são úteis neste momento.
Isto, também, em sentido artístico: ouço músicas da Macedônia, Mali, China, Mongólia, Trinidad y Tobago, Turquia. MESMO SENDO ROQUEIRO.