Em outubro do ano passado, quando o TSE impediu a criação da Rede de Sustentabilidade, partido que Marina Silva tentou criar e ainda quer fazer para si, o PT comemorou. Os petistas temiam. Era enorme o risco de ter a ambientalista acreana como adversária.
A negativa do registro parecia até ter as digitais petistas.
O PSDB chegou a cobrar do Tribunal, criticando-o por não agir com menor rigor, como fizera com o PSD, o PROS e o Solidariedade. Na época, os tucanos queriam Marina candidata para abater o favoritismo de Dilma Rousseff. Nem de longe a tinham como ameaça.
Hoje, além de tentar buscar formas para inverter os danos impostos pelo tsunami Marina na disputa presidencial, os dois partidos fazem as contas de outras perdas que as urnas podem provocar.
Ambos perdem, mas o PT perde mais. Muito mais.
Além da possibilidade real de ver a Presidência da República escapulir das mãos, o PT tem posições nada confortáveis nos estados.
Em 2010 elegeu cinco governadores, entre eles os de colégios eleitorais de peso, como Bahia, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Em nenhum deles os petistas deverão repetir o feito. No máximo, torcem para não passar vergonha.
Para outubro, o partido de Lula e Dilma tem 17 candidatos aos governos e só aparece com chances de vitória em três deles: Piauí, Acre e Minas Gerais, estado natal de Aécio Neves, portanto, a cereja do bolo. Sabe também que não conseguirá manter os 88 deputados que assentou na Câmara. Há quem aposte em uma bancada um terço menor. A conferir.
Ponto de honra é livrar o ex Lula do vexame que o seu pupilo da vez pode lhe impor. Farão de tudo para que o candidato ao governo paulista, Alexandre Padilha, chegue pelo menos à marca de dois dígitos.
Fora Minas Gerais, os prejuízos no PSDB são menores. Os tucanos não estão no Planalto. Nada têm a perder no plano federal. Além de manter São Paulo, estado em que podem vencer no primeiro turno com a reeleição de Geraldo Alckmin, lideram as pesquisas em outros quatro: Paraná, Goiás, Paraíba e Rondônia. E empatam no Pará.
Têm chances ainda de ampliar a bancada no Senado – Minas deve eleger o ex-governador Anastasia e em São Paulo José Serra lidera a disputa contra o petista Eduardo Suplicy – e na Câmara, onde atualmente contam apenas com 44 parlamentares.
Como sempre, o PMDB, vice de Dilma, apostou suas fichas na política local. Tem sólidas chances de fazer nove governadores e se impor como maior bancada na Câmara dos Deputados. Se Marina vencer, estará pronto não só para defender, mas para atuar como protagonista da “nova política”. Com Renan & Cia.
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 31/8/2014.
Marina oferece real chance de derrotar o lulopetismo. Aécio não é alternativa para a titubeante oposição. Resta agora o PSDB aderir ao tsunami Marina e formar com o PMDB um governo que permita pensar em 2018.
Encaremos tudo isto como uma bela oportunidade para criar uma forte oposição de esquerda ao próximo governo eleito: seja Marina, a santinha do pau oco, seja Dilma a dama de ferro do planalto.
Por uma constituinte pela reforma política!
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