A Copa e a realidade

Sinceramente, está difícil escrever um artigo hoje. A cabeça lembra: tanto faz ganhar ou perder. O importante é competir, como dizia o Coubertin…

No entanto, meu coração não quer concordar com isso e o que eu quero é gritar várias vezes Gol! contra a simpaticíssima Colômbia.

Mas, mais que o Mundial de futebol, este Blog (o Blog do Noblat) é minha cachaça e escrever faz parte da embriaguez provocada por esta cachaça virtual.

Como disse o deputado federal José Aníbal em artigo aqui publicado anteontem, O Dever da Tolerância: “Escrever é tão estimulante quanto ler. Principalmente numa democracia como a nossa, vibrante, anárquica, cheia de excessos e lacunas.”

É verdade, e por isso cá estou eu.

Impressionada com a confusão que dona Dilma está fazendo entre a Copa do Mundo e o Brasil como país. Tem dito coisas extravagantes, como “o Brasil, fora do campo, dá um exemplo de organização e de alegria em receber”.

Ao menos ela não disse que o Brasil tem alegria em receber dentro do campo…

Mas não é justo tomarem para si o exemplo de organização que não é nosso, infelizmente, é da antipática Fifa e seu pontapé em nosso derrière. Merecido, e sem o qual, provavelmente, ainda estaríamos planejando as obras…

O senhor Valcke, meio sem graça ao ser lembrado do pontapé recomendado por ele, agora se mostra horrorizado com a quantidade de embriagados que vê nos estádios. Não é gozado? Eles dobraram as nossas leis que proibiam venda de bebidas alcoólicas nos estádios e agora ele acha ruim ver tantos bêbados? Por que será que ele acha que era proibido beber nos estádios?

Já em um palanque no Paraná, a presidente disse que o País “dá uma lição” naqueles que mostraram um “inequívoco complexo de vira-lata”, que, segundo ela sem motivo, “se envergonharam do País do qual deveriam se orgulhar”.

E continuou: “O nosso Brasil é o do ensino técnico, emprego com carteira assinada e médico no posto. É o Brasil da creche em tempo integral para os jovens e crianças, da educação profissional para os trabalhadores, para as mulheres”, continuou.

Onde ela viu isso?

Não é o que vemos e não foi o que o time holandês, em visita ao morro Dona Marta, RJ,  viu. Em meio a casebres e vielas com esgoto a céu aberto, conheceram de perto o outro lado da moeda. Ficaram impressionados com o que viram. Em todos os sentidos.”Na Holanda, há lugares pobres também, mas não como esse. É muito diferente”.

 

Frase de protesto pintada em pedra no Dona Marta – Foto: Carolina Oliveira Castro/O Globo

Mas há mais. Será que dona Dilma não se deteve sobre o caos que ocorre em um setor essencial na vida de um país? Na engenharia? Muitos desabamentos com a justificativa: obra feita às pressas. Acidentes indesculpáveis, e pior do que tudo isso, morte de operários por falta de equipamentos de segurança.

Com o desabamento e mortes no viaduto em Belo Horizonte, ontem, a Copa das Copas fica marcada como Copa de muitos e tristes acidentes. E nenhuma goleada apagará esse fato.

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 4/7/2014. 

 

Um comentário para “A Copa e a realidade”

  1. A realidade é que nossa seleção não merece nem o quarto lugar, que disputa com os hermanos.
    O futebol merce um campeão do porte de Holanda, Alemanha, Holanda ou até mesmo a Bélgica.

    Dona Dilma parece o Felipão, engana, engana, engana…

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