Quanto pesam o senso de responsabilidade e o caráter na existência, no dia a dia de cada um de nós? Teriam a dimensão de um mundo que carregamos nas costas, como disse Drummond, e não pesam mais que a mão de uma criança?
Diria que quando assumimos uma obrigação que envolve outras pessoas, seja a família ou uma sociedade, precisamos procurar na alma o vigor e na mente a sabedoria possível para fazer o melhor . Eu sou, tenho de confessar, um escritor de canções que, além de me dedicar ao trabalho poético e musical, busca não se calar diante da injustiça e dos poderosos, e eles não estão apenas nos gabinetes governamentais. Mas certamente eles lá estão.
Estou disposto a sacrificar meu tempo de prazer, com os que me cercam e com a música, a poesia e a cultura que me fazem bem, e até descuidar perigosamente de minha saúde, para cuidar das idéias coletivas generosas. Mas reconheço que esses poderes privados e públicos, que não têm nenhum interesse pela coisa pública, a “ res publica”, manipulam as cidades e os países por se sentirem imperiais, donos da nossa vontade. Para enfrentá-los, Davis que somos contra os Golias, não basta apenas coragem e persistência.
Sensibilidade, sentimento, inteligência e percepção do conjunto são as armas de quem não tem a grana, mas tem o direito. Quem não tem a politicasacanagem, mas é um cidadão que sabe o que lhe pertence.
Sendo possuidor de caráter e responsabilidade, no meio de uma luta desleal que envolve os direitos de meus colegas de profissão, sei que não posso vacilar. Tenho que cumprir o dever que assumi e não posso ser radical. Faço o que sempre fiz, verificando os vários caminhos, todos os desdobramentos possíveis, apostando na razão e também na intuição, na crença de que é possível contornar o verdadeiro paredão que a grande mídia brasileira construiu em torno de nós. Ela desinforma para proteger alguns de seus pares.
Sinto, queridos leitores, vocês que estão acostumados com meu lado lírico e de bem com a vida, com as singelezas que busco perceber no cotidiano de nossa realidade comum de moradores de uma cidade e um país que adoramos, sinto mesmo ter de fazer, em público, este desabafo.
Por ser otimista e acreditar nas pessoas, ter uma boa fé do tamanho de um bonde e acreditar que no fim prevalece a Justiça, me conforto e me abraço a meus amigos, recolho minhas energias para colher, não o tudo que merecemos mas o que nos é possível no momento. De tanto ver triunfar as nulidades, hei de vencer.
Esta crônica foi originalmente publicada no Estado de Minas, em agosto de 2013.
O textos líricos, me fazem “contornar o verdadeiro paredão que a grande mídia brasileira construiu em torno de nós. Ela desinforma para proteger alguns de seus pares.”
Eu também, sonhador esperançoso acredito sempre que no fim prevalece a Justiça.
Na luta pelos direitos autorais, devo lembrar, que estes direitos não são provados, são públicos. A autoria como a medicina não devem ser tratadas como mercadoria.
“Travessia” transcende, nenhum Ecad trarã reconhecimento maior que a minha admiração, enquanto vivo eu fôr.
Respeito sua luta pelos direitos, pelo dinheito, pela arrecadação dos compositores e dos comprositores.
Bastou uma repeodução, música nas rádios, voz solta nas estradas, caminhos de pedra, já não sonho, hoje faço, como meu braço o meu viver.