Eu só queria entender

Dizem que nas décadas de 20 e 30 do século passado a moral das classes altas e a da classe artística era muito elástica, ou melhor, era muito frouxa. As aparências enganavam, a hipocrisia campeava. O uso da droga era muito difundido, o álcool era livre, o adultério era quase obrigatório, os casamentos eram um contrato comercial e patrimonial, mais do que tudo.

Bem, isso é que vemos nos bons filmes europeus feitos no intervalo entre as duas grandes guerras e na excelente literatura da época.

Se isso é verdade ou ficção, não sei.

O que eu sei é que hoje em dia, no mundo ocidental, tudo liberado, sem freios ou amarras, mulheres e homens absolutamente livres, sem necessidade de ser hipócrita, ser ou não virgens uma decisão pessoal sem controle externo, a droga entregue em domicílio, a bebida vendida livremente, ninguém preocupado com quem ou com o que você dorme… os crimes sexuais vêm crescendo de modo assustador.

Chega-se à triste conclusão que não é o amor ou o desejo que leva um homem a querer ter relações sexuais com uma mulher. O que os move é a violência. O prazer vem da violência. É a única explicação para o número estupidamente elevado de estupros aqui no Rio de Janeiro.

A maldade em estado bruto, como no caso da turista americana ou da moça no ônibus na Avenida Brasil. À luz do dia e em avenidas de trânsito intenso.

As famílias cariocas estão assustadas e impressionadas. Há medo de ver suas filhas saírem de casa, medo que tem que ser enfrentado, pois a vida não pára. Medo pelos filhos e por todos nós. A selvageria impera.

Mas isso parece não comover nossas autoridades. Leio na Veja, numa reportagem muito bem feita, sobre a pensão dada aos familiares dos detidos por crimes, hediondos ou não. A lei preocupa-se com o sustento das famílias dos bandidos. Mas, curiosamente, os familiares das vítimas, esses não recebem pensão do Estado, nem cuidados especiais…

Até a Igreja esquece os bons para dar apoio aos maus. Vamos ter aqui no Rio, em julho, a Jornada da Juventude e o papa Francisco nos visitará. Na sua programação oficial há um breve encontro com alguns jovens detentos no Palácio Arquiepiscopal São Joaquim. Mas não li nada sobre a visita aos pais de crianças martirizadas ou de mulheres estupradas…

É difícil compreender.

Maio de 2013

Um comentário para “Eu só queria entender”

  1. Eu também gostaria de entender porque existem jovens detentos, Cada vez mais jovens detentos.
    Qual o limite? Como limitar? Será que o papa Francisco tem a solução?

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