Logo que Carlos saiu, Laura sentou no sofá, bem à minha frente, e cruzou as pernas. A saia não era curta, mas, do jeito que ela arrumou, subiu à metade das coxas. Eu estava na poltrona onde Carlos sentava para ler jornal. Olhei as coxas. Laura começou a falar, como se nada tivesse acontecido. Bem, pensei; vai ver não aconteceu mesmo, é a maneira dela sentar.
A conversa era sobre novela de tevê. Se eu fosse fazer algum papel, gostaria de ser uma mulher bonita e desejada, ela disse. Só falta o papel, bonita você já é, respondi. Excluí o desejada, porque poderia parecer que estava tomando liberdades com a mulher do meu amigo. Carlos fora muito generoso, ao sugerir que eu passasse o dia em sua casa, à espera do meu vôo.
Ela cruzou as pernas e eu vi que sua calcinha era preta. Às dez da manhã, quando trouxe um cafezinho “para nós dois”, as coisas estavam definidas. Havíamos conversado sobre a sensualidade de mulheres e homens, mais delas do que deles. Eu havia elogiado suas pernas, e ela ergueu ainda mais a saia, para que eu as apreciasse bem. O limite definido era esse: voyeurismo. Olhar, podia. Tocar não. Suba mais um pouquinho, pedi. Ela concedeu, mas agora ficou com as pernas bem juntas, para não escancarar a calcinha. Gostei de seu recato.
Fiz um gesto com a mão, e derrubei algumas gotas de café na calça. Isso quebrou o encanto. Ela baixou a saia e indicou o banheiro, para eu limpar as manchinhas. Lá, encontrei um roupão de Carlos.
Uma brincadeira me ocorreu. Voyeurismo por voyeurismo… Surgi na sala com o roupão de Carlos. Laura arregalou os olhos, surpresa. O homem da capa, anunciei. E antes que ela reagisse, abri o roupão. Estava de cueca. Ela achou graça. Afinal, havia a cueca. Levantou e levou as xícaras para a cozinha. Demorou um pouco…
E apareceu vestindo uma capa de chuva. Meus olhos ficaram estáveis; apenas prendi a respiração. O que viria a seguir? Ela abriu a capa. Estava de calcinha e sutiã vermelhos. Ah, não, protestei. Eu vim só com uma peça, você também tem que vir só com uma. Ela se foi e fiquei imaginando que minha brincadeira poderia dar bons frutos. Seios nus… Do pouco que vira, contidos pelo sutiã, pareciam rijos e belos. Mas Laura voltaria com a capa?
Voltou. Achei justa a sua reclamação, disse. Abriu a capa. Estava mesmo só com uma peça, o sutiã.
Janeiro de 2012
Ficcionista bissexto, o jornalista Valdir Sanches avisa que está fazendo uma experiência de conto erótico.
Curiosidade. por que será que ela trocou de calcinha preta por vermelha? Nada a ver! Ao visitar um amigo, que recentemente se tornara pai. Carlos encontrou a mulher dele vestindo apenas camisola. Ausente o amigp, conversa vai e vem, ela lhe ofereceu os seios, que havidamente Carlos passou a mamar. Ela pergunta excitadà:_que mais você quer? ele responde candidamente: _você não tem uns biscoitinhos?