Um Ministério para selar a cooptação do PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab, um a mais para o PMDB, e outro de volta para o PR. O mesmo PR, sufocado por denúncias de corrupção, que a presidente Dilma Rousseff, fantasiada de faxineira, espanou do Ministério dos Transportes.
E isso é só um pedaço do enredo que se verá na Esplanada depois de o Carnaval passar.
Dilma preferiu desfrutar os dias de folia na Base Naval de Aratu, Bahia, longe da maior festa popular do País. Talvez precise reunir energia e fôlego para a folia oficial que pretende patrocinar. Vai fazer mudanças em seu governo. Poucas, garante. Só as necessárias. De novo para atender às conveniências dela e não às do País.
Atende, na verdade, ao bamba Lula. De uma só tacada se busca jogar confetes sobre alguns resistentes da base desconfiada, por vezes arisca, e inibir a evolução cada vez mais consistente do governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), candidatíssimo à vaga de Dilma em 2014.
Como é preciso barrá-lo no baile, a lógica é financiar a farra do PT e de seu bloco com dinheiro do contribuinte.
A gigantesca base de mais de 460 deputados e senadores em um Congresso com 594 parlamentares só funciona – quando funciona – no modelo franciscano do toma-lá-dá-cá. Isso envolve cargos em diferentes escalões no governo e em empresas públicas, que parecem infinitos diante da insaciável gula dessa turma.
Para satisfazê-los, o governo não pára de engordar. Em dezembro, mais 150 cargos de confiança somaram-se aos indecentes 23.493 existentes. Os 27 ministérios da era FHC pularam para 37 no período Lula e para 39 com Dilma.
E ela já pediu ao novo presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) que acelere a votação da criação da pasta da Micro e Pequena Empresa, mimo reservado para o PSD de Kassab.
Gabriel Chalita, ex-PSDB, ex-PSB, candidato peemedebista derrotado na eleição para prefeito de São Paulo, terá o seu quinhão na cota do vice Michel Temer.
E antes de embarcar para seus dias de reclusão, a presidente garantiu espaços também para o ressentido PR e a ampliação da gleba do PDT.
As estatais são cobiçadíssimas. Não por outro motivo, nos governos Lula e Dilma foram criadas nada menos que 25 novas empresas públicas, devidamente loteadas entre o PT e aliados. A maioria das novatas, conforme o jornal Folha de S. Paulo, está nas mãos do PT.
Mas tem para todo mundo: PDT, PTB, PMDB, PSB. A Hemobrás, por exemplo, abriga dois filhos de Miguel Arraes, avô de Campos.
Esse esquartejamento sangra o País. Mas dane-se. O que importa é garantir o reinado por muitos carnavais.
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 10/2/2013.
Após sangrar em caranavais, precisamos de oposiçao na quarta feira de cinzas.
Sobre o comentário acima. Caro, você está querendo que a oposição nasça das cinzas. Isso é coisa para fênix, não para tucano.
Tem razão o Valdir.
A oposição a heranças coloniais (500 anos em vez de 13 anos) parece ainda mais distante.