A 100 dias das eleições municipais, poucos são os que se arriscam – a não ser por mera torcida – a fazer alguma previsão de resultado que possa ser levada a sério. Como se diz, muita água ainda vai rolar sob a ponte. Mas 2012 parece já ter pelo menos um vitorioso: o governador de Pernambuco Eduardo Campos. Independentemente da performance dos candidatos de seu partido.
Habilidoso, jovem, mas mais experiente do que muitos – com 47 anos, já foi deputado estadual, deputado federal por três mandatos, eleito e reeleito para o Palácio das Princesas -, Campos leva todos na conversa. A começar pelo ex-presidente Lula, que o bajula descaradamente, mas pouco arranca em troca. Ao contrário, tem tomado algumas rasteiras.
Aliado preferencial do PT, o PSB de Campos deixa velozmente de ser coadjuvante para tornar-se protagonista.
Os exemplos de Fortaleza e Recife são simbólicos. No Ceará, o PSB aproveitou a insistência da hoje nada popular Luizianne Lins para escapar da aliança petista e lançar candidato próprio, Roberto Cláudio, apoiado pelo PMDB e PTB, e com outras nove legendas a caminho.
Também deve isolar o PT de Recife depois da lambança que culminou com a imposição de Humberto Costa como candidato em vez do atual prefeito João da Costa, vitorioso nas prévias anuladas pelos caciques do PT nacional. Na capital do estado que governa, indicou como candidato solo do PSB seu ex-secretário Geraldo Júlio, em aliança com outros 15 partidos. Línguas mais ferinas dizem que o governador até já ofereceu o posto de vice ao PT.
Em Belo Horizonte, Campos se deu ao luxo de confrontar a diretriz pétrea do petismo, que impede alianças com os tucanos. Lá, o PSB é, de novo, cabeça de chapa, com o amém do PT e do PSDB. O tucano Aécio Neves, que sonha ter Campos como vice na eleição presidencial de 2014, que se cuide. Hoje, a chapa poderia até acontecer, mas invertida.
Mas foi em São Paulo que o neto de Miguel Arraes mais perturbou. Para agradá-lo, Lula ofereceu a vaga de vice de Fernando Haddad. Mas foi o PT que escolheu a ex-petista Erundina, por quem ninguém no PSB morre de amores.
Deu tudo errado, mas não para o PSB.
Erundina aceitou, voltou atrás após a foto fatídica de Lula-Haddad-Maluf, mancada única e exclusiva de Lula e do PT.
Campos jura de pés juntos que continua firme na aliança e não quer mais a vice.
E não quer mesmo. Prefere, no velho e bom estilo do avô, acender velas para todos os santos, mantendo parte de sua gente ao lado do governador tucano Geraldo Alckmin. Tudo isso sem que Lula possa dar um pio.
Esse Campos, definitivamente, vai longe.
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 24/6/2012.