Há 120 organizações contrárias ao regime castrista, mas a voz oposicionista mais ouvida não tem conexão com nenhuma delas. Pertence a uma mulher de 33 anos, de pele clara, teimosia a toda prova e uma habilidade ímpar de expor com clareza, elegância e eficiência a inépcia de um regime que prometia a luz e distribuiu trevas. Yoani Sánchez, com seu blog Generación Y, tornou-se a voz das pessoas comuns de Cuba. Para um povo exausto por 50 anos de discurseiras ideológicas, Yoani não discute teoria, partidos – mostra o cotidiano de gente como a gente em que faltam as coisas mais básicas de que se precisa para viver, do pão à liberdade. O jornalista Sandro Vaia trouxe de Cuba o perfil dessa jovem que identificou como o mais perfeito símbolo da derrocada do regime senil de Fidel. Neste livro, ele junta a verve de seu texto preciso e cortante à das palavras de Yoani para desconstruir, uma a uma, as falácias com que a cegueira ideológica transformou em sonho libertário a ditadura cubana. Quando o pesadelo tiver passado, talvez não dêem a Yoani Sánchez o nome de una hermosa plaza liberada de Havana, e será compreensível, porque infelizmente a história oficial não se conta, como dizia Brecht, pelos operários que construíram Tebas e seus palácios, pelas formiguinhas que iniciaram o rompimento da muralha do medo. Mas será uma grande injustiça.
A Ilha Roubada foi lançado em maio de 2009, pela editora Barcarolla.
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