Revolta

Sempre trabalhei fora e nunca senti por parte dos meus colegas homens ser considerada diferente no quesito capacidade pelo fato de ser mulher. Fui chefe de equipes e cheguei a gerente de vários homens e juntos sempre conseguimos cumprir com êxito nossos objetivos. Talvez por isso, sempre achei que esse negócio de homem desvalorizar a mullher no trabalho fosse balela.

Agora, entretanto, estou vendo que não é bem assim, pois pessoas cultas e inteligentes (jornalistas, analistas, professores) estão vendo somente o “feminino” no novo quadro político brasileiro.

Não votei na Dilma, não me orgulho nem um pouco em tê-la como presidente. É claro que não sabemos como serão os próximos anos deste governo. Pelo que estamos vendo, não me parecem bons. Mas de que falam os jornais? Do fato de a presidente e duas ministras importantes serem mulheres, dos problemas das mulheres, dos seus gênios, das suas turrices.

Os homens não têm problemas? São todos bonzinhos, educados, brilhantes? Nunca jamais os homens foram ineficientes em cargos públicos? Por que será tão difícil elas darem conta do recado?

Há um deboche na maioria dos artigos que tenho lido. Estou revoltada com isso. Por favor, tratem essas mulheres como pessoas que venceram no trabalho, que ganharam eleições, etc.. e fim. Tratem-nas como seres políticos, inteligentes e capazes. Se farão um bom governo, não sabemos. Mas também não saberíamos se o trio fosse masculino.

Importante: nunca fui feminista.

Lúcia Zaidan, 77 anos, é advogada

Junho de 2001

 

Um comentário para “Revolta”

  1. Concordo em GÊNERO, número e grau com esta senhora, que não por acaso é minha mãe. Acho mais fácil que mulheres considerem mais alguns valores familiares e afetivos, mas isto nunca foi prerrogativa delas, assim como a truculência e a sem-vergonhice nunca foi restrito aos homens (vide Ideli Salvatti e a outra filmada recebendo dinheiro de propina).

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