Exatamente um ano atrás, Erenice Guerra, amiga do peito e sucessora de Dilma Rousseff na Casa Civil, deixava o Palácio do Planalto sob a acusação de tráfico de influência. Fechava, assim, o ciclo de dois mandatos do presidente Lula – um governo que pode se gabar de ser o protagonista do maior e mais sofisticado esquema de corrupção já engendrado no país.
De Waldomiro Diniz, flagrado em vídeo, em 2004, cobrando propina para financiar candidatos do PT e do PSB, a José Dirceu, definido pelo procurador-geral da República como “chefe da quadrilha”, ao reincidente Antonio Palocci, todos estão aí, livres, leves e soltos.
Erenice saiu esperneando, culpando o tucano José Serra, dizendo-se vítima de um candidato “aético e derrotado”. Entrou com um processo contra a revista Veja, que fizera as denúncias. Desistiu da ação em meados deste ano, depois de a Corregedoria Geral da União (CGU) imputar-lhe acusações idênticas às da revista.
Na prática, a amiga abraçada efusivamente por Dilma no dia de sua posse só recebeu mesmo duas condenações da Comissão de Ética da Presidência. Coisas que não servem para nada.
No governo Dilma, nem isso a Comissão de Ética e a CGU se deram ao trabalho de fazer.
Calaram-se frente a Antonio Palocci, pego novamente em suas estripulias, desta vez envolvendo a multiplicação estratosférica de patrimônio no mesmo ano em que coordenava a campanha da agora presidente.
Nem pensaram em agir quando as denúncias de roubalheira implodiram o Ministério dos Transportes, derrubando o aliado Alfredo Nascimento, do PR. Muito menos cogitaram investigar os outros dois ministros do aliado PMDB, Wagner Rossi, da Agricultura, e o serelepe Pedro Novais, que paga motel, governanta e motorista particulares com dinheiro público.
Homem que o seu padrinho, senador José Sarney, diz ter “reputação ilibada”, Novais já voltou para a Câmara dos Deputados, porto seguro para quem se locupleta.
Ao estilo de seu antecessor, que estimulou malfeitores ao passar a mão na cabeça de cada um deles, Dilma Rousseff também é um poço de perdão. Ainda que colecione o recorde de ministros demitidos por corrupção em apenas 100 dias, Dilma afaga um a um.
Com a caneta, usa o traje de faxineira tão bem visto pela sociedade e abominado pelos seus. Com palavras e gestos, adula cada um dos que demite e os partidos que os abriga.
“Minha base aliada é composta de gente do bem”, assegura a presidente. Mais do que uma afronta, a frase, dita em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, é um nocaute nos que ainda apostavam que Dilma tinha alguma intenção de zelar pela coisa pública.
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 18/9/2011.
Mais do mesmo. Quero ver fazer críticas aos (des)governos tucanos. Afinal, a “imprensa” é independente, não é? Beijos