Calma, moçadinha boa: ainda não teve eleição

Mas péra lá: ainda não houve a eleição.

Falta mais de um mês para a eleição. Para o primeiro turno da eleição.

As pesquisas mostram que hoje Dilma venceria no primeiro turno. Mas são pesquisas. O país inteiro parece ter de repente passado a acreditar que estamos no dia 4 de outubro.

Péra lá, gentinha boa: ainda não houve a eleição.

Com o panorama visto hoje, a 30 dias do primeiro turno, claro: todas as indicações são de que Dilma ganha.

E os analistas já disseram todos os porquês. Porque é a economia, estúpido! (como diziam os analistas, os politicólogos americanos). Não importa se Lula teve uma sorte imensa, se pegou o País depois de dez anos de Fernando Henrique Cardoso, dois como ministro, oito como presidente; não importa se as crises econômicas no exterior conspiravam contra o Brasil durante o governo FHC, e nos oito anos de Lula todo o contexto internacional conspirava a favor. Não importa que Lula e o PT tenham sido contra a eleição de Tancredo, contra a Constituição recém-aprovada, o governo quase de união nacional pós-Collor, o Plano Real. Não importam o passado, a História, a verdade dos fatos, não importa nada. A imensa maioria dos 135 milhões de eleitores está hoje se sentindo melhor do que ontem, a propaganda oficial soube dizer a eles que foi Lula que fez tudo isso e FHC era o demônio anti-povo, e pronto.

E os analistas já explicaram que a oposição não quis vencer, não se preparou para vencer.

E isso tudo é verdade.

Só não é verdade que já houve as eleições.

Lula é bom de gogó. Cacilda, como ele bom de gogó. Como é bom ator, o Lula. Finge que fala errado para parecer que é pobre, finge que só sabe falar frases imbecis para se aproximar das pessoas mais humildes.

Criou uma persona que é assim uma mistura de Carlitos com Cantinflas com Mazaroppi, que esconde o Hitler, o Mussolini, o Stálin, o Fidel que ele quer de fato ser.

Soube fazer. A grotesca senhora que era macho pra burro e de repente quer ser mãe de todos nós passou por treinamento intensivérrimo, aprendeu a não chamar repórter de minha filha. Aprendeu até – vejam só o que é a educação – a terminar frases. E, de acordo com as pesquisas, venceria hoje no primeiro turno.

Só que ainda não houve as eleições.

Está todo mundo já contando o que vai acontecer no dia 3 de outubro como favas contadas. Que os lulo-petistas façam isso, tudo bem – mas, cacilda, nós não podemos.  

Quem entende que a vitória de Dilma é o horror dos horrores não pode considerar que Dilma já assumiu a Presidência.

Vejo o que dizem os analistas, e concordo com eles: ao longo de oito anos, a oposição não soube fazer oposição. Acovardou-se. O PSDB, especialmente (o DEM foi melhor), não fez a oposição.

E aí me lembro do Chile – o Chile logo antes de Pinochet.

No Chile, no início de 1973, dizia-se: é um governo de merda, mas é o meu.

Eu diria a mesma coisa: é uma oposição de merda, mas é a minha.

Ainda não perdemos. Fizemos tudo pra perder, é verdade – a começar pelo fato de que não fizemos oposição direito, com medo do Grande Paizão Lula.

Mas ainda não perdemos. E se houver segundo turno há chance.

Não é possível perder uma eleição em que 99% das pessoas que têm informação e não têm emprego chupa-teta do governo sejam contra isto que está aí.

Postado em 27/8/2010.

Um comentário para “Calma, moçadinha boa: ainda não teve eleição”

Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *