Uma pergunta, duas constatações e uma curiosidade sobre as manifestações deste domingo, 16 de agosto.
A pergunta: quem serão os heróis do povo brasileiro escolhidos para, com a cara de pau que o lulo-petismo domina tão bem, ir à TV e aos jornais dizer que as manifestações foram pequenas, de grupos reduzidos de representantes da classe média que não reconhecem as conquistas do governo popular, e que o Dilma Rousseff está firme e forte, a inflação está sob controle e o desemprego, em baixa?
Será o Rosseto? Será o Cardozo? O Mercadante? O Edinho Silva? Será o próprio Lula? A Dilma coração valente, talvez?
Ah: resolveram não falar nada. Engoliram em seco. Ficarão quietos – pelo menos hoje.
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A primeira constatação, curta e grossa, factual: não importam os números que estão sendo ou serão divulgados pelas Polícias Militares dos Estados, ou as estimativas dos próprios organizadores. O que importa é o fato incontestável: estas são as maiores manifestações populares desde o Fora Collor.
Quem se negar a enxergar isso não é apenas igual ao avestruz. É cego, e tem imensa má fé.
A segunda constatação é mais pessoal, subjetiva. Uso uma imagem bélica, tão de agrado dos lulo-petistas: eles, os das bandeiras vermelhas, são o exército da Roma Imperial comandados por Crasso. Nós somos que nem as hordas chefiadas por Spartacus, que queriam se libertar do jugo do poder romano.
Explico a imagem, que me vem do filme extraordinário de Stanley Kubrick, de 1960.
As fotos da manifestação chapa-branca diante do Instituto Lula mostram centenas de pessoas organizadas, com camisetas iguais, bandeiras iguais. São como um exército regular. Reparem que não há ali vendedor ambulante, não há ninguém vendendo água, refrigerante, cerveja: as centúrias organizadas ganham lanche na cantina, na hora certa.
Trinta ônibus foram custeados pelo Sindicato dos Metalúrgicos para levar os organizadíssimos e bem pagos soldados do lulo-petismo ao Instituto Lula.
Já a manifestação contra o lulo-petismo é uma zorra, uma bagunça infernal. Há 43 tipos de camisetas diferentes, porque não há uma organização central fornecendo material. É cada um por si. Cada um se arruma como quer. Cada um custeia sua roupa, sua condução, seu lanche
Uma camiseta nova surgiu hoje, dizendo uma frase tipo assim: “Não ganhei pixuleco nenhum para estar aqui”.
Cada um faz seu cartaz. Não há aquela coisa organizada, pré-fabricada, o comitê central deliberou e mandou fazer 200 cartazes iguais. Não: é tudo improvisado, tem um jeito pessoal. É anárquico, é plural.
E é tudo, absolutamente tudo, uma bagunça generalizada: como não há general Crasso dando ordem de comando, a massa vai pra lá, volta pra cá, indistintamente. É tudo uma zoeira – porque é espontâneo. Não há tutela estatal, sindical, cutiana. Há vendedor ambulante vendendo todo tipo de coisa.
É uma maravilha ver a quantidade de crianças que os pais levam para participar da manifestação. Afinal, em boa parte é em nome deles que queremos resgatar, tomar de volta o país tomado de assalto pelo lulo-petismo. Queremos todos um país melhor para nossos filhos e netos.
Fiz umas 30 fotos de detalhes que mostram essa zorra, essa bagunça, essa maravilhosa anarquia da Avenida Paulista, e botei num álbum no Facebook. Sem qualquer modéstia, acho que ficou bem legal.
No meio da bagunça, cabem sorrisos, piadas, caras boas, animação, bom humor. Não estive no Ipiranga, diante do Instituto Lula, mas não imagino que a cumpanheirada esteja muito alegre.
Somos o povo oprimido.
Eles são o Exército Imperial.
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Uma curiosidade: um petista resolveu peitar a multidão de coxinhas.
Sujeito de imensa coragem.
Mora no Baronesa de Arary, na esquina de Paulista com Peixoto Gomide, junto do Trianon, na diagonal do Masp. Sua janela dá de frente para a Paulista, ali pelo 18º andar, algo assim.
Cheio de brio e amor por seu partido, ali pelas 16h30 botou uma camisa vermelha para fora da janela, .
A multidão de coxinhas vaiou estrepitosamente. Vocês sabem, né?, os coxinhas burgueses zelite de zóio azul somos muito bem alimentados, e temos pulmão forte.
O bravo petista continuou fazendo tremular a camiseta-bandeira vermelha. Um herói do povo brasileiro.
Interessante foi que, logo acima da janela dele, alguém botou pra fora uma bandeira do Brasil.
O locutor do carro de som que estava postado exatamente naquele ponto da Paulista com Peixoto Gomide era um sujeito de algum jogo de cintura. Falou com o petista que nós, os manifestantes, democraticamente respeitamos a opção dele. Pena é que ele tenha sido traído pelos chefes de seu partido, que estragaram o país, roubaram, e coisa e tal.
A multidão, ensandecida, tinha gritado “pula, pula, pula”.
O locutor tinha jogo de cintura, mas estava, como todos os brasileiros estamos, contaminado pelo espírito de Fla x Flu, nós x eles, e então saiu-se com o seguinte: – “Mas, amigo, não pule, não, porque se você pular vai machucar algum destes brasileiros decentes que estão aqui lutando por um Brasil melhor.”
Ô meu Deus!
Como diria o Ancelmo Gois: calma, gente!
16/8/2015,
A foto grande, no alto, é de Felipe Araújo/Estadão. As outras são minhas.
PERFEITO. Só discordo que a manif foi a maior desde o FORA COLLOR. As de junho de 2013 – de que participei animadamente – foram maiores e ainda mais ‘espontâneas’, linds. Acho que estas perderam “o moentum” – demoraram muito, e esse tipo de reação tem de ser mais em cima da bucha. No PLanalto o ‘gabinete da crise’ está reunido – e todos os ministros vão dizer exatamente o que vc adiantou. A ordem, segundo ouvi agora na BANDA, é “não dar muita valoração” às manifes. A presidente pede que se diga que isso é apenas normal numa democriacia. Acho que eles estao pegando as rédeas nas mãos de novo. Olho vivo, tempo pela Op. Lava-Jato.
Muito bom! Adorei a comparação com a Roma Imperial.
Na primeira vez em que li o texto, ainda não havia tido a segunda atualização. Sabe que gostei da saída do locutor? Sou mais a frase dele do que os gritos de “pula, pula, pula”, pois sou contra o suicídio, mesmo que o de um petista chato e fanático (pleonasmo) em alto grau.
Enfim, “nós somos muitos, não somos fracos”… Só não podemos esmorecer. Vamos, Braseel!
Grande Juos… Cada mensagem sua aqui me enche de alegria.
Cecília, as manifestações de 2013 foram importantíssimas, sem dúvida alguma, mas se concentraram em alguns poucas grandes capitais. As manifestações do Fora PT, Fora Dilma estão espalhadas pelo país inteiro. Neste domingo houve manifestações de algum vulto em mais de 180 cidades do interior! Mary fez um extraordinário levantamento de fotos dessas manifestações em diversas cidades como Colatina (ES), Gurupi (TO), Juazeiro (BA). Manifestações politicas e politicamente importantes maiores que as atuais, só as do Fora Collor.
Um abraço às duas amigas!
Sérgio
A imprensa responde as indagações e constatações.
Em texto publicado pela manhã, o “Financial Times” disse que os protestos deste domingo aumentam a pressão sobre o já enfraquecido governo Dilma, mas destacou que apesar da tensão política, as manifestações ocorreram em clima de festa.
“Uma atmosfera pacífica de carnaval caracterizou a maioria das marchas, que foram amplamente mobilizadas por redes sociais, com muitos manifestantes caminhando com crianças pelas ruas do país.”
“A raiva popular tem sido alimentada pela piora da economia, que deve encolher 2% neste ano, e por revelações quase diárias de corrupção na Petrobras, a estatal energética de onde bilhões de dólares foram desviados em pagamentos ilegais a políticos”, diz o jornal de economia”.
O jornal inglês “The Guardian” também mencionou o clima de festa, mas ressaltou que os manifestantes não estavam todos felizes. “Com famílias e amigos fazendo selfies e socializando sob um forte sol de inverno, a manifestação foi bem-humorada. Mas os participantes estavam claramente com raiva. Do alto de um sistema de som, um homem vestido como Capitão América lembrava à multidão que ‘isso não é carnaval”’,
Segundo o Datafolha o protesto deste domingo levou 135 mil a Paulista, porém as maiores manifestações populares foram a marcha para Jesus em 2012 e a parada GAY com 270 mil no mesmo ano. As jornadas de junho de 2013 levaram 110 mil e o fora Collor em 1992 levou 70 mil.
A festa carnavalesca me fez lembrar e cantarolar a marchinha… se a canoa não virar, olê , olê, olá…eu chego lá.
“É uma maravilha ver a quantidade de crianças que os pais levam para participar da manifestação. Afinal, em boa parte é em nome deles que queremos resgatar, tomar de volta o país tomado de assalto pelo lulo-petismo. Queremos todos um país melhor para nossos filhos e netos.”
O absurdo de expor crianças ao ódio fundamentalista nos protestos
Esses meninos e meninas precisavam ser salvos desses monstros. Mamãe e papai sentem orgulho de perceber que os pequenos são como eles. Os garotinhos ficam felizes ao notar que, repetindo o discurso de ódio, recebem em retorno alegria e reconhecimento dos mais velhos. Que tipo de sujeito acha legal levar as crias para ver uma pessoa como Marcello Reis ser aclamada num carro de som?
16 de agosto: Elite perfil Versace.
Assistindo às manifestações
Do dia dezesseis de agosto
Vi enormes multidões
De coxinhas cujos rostos
Exibiam largos sorrisos
E apoiavam o golpismo
Como cúmplices de um crime
Mas o mais interessante
Foi não ver manifestantes
Que tivessem a cor de kibe.
Numa determinada hora
Tive uma confusão geográfica
Porque a Paulista virou Europa
Sem descendentes da África
Também não vi aparecer
Nenhum manifestante classe “C”
Entre os rostos perfil Versace
Então cheguei à conclusão
De que aquela manifestação
Era uma guerra de classes.
Mas tudo terminou em paz
Porque só um dos exércitos
Foi suficientemente capaz
De sair implorando ao pretérito
Para voltar e ocupar o presente
Tornando o Brasil novamente
Um País para que só a elite usufrua
Mas esse protesto deixou uma lição:
“Somente é válida a manifestação
Que leve todas as classes às ruas”.
Eduardo de Paula Barreto
17/8/2015
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Grande Miltinho, sempre nos deixando bem informados sobre o ponto de vista dos petistas. Ou, pelo menos, sobre o tipo de interpretação dos fatos que a direção do PT apresenta para sua fidedigna militância, não é, Sérgio?
Corrigindo:fiel militância.
Faço minha parte, Valdir.
Corrigindo, fidedigna militância.
Luiz Carlos, em geral, é assim que funciona mesmo: a direção do PT faz a interpretação dos fatos e distribui para os fiéis militantes, que, como cordeirinhos, repetem aquelas palavras de ordem.
A interpretação que o PT dá aos fatos não tem nada a ver com a verdade, a lógica, a coerência.
Mas o Miltinho, Luiz Carlos, o Miltinho é um caso à parte. A interpretação que o Miltinho dá aos fatos também não tem coisa alguma a ver com a verdade, a lógica, a coerência – mas é um tanto diferente da versão oficial do PT. Às vezes é ainda mais mirabolante.
O Miltinho é uma figura sui generis. Se ele não existisse, seria preciso inventá-lo.
Abração.
Sérgio
Eu apreciava mais o Miltinho marineiro. Pena que após o João Santana ter explicado tão gentilmente que a moça não passava de uma agente a serviço dos banqueiros para tirar a comida da mesa das crianças e destruir a floresta, o Miltinho, decepcionado, tenha aderido ao criptopetismo. Volte para a Marina, Miltinho.
Tô nessa campanha também!
Marinas neles, Miltinho!
Como você mesmo dizia, nos seus saudosos tempos de marineiro, Marinas neles!
Sérgio
Direitosos \mas tortuosos companheiros, se esta for a saída, MARINAS NELES.