Marina de Wall Street

Campanhas eleitorais produzem milagres.

Transformam Neca Setúbal, por exemplo, a notável educadora de 2012 convidada a integrar o governo revolucionário do cicloviário Fernando Haddad, num pérfido logotipo do Itaú interessado em obter perdão de suas dívidas e defender a autonomia do Banco Central para agradar a neoliberal Marina Silva, seringueira de Wall Street.

Marina de Wall Street quer, num golpe de mestre, tirar a comida da mesa das crianças brasileiras para reforçar o banquete dos banqueiros.

En passant, a seringueira quer eliminar o Bolsa Familia, o 13o salário, as férias, o salário mínimo e acabar com esse mar de abundância que passou a assolar a mesa dos pobres brasileiros depois que o PT colocou a miséria fora da lei.

Mas isso Marina de Wall Street não vai conseguir porque o coração valente de Dilma Rousseff não permitirá que aconteça, “nem que a vaca tussa”.

Estamos falando apenas dos lances mais edificantes e mais educativos da campanha eleitoral. Há também as baixarias, como a ameaça daquele Stédile – dos-sem- terra, de colocar sua gente nas ruas “todos os dias” para evitar que a ex-fada da floresta, mesmo que escolhida equivocadamente pelo povo, aplique o veneno neoliberal diretamente nas veias da Nação.

No pasarán!

E os que já passaram não querem nem pensar em comprar o bilhete de volta.

Alternância de poder, desde que seja uma alternância interna – esse parece ser o lema da versão revista e reduzida do tipo de democracia com o qual o PT sonha nas noites de verão.

Uns 40 mil cargos de confiança clamam aos céus: daqui não saio, daqui ninguém me tira.

Os deuses primeiro enlouquecem aqueles a quem querem castigar. O “abraço” na Petrobrás, liderado por ex-lider sindical e ex-presidente da República com o rosto visivelmente afogueado e a fala transtornada, exala desespero.

O tratamento que estava reservado aos inimigos de alma, os tucanos de sempre, gêmeos separados no nascimento, teve que ser desviado à criatura nascida e aleitada no mesmo berço, ungida não só pela infância pobre e uma história de vida semelhante à daquele que acredita que o Brasil é obra dele, mas também por uma trágica viuvez política que aumentou seu ar de madonna addolorata e seu cacife de votos.

Como Marina não é elite branca, não é liberal, como teve uma origem pobre, como é magra, frágil, diáfana, não é gerentona, nunca teve uma loja de R$ l,99 nem pode ser chamada de tucana, o PT não sabe como desconstrui-la sem dar um tiro na própria cabeça.

Talvez por isso Lula e o PT não saibam o que fazer com a faca que colocaram entre os dentes.

Marina de Wall Street, definitivamente, foi a mais indigente das invenções retóricas de seus intelectuais organicamente serviçais.

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 19/9/2014. 

Um comentário para “Marina de Wall Street”

  1. De dentro do PT surgiu uma tucana. Só falta o tucanato absorver sua autofagia e de vez sedimentar a derrota da república sindical.
    Marina se mostra a única via para a derrota do PT, resta realocar os 40 mil cargos e realizar as alianças que certamente caminham nos interêses de Wall Steet.

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