O peito de peru na chapa ganhou os ares! Ainda deve haver padarias de bairro em que o freguês, com dinheiro curto, achega-se ao balcão e pede o sanduíche. O balconista repete a ordem ao chapeiro, vibrante: “Sai um peito de peru na chapa”. Continue lendo “Assim na padaria como no céu”
O menino, o benzedor e a galinha preta
Nasci em Nova Europa, região central do Estado de São Paulo, mas ainda recém-nascido fui levado por minha mãe para a Mombuca, uma seção da Fazenda Guatapará, um enorme latifúndio de 17 mil hectares espalhados pelo município de Ribeirão Preto, onde passei parte da minha infância convivendo com as sequelas da pólio. Continue lendo “O menino, o benzedor e a galinha preta”
Volume morto
Em benefício do fígado e do bolso, a lei seca baixou aqui em casa nas segundas e terças. No resto da semana, tomamos os drinques regimentais, em um happy hour tardio. Continue lendo “Volume morto”
Ser pé-de-cana é direito de todo cidadão
Roraimense é pé-de-cana como qualquer brasileiro que goste de uma abrideira, aca, aço, a do ó, água-benta, água-bruta, água de briga, água de cana, água que gato não bebe, água que passarinho não bebe, aguardente, aguarrás, águas de setembro, alpista, aninha, arrebenta-peito, assovio de cobra, azougue, azuladinha, azulzinha, bagaceira, baronesa, bicha, bico, birita, boa, borbulhante, boresca, branca, branquinha, brasa, brasileira… Continue lendo “Ser pé-de-cana é direito de todo cidadão”
Eu, Pierre Trudeau e o tuxaua Lourival
Assim que desembarcou em Boa Vista, em setembro de 1988, o ex-primeiro-ministro do Canadá, Pierre Trudeau, me ligou pedindo para que eu o assessorasse por aqui. Levei um susto, pois nem sabia que ele viria ao território. Fui informado de que consultara alguém do Estadão – não disse exatamente quem – para saber quem era o correspondente em Roraima, pois queria que o acompanhasse na visita a uma aldeia indígena. Continue lendo “Eu, Pierre Trudeau e o tuxaua Lourival”
O método Geisel de parar de fumar
Estou usando o método Geisel de parar de fumar sem dor.
Já tenho experiência nisso. Parei durante alguns anos, graças aos chicletes de nicotina. Nunca usei o adesivo. Sou ansioso e não dá para mastigar adesivos. Continue lendo “O método Geisel de parar de fumar”
O assalto ao Bradesco
No início de 1980 passei a dividir a chefia de Reportagem Geral do Estadão com José da Silva (nome fictício), um dos sujeitos mais agitados que conheci. Na mesma época, por indicação do Faustão, então repórter esportivo, fui chefiar a Reportagem do sistema Globo de Rádio (Globo AM e Excelsior FM), que alimentava dois radiojornais. Continue lendo “O assalto ao Bradesco”
O santeiro e o galo voador
Não sei bem em que ano foi precisamente, mas sei que foi lá pelo começo dos anos 50, disso tenho certeza. No terreirão que separava a frente da nossa casa da estrada, minha família costumava montar uma fogueira de mais de três braças e erguer um mastro no 23 de junho, véspera de São João. Continue lendo “O santeiro e o galo voador”
O mistério do sofá
Nem Freud explica o sofá. É verdade que o negócio dele era divã. Mas a moderna psicanálise poderia pelo menos nos dizer por que mulheres gostam tanto de sofá. Continue lendo “O mistério do sofá”
O amestrador de rola-bosta
O Cotingo herda o Uailan, de curta distância entre seu nascedouro no monte Roraima e as fraldas da cadeia de montanhas do maciço das Guianas, e desce cortando o lavrado em busca do Surumu, já em terras de Pacaraima. Continue lendo “O amestrador de rola-bosta”
Alma penada na fazenda do Rockfeller
A pequena floresta, que me disseram ser encantada, empurrada pelos canaviais em direção às barrancas do Rio Jacaré, já não guarda mais os mesmos mistérios dos anos 40 do século passado. Mas quando a vi pela última vez, lá pelos idos dos anos 80, ela fez minha imaginação viajar na garupa de velhas lembranças trazidas da primeira infância. Continue lendo “Alma penada na fazenda do Rockfeller”
A promessa
As tempestades de setembro já eram poucas e esparsas, anunciando o fim do inverno amazônico. A passarada espalhava-se pela mata, onde fruteiras generosas ofereciam abundância e variedade capazes de alimentar bandos e bandos de araras, papagaios, jandaias, tucanos, sabiás, assanhaços e tantos outros da vasta fauna que habita o extremo norte. Continue lendo “A promessa”
Macaco!!!, macaco!!!, macaco!!!…
No embalo de mais uma ofensa racista entre as muitas que têm ocorrido nos campos de futebol do Brasil e mundo afora, esta última, a de torcedores do Grêmio contra o goleiro santista Aranha, me leva a viajar no tempo para resgatar um episódio que testemunhei há uns 20 e tantos anos. Ele me serve para mostrar como nem sempre as coisas são como nossos olhos vêem e nossos ouvidos escutam. Continue lendo “Macaco!!!, macaco!!!, macaco!!!…”
A viagem do Dr. Antônio
Causou-me profunda tristeza a morte, no domingo à noite, aos 86 anos, do cidadão brasileiro Antônio Ermírio de Moraes. Foi a perda de um ser humano que fez parte da minha vida, mesmo sendo ele um dos mais destacados empresários do país e eu apenas um modesto jornalista. Continue lendo “A viagem do Dr. Antônio”
Família de mudança implora para que levem
Família de mudança vende. Vende, cede, doa, dá, implora para que levem. Só com a casa vendida, e um apartamento em vista, nos demos conta do volume de tranqueiras que havíamos acumulado durante décadas, amorosamente, para enfeitar o nosso lar… Continue lendo “Família de mudança implora para que levem”