Construíram a maior máquina de sonhos que a humanidade conheceu. Tecida a luz e sombras, cerzida a estrelas. Tudo projectado em milhões de gigantescos ecrãs que disseminaram uma diáfana ilusão sobre brancos e negros, indianos ou japoneses. Papuas, mesmo esquimós, terão tido a sua convulsão a chiaroscuro ou technicolor. Continue lendo “O dono dos sonhos”
A voz rouca do poder
Conheço todos: Maria foi à manifestação por causa do preço dos ônibus; Pedro foi porque é petista; João foi porque não gosta do PT; Antonio foi porque é contra a corrupção; Alfredo foi porque é contra a “cura gay”, embora não saiba o que vem a ser isso; Lúcio foi porque é contra a PEC 36, que não sabe distinguir da 37, ou da 99, ou de qualquer outra; Ricardo foi porque quer uma passarela mais próxima para cruzar a estrada; Lúcio foi porque adora futebol mas é contra o dinheiro público enterrado nos estádios da Copa. Continue lendo “A voz rouca do poder”
A falência múltipla dos órgãos
Gosto muito do programa Painel, da Globo News, apresentado pelo jornalista William Waak. Sério, com bons convidados, temas sempre atuais e importantes, é um programa que ensina. Só dois reparos: o tempo é curto e o jornalista às vezes se entusiasma e fala mais que seus entrevistados… Continue lendo “A falência múltipla dos órgãos”
O PT afônico
O PT nunca amargou desilusão tão profunda: as ruas se abarrotaram de gente sem que o partido as mobilizasse. Gente que, em sua maioria, prefere que a “onda vermelha” convocada, oportunista e extemporaneamente, pelo presidente da sigla Rui Falcão, fique longe. Continue lendo “O PT afônico”
O avanço alemão
“Pode uma nação que arrota compreender uma nação que canta?” A lamúria é de um italiano, o general Sebastiano, a quem o germânico marechal-de-campo Erwin Rommel, acaba de proibir que cante as amadas árias, de Puccini ou Verdi. Continue lendo “O avanço alemão”
Sem lírios no campo
Não confunda vândalos com indignados.
Eles podem até andar juntos mas não são unidos pelos mesmos ideais. Uns querem quebrar caixas eletrônicos, depredar ônibus e levar umas roupas ou umas TVs de plasma das lojas Marisa. Continue lendo “Sem lírios no campo”
Coisa do demônio
Em qualquer atividade e para qualquer um, perder uma oportunidade é deixar passar uma chance que poderia ser única. Continue lendo “Coisa do demônio”
O bastardo
“Bastard.” Foi a primeira coisa que Louis B. Mayer disse a Billy Wilder, mal acabou a projecção privada de Sunset Boulevard. Repare-se na economia da língua que os americanos usam. Continue lendo “O bastardo”
Diga conosco: Lu-lo-dil-ma
Leio no Painel da Folha de S. Paulo de 13/06/2013:
“Receita: Aconselhada a tomar uma “injeção de Lula”, a presidente cancelou a viagem que faria ao Rio hoje para se encontrar com o ex-presidente em evento do PT no Paraná. Dilma remarcou para amanhã a ida à capital fluminense, onde vai anunciar investimentos na Rocinha”. Continue lendo “Diga conosco: Lu-lo-dil-ma”
Ópera de um vintém
Não se fazem mais revoluções como antigamente.
Como escreveu no Facebook uma velha amiga jornalista, agora se luta por 10 centavos no preço da passagem de ônibus. Continue lendo “Ópera de um vintém”
A república do “eu não sabia”
Nenhum governante deveria mentir. Muito menos institucionalizar a mentira. Oferecer-se ao público e, de cara lavada, dizer que não sabia o que todo mundo sabe que o dirigente sabia. Ainda que se dê o benefício da dúvida e se admita que por vezes governantes não saibam o que se passa embaixo de seus narizes, é impossível admitir o não saber como padrão. Continue lendo “A república do “eu não sabia””
A cada um a sua way
Encandearam-no os olhos dela. David O. Selznick, o mais poderoso produtor de Hollywood, era uma torrente de energia, poder e emoção. A cabeça, as mãos e os bolsos dele tinham feito Gone With the Wind. Trouxera Hitchcock para Hollywood como, mais tarde – já outra humanidade – se levaria Mourinho para o Chelsea ou Chamartin. Continue lendo “A cada um a sua way”
Montanha russa, um estilo
Pode ser que seja um método. Pode ser que seja um estilo.
Depois que declarou que faria “o diabo” pela reeleição, a presidente Dilma Rousseff, cujo favoritismo em 2014 está longe de correr perigo, acelerou o seu modo montanha russa de administrar; o que está lá em cima hoje, pode estar lá embaixo amanhã. Continue lendo “Montanha russa, um estilo”
A educação que se dane
Aloizio Mercadante. Esse é o nome que a presidente Dilma Rousseff sacou para auxiliar na articulação política do governo, que degringola dia após dia, ainda mais depois que o ex-presidente Lula inventou de antecipar o calendário eleitoral de 2014. Continue lendo “A educação que se dane”
A doença que James Dean inventou
Ele morreu vestido dentro de um Porsche desfeito. Ela morreu nua, numa cama de solidão. Há qualquer coisa em comum na morte deles. Salvaguardadas as episódicas diferenças, morreram da mesma morte. Aos destroços do Porsche de Dean, aos torturados vincos dos lençóis de Marilyn, perfuma-os idêntica angústia.