A luta pelo cérebro vermelho

Quando o eloquente Adlai Stevenson disputava a presidência dos EUA com Dwight Eisenhower, uma mulher entusiasmada disse ao candidato Democrata, depois de um comício: “Todo ser pensante vai votar em você”, ao que Stevenson supostamente respondeu: “Senhora, isso nao é suficiente. Preciso da maioria”. Continue lendo “A luta pelo cérebro vermelho”

Não existe esse troço de melhor filme de todos os tempos

Cidadão Kane é o melhor filme jamais feito. Durante meio século, essa verdade foi martelada na nossa cabeça. Recentemente, surgiu uma lista, vinda da Inglaterra, que subvertia essa verdade meio-secular: Um Corpo que Cai, sim, é o melhor filme que jamais foi feito. Continue lendo “Não existe esse troço de melhor filme de todos os tempos”

No clichê abaixo…

Adoro a expressão: “No clichê acima, um aspecto de…” tal e tal coisa.

Coisa antiquíssima. Pouquíssima gente hoje sabe o que isso significa; pode-se até dizer ninguém, no lugar de pouquíssima gente. Continue lendo “No clichê abaixo…”

A luva branca

Usava luvas. E, filho de mãe de ori­gem fran­cesa, uma desi­lu­dida ben­gala aris­to­crá­tica. Escre­via tão bem como se ves­tia. Uma ele­gân­cia cép­tica em cada frase. Um ela­bo­rado ritmo des­cri­tivo que sugere acção e intriga onde acção e intriga quase não exis­tem. É pre­ciso talento. E com­bi­nar bem tumul­tu­o­sos subs­tan­ti­vos com dis­cre­tos adjectivos. Continue lendo “A luva branca”

O bocejo das urnas

Para quem se dedica a olhar o mundo pelo universo das redes sociais, ou até mesmo da imprensa convencional, o segundo turno das eleições, principalmente as de prefeito de São Paulo, parece antecipar a batalha do Armageddon – o conflito final. Continue lendo “O bocejo das urnas”

Os com-moral

Derrotado no primeiro turno por Paulo Maluf, por 32,2% contra 22,9%, e com apenas 70 mil votos de frente sobre a terceira colocada Marta Suplicy, em 1998, Mario Covas virou o jogo e se reelegeu a partir de um mote único: moral. Continue lendo “Os com-moral”

Três balas e uma laranja

Enter­re­mos hoje os nos­sos sonhos como ontem Michael Cor­le­one enter­rou os dele. Foi no pri­meiro, o mais per­feito The God­father. Don Vito Cor­le­one já fora bale­ado antes. Ouvira-se o baru­lho seco dos tiros e o Padri­nho dan­çara hesi­tante, um pé a fugir ao outro, o vulto patri­ar­cal a tom­bar sobre uma banca da fruta e legu­mes. Duas, tal­vez três balas no corpo, e uma laranja a rolar no can­sado alcatrão. Continue lendo “Três balas e uma laranja”

Alegria sem graça

Estava muito alegre ao abrir o jornal ontem e ver aquela série de fotos de todos os condenados pelo STF, com os crimes cometidos por eles bem explicados ao lado, quando então fui tomada por um sentimento de tristeza e desânimo acentuado. Continue lendo “Alegria sem graça”