Suely era tão paulistana que nasceu no dia do aniversário da cidade. Em um hospital da Moóca, como me contou algumas vezes – mas já não lembro mais exatamente por que a Móoca, se era lá que seus pais moravam, antes de se mudarem para a Casa Verde. Parque Peruche, mais exatamente. Continue lendo “Suely”
O inimigo número 1 do governo é Lula
Quando os três maiores jornais do país dizem exatamente a mesma coisa em seus editoriais, no mesmo dia, é bom prestar bastante atenção: a possibilidade de eles estarem defendendo o ponto de vista que é melhor para o Brasil é imensa – para não dizer total, absoluta. Continue lendo “O inimigo número 1 do governo é Lula”
Nunca antes na História
Acabou
O Capitão das Trevas sai de cena do jeito que sempre foi: grosseiro, tosco, sem um pingo de educação, de respeito às instituições e às pessoas.
Em seu primeiro pronunciamento após os dois meses de silêncio, falou como sempre falou: de maneira confusa, sem clareza, sem limpidez. Mas o recado que tentou passar para seu gado poderia ser resumido em algo assim:
– Eu bem que tentei dar o golpe, mas, pô, não tive a ajuda que eu esperava. Aí não deu, então desculpa aí qualquer coisa, talkey?
Um monstro. Um rato. Um verme.
Riocentro às avessas
Quiseram repetir o Riocentro e se deram mal. Em 30 de abril de 1981 a bomba explodiu no colo de um dos dois militares à paisana que estavam dentro de um Puma estacionado em frente ao centro de convenções no Rio de Janeiro. O que estava manuseando a bomba morreu despedaçado na hora e o outro, que estava na direção, foi levado em estado gravíssimo para o hospital. Continue lendo “Riocentro às avessas”
O Brasil devastado (2)
“A impressão que se tinha é de que não havia gestão e que tudo era decidido aleatoriamente.”
“Os dados dão a entender que o governo Bolsonaro aconteceu na Idade da Pedra, em que não havia palavras ou números.” Continue lendo “O Brasil devastado (2)”
O prazer de remar contra a maré
Fiquei profundamente, apatetadamente triste com a eliminação do Brasil na Copa do Mundo do Catar. Ao mesmo tempo, vi que estava tendo reações completamente diferentes das de boa parte das pessoas. E, diacho: não acho ruim essa coisa de remar contra a maré, não. De forma alguma. Continue lendo “O prazer de remar contra a maré”
O telhado caiu
Augusto acordou assustado, sufocado pelos escombros do telhado que caíra. De tanto esperar pela queda, sonhou com ela, telhas e vigas desabando sobre ele, vigia inútil de um templo esquecido. Continue lendo “O telhado caiu”
O Brasil devastado (1)
Vai ser muito difícil o Brasil ter um quadro completo da destruição deixada, em todas as áreas, pelos quatro anos de desgoverno de Jair Bolsonaro. É muita destruição – ampla, geral, irrestrita –, desde os efeitos mais visíveis no desmonte das estruturas dos Ministérios, em especial os da Educação, Saúde e Meio Ambiente, até a erosão de valores morais e do respeito à ordem constitucional. Continue lendo “O Brasil devastado (1)”
Semelhanças, diferenças
Não há dúvida de que existem semelhanças entre o que mostram as duas imagens acima. As manifestações petistas pediam algo irracional, ilógico, absurdo. As manifestações bolsonarista pedem algo irracional, ilógico, absurdo. Continue lendo “Semelhanças, diferenças”
Os golpistas estão trabalhando a toda
“Já se passaram três semanas das eleições, e o movimento golpista segue vivo. Apesar de politicamente isolado e sem expectativa razoável de êxito, continua mobilizado num patamar elevado, ainda que decrescente.” Esse é o início do artigo de Pablo Ortellado no Globo deste sábado, 19 de novembro, em que, por volta do meio-dia, havia 27 interdições de rodovias em quatro Estados, e, diante de quartéis em Brasília, no Rio, em São Paulo e outras capitais, manifestantes bolsonaristas continuavam questionando a vitória de Lula e pedindo nova eleição e intervenção militar. Continue lendo “Os golpistas estão trabalhando a toda”
Run Run se fué pa’l Norte, no sé cuándo vendrá
A gravação do conjunto Inti-Illimani de “Run Run se Fué pa’l Norte”, feita ali por 1970, 1971, tem perto de 4 minutos e meio – e, em sua maior parte, é instrumental. Iletrado, como gosto de brincar. Os belos versos de Violeta Parra ficam na abertura, bem curta, e depois no encerramento. Todo o meio da gravação é instrumental – e o Inti-Illimani é um grupo de instrumentistas absolutamente brilhantes. Continue lendo “Run Run se fué pa’l Norte, no sé cuándo vendrá”
Há um país a pacificar
No décimo-primeiro dia após vencer a eleição presidencial e, assim, afastar do país a perspectiva tenebrosa, apavorante, de um segundo mandato do pior chefe de Estado da História, Lula pisou no tomate. Continue lendo “Há um país a pacificar”
Gal
Gal Costa conseguiu a proeza fantástica de ser, ao mesmo tempo, uma fiel discípula de João Gilberto – voz cool, intimista, branda, macia, controlada – e uma versão baiana de Janis Joplin – voz solta, alta, agressiva, forte, com o canto “explosivo, emocionado, rasgado, rouco, pura emoção”, como ela mesma diria. Continue lendo “Gal”
Sem texto sobre política, pelamordeDeus!
Dias atrás saiu Here It Is: A Tribute to Leonard Cohen. Pensei em escrever dois textos – um sobre o disco em si, o outro sobre como ele demonstrou que eu mudei completamente minha forma de ouvir música e meu relacionamento com os suportes físicos. Outro dia ouvi “Father and Son” e me ocorreu escrever um texto sobre a canção icônica, que eu ouvia me identificando com o filho quando era adolescente e agora ouço achando que o pai está tão certo quanto o filho. Continue lendo “Sem texto sobre política, pelamordeDeus!”