O país tem que escolher: ou Bolsonaro ou a vida

Na semana em que se completou um ano exato do primeiro diagnóstico de infectado pelo novo coronavírus no país, o Brasil está vivendo o pior momento da pandemia que é a mais grave crise sanitária do planeta em um século – e o presidente da República chegou ao cúmulo, ao absurdo, ao crime inominável de discursar contra a arma básica para enfrentar a doença, a máscara.

Já chamou de gripezinha, já disse que a pandemia estava no fim, já chamou de maricas quem teme a doença. Só falta discursar contra água e sabão.

Exatamente no mesmo dia em que o país registrou oficialmente mais de 250 mil mortos pela Covid-19, a quinta-feira, 25/2, o sujeito fez um longo discurso contra o uso de máscaras, usando como argumento um inexistente estudo alemão.

Na mesma semana em que vários Estados anunciavam que o número de vagas nas UTIs estava praticamente no fim, e alguns já tinham filas de espera – só abrindo vaga para um doente grave quando outro doente grave morresse –, o néscio, incompetente, beócio general que Jair Bolsonaro nomeou para ministro da Saúde enviava para o Amapá as doses de vacina destinadas ao Amazonas, e vice-versa.

O diretor de Emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), Mike Ryan, disse na sexta-feira que o Brasil vive “uma tragédia” – e recomendou medidas urgentes para conter o contágio.

Na mesma sexta-feira, Bolsonaro, que nos dias anteriores já havia feito viagens de campanha eleitoral pelo Paraná e Acre, sempre provocando aglomerações, sempre discursando sem máscara, vomitou no Ceará diatribes contra os governadores que, obedecendo às normas básicas, fundamentais, dadas pelos especialistas como os da OMS, agem para diminuir a movimentação das pessoas e assim tentar diminuir a contaminação pelo vírus.

O jornal O Globo ouviu quatro ex-ministros da Saúde, que serviram a presidentes de diferentes partidos. O diagnóstico deles é bem parecido com o do diretor da OMS, com a indicação de qualquer cientista ou médico bem formado

“O ministério parece perdido. Não vejo caminho diferente de lockdown total de 14 dias.” (José Serra)

“Tem que ir na raiz, a circulação do vírus. Fecha tudo, por três semanas.” (José Gomes Temporão)

“Defendo um comitê de crise. Tem que haver mobilização pela vida.” (Alexandre Padilha)

“É preciso liderança em saúde. E, em alguns lugares, lockdown absoluto.” (Nelson Mandetta)

O diagnóstico é claro, cristalino: lockdown, comitê de crise. O país precisa de lockdown e comitê de crise.

O quanto antes.

Para diminuir o número de mortes diárias – que nunca esteve tão alta.

Para tentar evitar o colapso total do sistema de saúde, é preciso lockdown e comitê de crise.

Com Bolsonaro – é óbvio – isso é impossível.

Portanto, é preciso tirar Bolsonaro de lá.

O quanto antes.

A cada dia que passa morrem mais de mil brasileiros. Há menos vagas nas UTIs.

É preciso tirar Bolsonaro de lá o quanto antes. Imediatamente.

#ImpeachmentBolsonaro

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Faço questão de acrescentar ao meu texto este trecho aqui do artigo da sempre ótima Dorrit Harazim em O Globo do domingo, 28/2. Dorrit expressa muito melhor que eu o horror que Bolsonaro representa.

“O papel de Jair Bolsonaro na devastação humana atingiu um patamar sem volta. Será julgado pela História, o que não lhe importa. Ser condenado pelo Brasil pensante até o alimenta. E ser amaldiçoado por pais, filhos e netos, parentes e dependentes, amigos e colegas dos que não precisariam morrer parece lhe ser indiferente. O presidente é um humano esquisito. Parece feito de um material impermeável à dor alheia. “A verdade é que ninguém chega impunemente a presidente da República”, lascou o Stanislaw Ponte Preta em tempos mais inocentes. Bolsonaro consegue superar a verve de Sérgio Porto: além da sombria bagagem que trouxe para a Presidência, ensandeceu no poder.

Difícil explicar de outra forma sua live semanal da quinta-feira, 25. Naquele dia o Brasil ultrapassara a montanha de 250 mil mortos por Covid-19 em um ano e chegara ao patamar mais alto da contagem diária de óbitos: 1.582. Ouvir o presidente tagarelar sandices contra o uso de máscaras e o isolamento social, naquele seu tom informal salpicado de algo parecido com um ricto/riso, foi horrendo. Foi obsceno.”

27 e 28/2/2021 

Este post pertence à série de textos e compilações “Fora, Bolsonaro”. 

A série não tem periodicidade fixa.

Só o julgamento da História não basta: a Justiça tem que punir Bolsonaro. (38)

Sobram argumentos para defender o impeachment de Bolsonaro. (37)

Impeachment, impeachment, impeachment. A palavra está no ar. (36)

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