Saúde é o que interessa!

Nunca fui muito chegada em exercícios físicos, embora saiba dos benefícios à saúde que eles nos oferecem. Pelo menos é o que dizem. É só ir ao médico que ele te manda caminhar (verdade que também te manda parar de fumar, mesmo que você não fume).

Se é assim, vamos à luta.

Hoje acordei às 6 da matina, cheia de amor pra dar pro meu velho corpo, sedentário por natureza.

Céu azul, sol brilhante, dia próprio para caminhar num parque arborizado. Então, tá esperando o que, Vera? Vambora!

E lá vou eu toda paramentada para o empreendimento ao qual me propus executar.

Pego o carro — o parque fica longe da minha casa — e já começo me perdendo na estrada. Viro aqui? Não, acho que é na próxima.

Engano meu. A próxima já era caminho para Campinas (para quem não sabe, moro em Jundiaí).

Vou procurar um retorno. Achei! É só virar à esquerda, depois à direita e voilà, tá lá a estrada que preciso pegar. Só que um desvio provocado por obras me faz entrar num bairro que não conheço. Vou no fluxo.

Oba! Cheguei na estrada, agora é ir até a rotatória lá na frente, fazer uma curva de 180 graus que logo chego à portaria do parque.

Como não domino essa parte da matemática, fiz uma curva de 90 graus e lá estou eu agora a caminho de Itatiba. Tive de rodar uns bons quilômetros até achar o caminho de volta.

Quando finalmente cheguei ao local de destino, estacionei, desci do carro, respirei fundo e comecei a caminhar.

Que lugar lindo! Olha aqueles três tucanos em cima da árvore, que gracinha! (Até os apelidei de Aecinho, Dorinha e Geraldinho.) Olha as antas passeando na beira do lago (parecia que eu estava em Brasília). Olha que árvores frondosas…

Mas logo o sol começou a castigar minha cabeça sem boné e o que, para mim, parecia ser o miolo, começou a pulsar.

Ando mais depressa para atingir a alameda sombreada, mas então tive um pouco de falta de ar, talvez pelo excesso de velocidade e também por respirar tanto ar puro de uma só vez.

Afinal, quem aguenta? (O termo “fora de forma” nem passou pela minha cabeça). Volto a um ritmo mais confortável, mas daí ando só mais um pouco porque o pé que já foi fraturado um dia me avisa que prefere as havaianas ao tênis apertado e os joelhos também mandam recado de que não estão lá muito satisfeitos com essa novidade. Hora de voltar pra casa, então!

Assim que pego a estrada minhas duas mãos começaram a formigar a tal ponto de não sentir o volante. Abro e fecho os dedos em movimentos constantes e nada! Me perguntei se infarte se manifestava nos dois braços, mas logo lembrei que só tenho um coração e que ele fica do lado esquerdo, portanto devia ser um pinçamento à toa na cervical. Comprovei minha teoria depois de, já em casa, fazer um alongamento – literalmente UM, porque acho um saco esse negócio de pega, estica e puxa, apesar da notória eficácia. Com apenas um, as formigas me abandonaram.

Já no conforto do meu sofá fico pensando no bem-estar que estou sentindo, sem “miolo” pulsando, sem falta de ar, sem dor no pé ou nos joelhos, sem formigamento e concluo: exercício físico é prejudicial à saúde!

Deu pra mim. Vou procurar um livro que ensine a perder peso e ganhar saúde deitada na rede.

Se encontrar, repasso aos outros adeptos da tática adotada por Neusinha Brizola: “Quando me dá vontade de fazer ginástica, deito e espero passar”.

Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 21/2/2020. 

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