Os Bolsonaros

È uma família estranha essa que ocupa o Planalto Central. Tiveram a sorte de receber o governo do Brasil, ocuparam todos os espaços disponíveis, mas abriram mão do dever de governar o país. Não sei se é por preguiça – governar um país deve ser uma trabalheira de louco –  ou se é apenas porque ao pegar o leme perceberam que este é um gigante adormecido que lhes é mais útil quietinho em seu canto.
Como o pai é capitão do Exército, acharam que seria uma muito boa idéia distribuir generais, almirantes e brigadeiros pelos espaços da Esplanada dos Ministérios, o que, evidentemente, daria ao capitão o Comando Total da instituição que o expulsou um dia. Seria a segunda vitória, essa sem facada alguma. Só com saliva…

Mentir é sua segunda natureza. Fazem questão de esconder a verdade. Vai ver acham muito divertido ver a cara de espanto de quem ouve suas mentiras. Parece que não conhecem o velho ditado americano: “Não estou aborrecido porque você mentiu para mim. Estou aborrecido porque de agora em diante não posso mais acreditar em você”. Ou se é que conhecem, pouco se importam de não serem acreditados.

Por exemplo, recentemente o pai garantiu que nunca se referiu à Covid-19 como “gripezinha”. Esqueceu-se dos diversos registros dele falando em alto e bom som da gripezinha que ele, que não é maricas, venceria num sopro. Como sabemos venceu, já que teve fôlego para correr atrás das emas, aquelas espertas que recusaram a inútil cloroquina…

São, na realidade, seres cujo DNA deveria se examinado pela ciência. Há de ter ali algum elemento que, substituído, seria de grande auxílio para a família.

Fazem questão de escolher entre os piores o pior de todos para ocupar as pastas essenciais, como a das Relações Exteriores. A impressão que dá é que não conheciam ninguém que algum dia merecesse figurar em nossos livros de história no quesito “grandes figuras”, então foram de Ernesto mesmo. Rapaz simples, simpático, que não se importa de repassar seu título para um dos Bolsonaros, aquele que parece ansioso para romper relações com a China. Sabe como é, para que gastar tutano em manter um diálogo aberto com o antigo Império do Centro?

Inteligentes que são, preferem dar mais valor a este Império do Sul que dominam. Não sei no que isso vai dar, mas tenho a impressão de que boa coisa não será. Isso tudo saberemos a partir de 2021. É só aguardar.

Este artigo foi publicado no Blog do Noblat, na Veja, em 29/11/2020. 

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