A eleição que arrasou com Bolsonaro e o PT

O primeiro turno das eleições municipais teve dois perdedores: Jair Bolsonaro e o PT.

Nenhum, mas nenhum, sequer um dos candidatos a prefeito nas capitais apoiados pelo presidente da República foi eleito. Nenhum dos apoiados e nenhum dos que procuraram associar seu nome ao de Bolsonaro.

E o desempenho dos candidatos do PT foi um retumbante fracasso.

Começo por Bolsonaro.

“O presidente da República assistiu a alguns reveses simbólicos”, apontou reportagem da Folha de S. Paulo: seu filho Carlos, mais uma vez candidato a vereador do Rio de Janeiro, foi reeleito, sim, mas com 35 mil votos a menos do que na eleição passada, de 2016. E não conseguiu o posto de campeão de votos. Foi o vice, com cerca de 71 mil votos. O primeiro lugar ficou para Tarcísio Motta, que teve cerca de 86 mil. Ironia pura! Tarcísio Motta é do PSOL, o partido que saiu da costela esquerda do PT.

A esquerda derrotou o filhote número 02. Logo a esquerda – que, segundo Jair Bolsonaro, saiu arrasada das eleições.

Claro que a esquerda não saiu arrasada das eleições. Muito ao contrário. PSOL, PSB e PDT tiveram um grande número de vitórias e/ou bons resultados garantindo vaga no segundo turno. . Bolsonaro, como seu ídolo Donald Trump, ou não consegue enxergar a realidade ou simplesmente mente, mente compulsivamente.

Rogéria Bolsonaro, a ex-mulher do presidente, mãe dos seus três zeros, foi candidata a vereadora no Rio. Teve 2.033 votos e não se elegeu.

Não se elegeu também a Wal do Açaí, a famosa Wal, que foi funcionária fantasma do gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados enquanto vendia açaí em Angra dos Reis. Candidata a vereadora em Angra com o nome de Wal Bolsonaro, teve  com o apoio em peso da família, incluindo o do próprio presidente. Teve apenas 266 votos.

As derrotas mais fragorosas foram em São Paulo e Belo Horizonte. Na maior cidade do país, Celso Russomanno, com o apoio declarado de Bolsonaro, largou na frente nas pesquisas, mas foi caindo, derretendo, como os jornais apropriadamente descreveram. Chegou a diminuir as referências a Bolsonaro na propaganda – mas acabou em humilhante quarto lugar, com apenas 10,5% dos votos dos paulistanos.

Na capital mineira, que reelegeu o prefeito Alexandre Kalil (PSD) com 63,37% dos votos, o candidato apoiado pelos Bolsonaros, pai e filhos, Bruno Engler (PRTB), ficou com 9,95%.

No Rio, o candidato de Bolsonaro, Marcelo Crivella (Republicanos), teve 21,9%, e vai para o segundo turno contra o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), que teve 37,01%. As chances de Crivella são bem pequenas, já que a tendência é Eduardo Paes receber boa parte dos votos de candidatos derrotados, como Marta Rocha (PDT) e Benedita da Silva (PT).

Uma das exceções aconteceu em Belém, onde o Delegado Eguchi foi para o segundo turno contra Edmilson Rodrigues (PSOL). Candidato do Patriota, o Delegado sai, no entanto, em desvantagem: teve 23,06% dos votos, contra 34,22% de Edmilson do PSOL.

Em Fortaleza, o Capitão Wagner, do PROS, chegou ao segundo turno, com 33,32%. Vai enfrentar uma parada dura contra Sarto, do PDT, que ficou em primeiro lugar, com 35,72%, e tem o apoio dos irmãos Gomes.

No Recife, a candidata de Bolsonaro, a Delegada Patrícia (Podemos), ficou em quarto lugar, com 14,06% dos votos. O segundo turno será disputado por dois candidatos de partidos de esquerda, os primos João Campos (PSB), com 29,17%, e Marília Arraes, do PT, com 27,95%.

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A ida de Marília Arraes para o segundo turno no Recife foi um dos melhores resultados que o PT conseguiu neste primeiro turno nas capitais e nas grandes cidades do país.

Apenas em uma outra capital – Vitória – o PT vai disputar o segundo turno, com João Coser, que teve 21,82% dos votos, contra 30,95% do Delegado Pazolini (Republicanos).

Candidatos do PT ficaram em segundo lugar em Natal e Salvador: o Senador Jean teve 14,38% em Natal, e o Major Denice teve 18,86% em Salvador. Só que Natal elegeu já em primeiro turno Álvaro Dias (PSDB), com 56,58% dos votos. E em Salvador Bruno Reis (DEM) também resolveu a parada de uma vez, com 64,2%.

Em todo o país, que tem mais de 5,5 mil municípios, o PT elegeu em primeiro turno 179 prefeitos, segundo levantamento do jornal O Globo. Bem menos que os 257 de 2016 e os 630 de 2012.

Na Grande São Paulo, berço do partido, foi um arraso. Aqui, 13 prefeitos se reelegeram em primeiro turno – nenhum do PT.

Em São Bernardo do Campo e Santo André, a base eleitoral de Lula, onde ele fez sua carreira como sindicalista, o PSDB venceu já no primeiro turno. Orlando Moraes teve 67,3% contra o petista Luiz Marinho, com 23,3%, em São Bernardo. E, em Santo André, Paulo Serra venceu a petista Bete Siraque de balaiada – 76,9% contra 7,4%.

Apenas em três cidades da Grande São Paulo o PT estará no segundo turno: Guarulhos, Diadema e Mauá.

Na capital, a maior cidade do país, pela primeira vez desde 1988 o PT não ficou entre os dois partidos mais votados nas eleições municipais. Seu candidato, Jilmar Tatto, amargou um vergonhoso sexto lugar, com apenas 8,65% dos votos.

Conseguiu ficar atrás até mesmo do folclórico Mamãe Falei (Patriota), que teve 9,78%.

Em São Paulo, o PT virou nanico!

O Diretório Nacional do partido tem reunião marcada para esta segunda-feira, 16/11, por videoconferência. Deve fazer um balanço do desempenho da sigla. Vai ser, muito provavelmente, uma D.R. dolorosa. Muita roupa suja pra lavar.

Alguém terá coragem de fazer alguma crítica ao caudilho mór, o dono da bola, o político mais honesto do Universo, o melhor presidente que efe país já tefe?

16/11/2020

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