O triplex, o sítio e as provas

No mesmo dia, a quinta-feira, 2 de fevereiro, os cariocas (por direito e espírito, embora não de nascimento) Ruy Castro e Nelson Motta publicaram textos preciosos, precisos, perfeitos – além de bem-humorados, o santo bom humor carioca – sobre o triplex do Guarujá e o sítio de Atibaia.

Os dois imóveis são crimezinhos de somenos importância na ficha policial de Luiz Inácio Lula da Silva. São fichinha perto do que ele e sua quadrilha fizeram com a Petrobrás, a Eletrobrás, o BNDES, os grandes fundos de pensão dos funcionários das estatais – e com o país todo, de uma maneira geral. Mas são os mais facilmente comprováveis – e por isso o caso do tríplex foi o primeiro a ser julgado, e o caso do sítio de Atibaia não deve demorar a ter uma sentença do juiz federal Sérgio Moro.

São os mais facilmente comprováveis. O triplex e o sítio estão para Lula assim como o Imposto de Renda para Al Capone. Ter sonegado Imposto de Renda era um pecadilho mínimo na carreira do gângster que dominou o crime em Chicago nas décadas de 20 e 30 do século passado. Mas foi o que o levou à cadeia.

Como os textos de Ruy Castro e Nelson Motta são absolutamente antológicos, tomei a liberdade de transcrevê-los aqui. E, mais abaixo, depois dos dois artigos do mineiro de Caratinga e do paulistano de nascimento, transcrevo uma piada que circulou esta semana nas redes, de autor desconhecido, mas que é uma chave preciosa para fechar o tema dos imóveis de Lula. (Sérgio Vaz)

***

Noites no sítio

Por Ruy Castro, Folha de S. Paulo, 2/2/2018

Depois de argumentar que Lula não poderia ser o proprietário do famoso tríplex no Guarujá por nunca ter dormido nele, sua defesa se prepara para provar que Lula também não poderia ser o proprietário do não menos célebre sítio em Atibaiajustamente por ter dormido nele e o desaprovado.

Na verdade, Lula precisou dormir no sítio por 111 noites em quatro anos para ter certeza de que não era o que ele queria. Os marrecos fazendo qüem-qüem sob a sua janela ele era obrigado a aturar, por serem uma exigência de dona Marisa. Mas junte a cacofonia de sapos, grilos e cigarras azucrinando-o dia e noite e as picadas de pernilongos, pulgas e carrapatos e qualquer juiz deduzirá que a vida agrária, campestre e pastoril não é para um animal urbano como Lula. Para piorar, nada de muito emocionante acontece num sítio, exceto talvez a inauguração de um alambique ou o abate de uma leitoa.

Quer saber? Lula sempre teve a maior antipatia pelo tal sítio, e com razão. Quando Marisa povoou o lago com os pedalinhos em forma de cisne, ele achou aquilo de uma cafonice atroz. E para quê aquela cozinha faraônica que ela não parava de reformar? Já não bastava a churrasqueira ser maior do que duas ou três unidades do Minha Casa, Minha Vida? O pesqueiro que ele mandou construir também nunca deu peixe. Uma jararaca mordeu seu cachorro. E sua fabulosa adega vivia sendo saqueada por gente que não respeitava o fato de ele ter levado 50 anos para degustar sua primeira garrafa de Romanée-Conti.

E não lhe falem da torre gentilmente instalada pela Oi para ele poder conectar-se. O sinal caía a toda hora, bem no melhor das conversas com os companheiros Delcídio, Cunha, Renan, Sarney ou Sérgio Cabral. Quem ia querer uma tranqueira como aquele sítio?

Esse sítio roubou a Lula muitas noites de sono, isso, sim.

***

Quando o barato sai caro

Por Nelson Motta, O Globo, 2/2/2018

‘Bom dia, chefe. Temos um probleminha com o apartamento do Guarujá. O GLOBO deu na primeira pagina, dizendo que a OAS está reformando o apartamento para vocês.

— Mas que filhos da puta! Querem me ferrar, né, Okamotto? Mas vão se dar mal. Vamos dar uma nota dizendo que o apartamento foi comprado pela Marisa na planta e que eu vou pagar pelas reformas. Quanto vai ser essa porra? Quinhentos mil, um milhão? Ora, isso eu pago com três palestras e dou uma banana para O GLOBO. Vê lá com o Léo Pinheiro quanto vai sair a obra. Vamos pagar essa merda e acabar com essa história.

— Boa ideia, chefe. O pessoal do Léo queria te dar de presente, e pode até parecer uma indelicadeza recusar, mas é mais seguro pagar as obras e evitar aborrecimentos para todo mundo. Ele vai entender.

— Então manda pagar logo essa merda. Mas não conta para a Marisa porque ela vai ficar puta. Ela acha que é presente do Léo, vai achar que é desprestígio meu. Sabe como é a Marisa. Depois eu explico para ela.

Poderia ter pago a reforma até em dez vezes, numa cortesia do Léo Pinheiro. E depois poderia vender o tríplex valorizado com grande lucro. Só que não. Nunca o barato saiu tão caro.

A essas alturas, Lula já tinha um patrimônio de mais de R$ 10 milhões, construído com seus salários presidenciais e suas palestras de R$ 300 mil, com nota fiscal e impostos pagos, tudo nos conformes.

— Chefe, como é que vamos fazer com o sítio de Atibaia?

— Pô, japa, não enche o saco. Deixa em nome do Jonas e do Bittar e pronto, eles são de confiança total. E as obras são assunto da Marisa e do Bumlai.

— Mas, chefe, por que não botar em seu nome depois das obras? Fica tudo legalizado. É menos de um milhão, uma merreca para o seu patrimônio, você tem recursos para comprar dez sítios como esse.

— Ah é? Já imaginou o carnaval que vão fazer? Vão dizer que eu estou milionário. O sítio hollywoodiano do Lula vai sair na “Caras”. Vai pegar muito mal com o PT. E o que é que eu vou dizer para os pobres? Nem pensar. Deixa em nome dos meninos, e vamos economizar essa graninha das obras… hehe.

O resto é história.

***

O petista e as provas

Autor desconhecido

O petista estava desconfiado de que sua mulher o estava traindo quando ele saía com a caravana do Lula e resolveu contratar um detetive para segui-la.
No dia seguinte, perguntou ao investigador como foi a investigação.
– Logo depois que o senhor saiu eu fiquei olhando pela janela de seu quarto e a vi colocar uma lingerie sexy, maquiagem provocante e uma minissaia super sensual.
E o petista:
– E aí, e aí?
– Então chegou um bonitão em um conversível e ela saiu com ele.
– E aí, e aí?
– Eles então seguiram em direção à rua dos motéis e eu fui atrás.
– E aí, e aí?
– Eles entraram em um motel e eu fiquei olhando pela janela do quarto deles.
E o petista perguntava.
– E aí, e aí?
– Aí os dois ficaram nus e ela deitou na cama.
– E aí, e aí?
– O bonitão veio e fechou a janela e não consegui ver mais nada.
O petista, inconsolável:
– Essa falta de provas é que me mata.

3/2/2018

Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *