Não confundir zabumba com…

Almira é mulher vistosa, e toca um instrumento singular, a zabumba. Com o sanfoneiro e o do triângulo, faz sucesso na Casa do Nordeste do meu bairro. Desta vez fiquei tão empolgado, que mandei mensagem: “O que mais gostei foi dessa maravilha, a zabumba. ”O corretor de texto corrigiu: “O que mais gostei foi dessa maravilhosa bunda.” Perdi a amiga. 

Zezinho, meu amigo de infância. Sempre bem arrumado, fino, mas um grande trambiqueiro. Mandou mensagem: “Não sei por que, mas o pessoal está se afastando de mim”. Respondi: “Desculpe, mas vou ser sincero. Isso acontece por causa de suas fraudulências”. O corretor interveio. Ficou assim: “… isso acontece por causa de suas flatulências”.

Em texto que se pretendia educado, mas sincero, lembrei-me da expressão usada por conhecido empresário paulista para evitar o palavrão. Mandei para um seleto grupo de amigos e amigas. Terminava assim: “Por fim, por mais que se reconsidere, é tudo a lesma lerda”. Corrigido, resultou em: “Por fim, por mais que se reconsidere, é tudo a mesma merda”.

Nos tempos da máquina de escrever (que, para o bem ou para o mal, não tinha corretor) tomava-se especial cuidado com certos nomes próprios. No começo da década de 1960, o governador de São Paulo chamava-se Carvalho Pinto. Ora, o governador estava nas manchetes. Imagine se, por fatalidade, o fechador da primeira página omitisse o “v” no nome do político. Resultaria em um vexame histórico, sem se contar que o falo estaria destacado duas vezes.

Em situações assim, o redator escrevia o título com o nome perigoso, na lauda de papel, lia várias vezes, mas não lhe bastava. Mostrava a lauda para um colega: “O que está escrito aqui?”. O colega lia e confirmava que não havia erro. Às vezes, exibia para um terceiro colega.

Como se dizia nos idos tempos, caldo de galinha e água benta não fazem mal a ninguém.

Obs: – A brincadeira com o corretor de texto é apenas isso. Zabumba e fraudulência são aceitos sem correção.

Dezembro de 2018

Um comentário para “Não confundir zabumba com…”

  1. Estamos perdidos com essas modernidades, Valdir.
    P.S: Agora mesmo tive que checar várias vezes se o corretor não tinha mudado a expressão “estamos perdidos” por alguma rima indecorosa.

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