A culpa é toda do Temer

É sempre bom lembrar: mortes em incêndios, enchentes, deslizamentos de terra, e rebeliões em presídios – para não falar de tsunamis, terremotos, vulcões – não são de responsabilidade do presidente da República, do governador do Estado ou do prefeito.

As ações ou omissões do poder público, das autoridades de todos os níveis podem (ou não) contribuir para que as tragédias tenham efeitos menos ou mais trágicos. Ah, sem dúvida alguma.

E as reações das autoridades depois de uma tragédia deixam marcas fortes. A falta de reações deixa marcas mais fortes ainda. Disso também não há dúvida alguma – assim como não há dúvida alguma de que poucos governos, ao longo de toda a História do mundo, foram tão mal assessorados como o que atualmente ocupa o Palácio do Planalto e demais prédios da Esplanada dos Ministérios.

Mas prefeito, governador, presidente algum tem culpa por incêndios, enchentes, deslizamentos de terra, rebeliões em presídios.

São tragédias que independem de ideologia. Acontecem em qualquer lugar.

Basta dar uma olhadinha na lista abaixo, feita muito rapidamente, após pesquisa nada extensa, com base em informações da Folha de S. Paulo, da revista Exame e da Wikipedia:

1992 – Carandiru, São Paulo – 111 mortos

2003 – Prisão El Porvenir, Honduras – 86 mortos

2013 – Prisão de Uribana, Venezuela – 58 mortos

2017 – Manaus – 56 mortos

2016 – Prisão de Monterrey, México – 49 mortos

1971 – Prisão de Attica, Nova York, EUA – 39 mortos

2017 – Boa Vista – 33 mortos, número provisório

2007 – Presídio em Santiago del Estero, Argentina – 33 mortos

2004 – Casa de Custódia de Benfica, Rio de Janeiro – 31 mortos

1987 – Penitenciária do Estado, São Paulo – 31 mortos

2011 – Prisão em El Rodeo, Venezuela – 30 mortos

2007 – Prisão Santa Ana, San Cristobal, Venezuela – 30 mortos

2012 – Centro Penitenciário de Mérida, Venezuela – 28 mortos

2001 – Prisão de Iquique, Chile – 28 mortos

2012 – Prisão de segurança máxima de Colombo, Sri Lanka – 27 mortos

2002 – Presídio Urso Branco, Porto Velho – 27 mortos

2012 – Prisão de Yare I, Venezuela – 25 mortos

2010 – Prisão em Durango, México – 23 mortos

2007 – Presídio Apanteos, San Salvador – 21 mortos

2008 – Prisão de Reynosa, México – 21 mortos

2009 – Prisão de Ciudad Juárez, México – 20 mortos

2009 – Prisão em Gómez Palácio, México – 20 mortos

2010 – Complexo Penitenciário de Pedrinhas, São Luís – 18 mortos

1989 – 42º Distrito Policial de São Paulo – 18 mortos

***

Estive fora de casa e bem longe do noticiário durante parcos cinco dias – da tarde de terça, 3/1, até o começo desta noite de sábado, 7. Mas, pelo que vejo ao dar rápida passada pelas primeiras páginas de O Globo e Estadão, e passeio tão rápido quanto pelo Facebook, os lulo-petistas conseguiram deixar a impressão de que os massacres ocorridos em Manaus e em Porto Velho se devem única e exclusivamente ao governo Michel Temer.

A culpa é do Temer.

Em segundo lugar, do FHC, é claro.

***

Na terça-feira, dia 3, enquanto ainda se contavam os mortos no tenebroso confronto entre facções criminosas no presídio em Manaus, momentos antes de eu sair do mundo real para cinco dias incompletos na praia com a mulher, a filha e a neta, vi no Facebook o petismo falar sobre Temer. “O Temer já falou?”

A culpa é do Temer. E aí – o Temer já falou?

O lulo-petismo tem talento imenso, fantástico, inegável, para exercer algumas atividades – e apenas e tão somente elas:

– assenhorar-se do Estado;

– roubar o Estado;

– mentir, mistificar, falsificar;

– destruir a economia do país;

– e, tal qual não a jararaca, mas a Hidra de sete cabeças, não ser derrotado nem a pau, e voltar sempre, que nem viciado, que nem morto-vivo, lobisomem, vampiro, gafanhoto, para fazer o que sabe fazer.

***

Sim, claro, evidente, houve erros do governo Temer. Cabe até repetir: poucos governos, ao longo de toda a História do mundo, foram tão mal assessorados como o que atualmente ocupa o Palácio do Planalto e demais prédios da Esplanada dos Ministérios.

O presidente demorou demais a se pronunciar, e, quando o fez, fê-lo (perdão) de maneira trágica, para dizer o mínimo. O tal secretário que justificou a barbárie – meu Deus do céu e também da terra, como foi possível que tivesse sido nomeado para algum cargo?

O pior de tudo, claro, foram as atitudes e declarações do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, negando num momento o que precisaria admitir depois – o fato de a governadora de Roraima ter pedido ajuda ao governo federal, e não ter sido atendida.

Sim, claro, evidente, houve erros do governo Temer – mas não é culpa dele a situação horrorosa, insustentável, do sistema penitenciário brasileiro. Ele assumiu – provisoriamente – há apenas sete meses. O PT governou durante longos 13 anos e 4 meses – e, pelo que se vê, não fez muita coisa para minorar o sistema que agora, aliás, tem como inquilinos diversos de seus líderes, seus heróis.

Governar, fazer as coisas efetivamente, isso o lulo-petismo já provou inequivocamente que não sabe mesmo fazer. Mas prova agora, mais uma vez, que é mestre na arte de mentir, mistificar, falsificar.

E então a culpa é do Temer. E do FHC.

7/1/2017

Um comentário para “A culpa é toda do Temer”

  1. Não, a culpa é do PT. Aqui, na Síria, na França, nos EUA, Trump é culpa do PT. Tadinho do TEMER (que por fim é culpa do PT).

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