A minha estatal, não!

Excetuando-se os estatistas por razões ideológicas ou corporativas, em tese todos se dizem favoráveis à privatização na área de infra-estrutura. Há um razoável consenso nacional de que esse é o caminho para atrair os investimentos necessários à retomada do crescimento.  É impensável a economia brasileira alcançar vôos mais altos com a irrisória taxa de investimentos praticados, atualmente na casa de 16% do PIB. Continue lendo “A minha estatal, não!”

Fechem os olhos

Quando és novo, atravessas os filmes de olhos abertos. Fui ver Paterson, de Jim Jarmusch. O título do filme tanto é o nome da cidade onde tudo se passa, como o nome do condutor de machimbombos que escreve versos num caderno desangustiado e inocente. O motorista do machimbas é o rapaz do filme, como se gritaria em luandina euforia – “rapaz! cuidado então, rapaz!” – se estivéssemos a ver Paterson no cineminha São Domingos. Continue lendo “Fechem os olhos”

O voto facultativo já está em vigor

Analistas, cientistas políticos e também um grande número de cidadãos comuns foram aos jornais e às redes sociais para garantir que o altíssimo número de “não votos” na eleição extraordinária de governador para um mandato tampão do Amazonas comprova a imensa rejeição dos brasileiros pela política e pelos políticos. Continue lendo “O voto facultativo já está em vigor”

Os pixulecos de Lula

Pronto. Não há mais dúvidas: José Sarney e Renan Calheiros são essenciais para o sucesso de um governo. Essa foi a mensagem do ex Lula em entrevista a emissoras de rádio de Pernambuco, ponto de parada de sua caravana de campanha pelo Nordeste. Alegria pura para o neolulista Renan, acossado por 13 inquéritos e réu em um deles. Continue lendo “Os pixulecos de Lula”

O poder e os lírios do campo

Foi um beijo paz na Terra aos homens de boa vontade, mas ia caindo o Carmo e a Trindade. Quem me disse, na longínqua Luanda dos meus 12 anos, que numa noite dos Oscars a mediterrânica Anne Bancroft beijara o lírio do campo que era Sidney Poitier? Terá sido o Cesarito, que a minha mãe achava ser o meu amigo mais bonito, para logo ele se rir, pois, pois, por eu ter nariz de branco, não é? Continue lendo “O poder e os lírios do campo”

Anda-se para trás

O presidente da República respira por aparelhos. Ministros da Corte Suprema metem o bedelho onde não devem, preferem o som da própria voz à fala nos autos. Parlamentares empenham-se em escapulir da Lava-Jato, em fazer leis para surrupiar mais dinheiro do contribuinte e garantir caixa de campanha. Difícil imaginar saídas para um país que agoniza em condições tão lastimáveis. Muito menos quando os “salvadores” em campanha antecipada são o mesmo do mesmo. Até aqueles que se acham diferentes. Continue lendo “Anda-se para trás”

Está melhorando (11)

Como diria Galileu Galilei, eppur si muove. Como diria Ibrahim Sued, os cães ladram e a caravana passa. Apesar de ser achincalhado todo santo dia na Rede Globo e na GloboNews, apesar de ser recordista em desaprovação nas pesquisas de opinião, o governo Temer está, pouco a pouco, tirando a economia brasileira do fundo do fundo do fundo do imenso buraco em que os 13 anos e 5 meses de governo lulo-petista a enfiaram. Continue lendo “Está melhorando (11)”

Vulcão adormecido

O mundo político parece interpretar o silêncio das ruas como um vulcão morto, que jamais entrará em erupção. Por isso vem arquitetando um arremedo de reforma política com fim precípuo de manter seus privilégios, entre os quais o do foro privilegiado. A reeleição dos atuais parlamentares passou a ser prioridade a qualquer custo, numa desesperada questão de sobrevivência. Acreditam que podem conseguir seu intento sem maiores resistências da sociedade. Continue lendo “Vulcão adormecido”

Marina e o Elmo

No final de semana do Dia dos Pais, em um hotel fazenda perto de São Paulo com o pai, a mãe, o avô e a avó, Marina perdeu o Elmo, o mais antigo e mais querido de todos os seus muitos amiguinhos de pelúcia, plástico, pano ou tudo o mais. Continue lendo “Marina e o Elmo”

Era um cavalheiro quando não bebia

“Olha para ti, Dreyfuss, só comes e bebes, és gordo e desmazelado. Nessa idade, é criminoso. Nem dez flexões de braços fazes.” Era o que, nos dias de maior cortesia, Robert Shaw, actor shakespeariano, dizia ao jovem americano Richard Dreyfuss, que Spielberg escolhera para o papel de cientista marinho em Jaws. Continue lendo “Era um cavalheiro quando não bebia”