PT, 35 anos, um pesadelo

Três décadas e meia após sua fundação, o Partido dos Trabalhadores, que prometia sonhos e veio à luz para “ser diferente de tudo o que está aí”, passou a entregar pesadelos.

Aquele militante que vendia estrelinhas, distribuía panfletos na rua e gritava “Lula lá” evaporou-se. Foi substituído por uma massa amorfa e acrítica. Ou foi cooptado, usufruindo hoje das delícias do poder.

O sonho transformador deu nisso. Em doze anos no Planalto, o PT agarrou-se à máquina do Estado. Tornou-se uma força retrógrada que tudo faz, e fará, para não perder seus privilégios.

A democracia interna deu lugar a um sistema caudilhesco de poder.

Até aqui estamos apenas diante de um processo de envelhecimento precoce de quem se pretendia diferente. E é hoje um partido pobre de ideias e com as piores práticas possíveis, que se alimenta do patrimonialismo e do clientelismo.

O processo de transmutação do Partido dos Trabalhadores foi muito maior do que isto.

Institucionalizou a corrupção, comprou partidos e parlamentares e se apropriou do patrimônio dos brasileiros. Deu uma interpretação própria ao mote “o petróleo é nosso”.

Para se perpetuar no poder, os petistas promoveram o maior estelionato eleitoral do país. Como se vivessem num mundo de conto de fadas, fizeram vistas grossas para a tempestade que se formava. Resultado: jogaram o país numa gigantesca crise política, moral e econômica.

Coletivizaram o pesadelo. A inflação invadiu o lar dos brasileiros que já começam a sofrer as consequências da “quimioterapia” aplicada pelo novo ministro da Fazenda, escalado para tentar consertar os danos causados nos governos Lula e Dilma.

A crise da Petrobras está longe – e põe distância nisso – de chegar ao fundo do poço.

O mundo está desabando sobre a cabeça dos petistas, com os níveis de aprovação da presidente indo para o ralo. Mesmo assim Lula faz cara de paisagem, puxa a orelha dos outros e produz novas pérolas, como dizer que, na dúvida, deve se confiar no “companheiro Vacari”. Ou afirmar que o xis do problema foi a transformação do PT “em um partido igual aos demais”.

São as manjadas táticas do líder petista que procura sempre nivelar todos por baixo. Não, os outros partidos não são iguais ao PT. Não consta, por exemplo, que a Rede de Marina Silva, o PSB de Eduardo Campos ou o PSDB de Aécio Neves, Mário Covas, FHC, Geraldo Alckmin ou José Serra tenham feito da roubalheira um método de governo.

E generais petistas de dez estrelas oferecem soluções mágicas. Proliferam teorias conspiratórias. De seu blog de legalidade duvidosa, José Dirceu prega a formação de uma frente para “defender a Petrobrás” e combater o “centrão” que estaria se formando no parlamento. E Tarso Genro repete a tese da “refundação do PT”.

Como diz o pensador italiano Giordano Bruno:

“Que ingenuidade pedir a quem tem poder para mudar o poder”.

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 11/2/2015. 

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