Nunca houve governo tão incompetente (24)

Nesta semana, a presidente Dilma Rousseff ajoelhou-se diante de Nicolás Maduro, o ditador da Venezuela, e engraxou-lhe as botas.

Se a imagem parecer forte demais, a culpa não é da imagem, é de Dilma Rousseff.

Rememorando, bem rapidamente: o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) havia indicado o nome de Nelson Jobim para liderar a missão de pessoas de diversos países sul-americanos que iriam acompanhar as eleições parlamentares da Venezuela, em dezembro. Nelson Jobim foi deputado constituinte, ministro do Supremo Tribunal Federal, ministro dos governos Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Num gesto ditatorial – mais um –, o governo Maduro vetou o nome de Jobim.

O TSE anunciou que não irá mais participar de missão de observação das eleições venezuelanas.

Editorial do Estadão, reproduzido mais adiante, detalha esses fatos.

E o que fez o governo do Brasil, o maior país da América Latina, a pátria do Barão do Rio Branco, diante desse acinte, dessa agressão?

Nada. Absolutamente nada. Ficou em sepulcral silêncio.

O que corresponde exatamente, sem tirar nem pôr, à imagem que citei: Dilma Rousseff ajoelhou-se diante de Nicolás Maduro e engraxou-lhe as botas.

Assim como Lula, o Deus de Garanhuns, havia se ajoelhado diante de Evo Moráles e engraxado as botas dele quando o presidente da Bolívia expropriou bens da Petrobrás.

Diante da companheirada bolivariana, o Brasil, desde que Lula assumiu o governo, em 2003, se curva, submisso.

O Brasil se curva diante da Venezuela de Hugo Chávez e agora Maduro. Se curva diante da Bolívia de Evo. Se curva diante do Equador de Rafael Corrêa. Se curva diante da Argentina de Cristina Kirchner.

Há 13 anos o lulo-petismo faz um esforço hercúleo para destruir a austeridade, o profissionalismo da diplomacia brasileira – e a diplomacia brasileira, até Lula assumir, era motivo de orgulho para todos nós. Nem mesmo nos anos da ditadura militar (1964-1985) a diplomacia brasileira deixou de ser profissional, independente, sólida.

A partir de Lula, o Itamaraty perdeu toda a força que tinha. O PT passou a dar a linha da diplomacia brasileira – e a linha é, desde então, basicamente, um anti-americanismo ginasiano, aos moldes do que as esquerdas praticavam nos anos 1950, e um atrelamento aos regimes ideologicamente próximos das alas mais esquerdistas da confederação que é o partido que se mantém no governo.

Há 13 anos a diplomacia do PT corteja ditadores e ditaduras. Marco Aurélio Top Top Garcia, detentor do até 2003 inexistente cargo de Assessor Especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, parece ter uma predileção quase doentia por gente como Fidel Castro, Mahmoud Ahmadinejad, Muammar al-Gaddafi, Teodoro Obiang. Se Josef Stálin estivesse vivo, Top Top Garcia desmaiaria de emoção a cada vez que ouvisse seu nome.

Essa absurda ideologização da diplomacia companheira tem custado caríssimo ao Brasil. É sempre bom lembrar que, nos últimos 25 anos, o único acordo de livre-comércio significativo foi com o Mercosul. Enquanto isso, 400 acordos foram assinados por diversos países e grupos de países.

Só a ausência do Brasil na Parceria Transpacífica, TPP na sigla em inglês, o acordo comercial que reúne 12 países das Américas e da Ásia, deverá fazer, segundo projeções de espercialistas, com que haja uma retração de 2,9% nas exportações de industrializados e de 5% nos produtos do agronegócio brasileiros.

O mundo faz acordos – e o Brasil só tem o Mercosul, que, de 2003 para cá, ficou cada vez um clube ideológico esquerdóide do que um mercado comum.

É uma herança maldita tremenda, imensa, essa que a cegueira ideológica do lulo-petismo deixará para quem vier depois que eles voltarem a fazer a única coisa que de fato sabem – oposição.

Maduro escancara a ditadura

Editorial do Estadão de 22/10/2015

O governo da Venezuela segue firme no rumo da autocracia. No início do mês, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol) afirmou que já não se pode considerar o regime vigente na Venezuela nem como uma “democracia precária”. As reiteradas violações do Estado de Direito e das liberdades fundamentais determinam que se considere o regime uma ditadura, declarou a entidade.

A constatação da grave situação venezuelana é agora reforçada pela resistência do governo em permitir um “trabalho de observação objetivo, imparcial e abrangente” nas próximas eleições parlamentares, conforme denuncia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

As autoridades venezuelanas acharam-se no direito de rejeitar o nome proposto pelo Brasil – Nelson Jobim, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) – para presidir a missão da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) constituída para acompanhar as eleições de dezembro. Querem alguém mais alinhado com suas estripulias ditatoriais.

Ainda que o nome de Jobim tenha sido aprovado pela Presidência da República e pelo Itamaraty, nem a presidente da República Dilma Rousseff nem o chanceler Mauro Vieira denunciaram o evidente abuso de Maduro, que quer escolher até quem preside uma comissão que só tem sentido se for independente. Preferiram o silêncio cúmplice, deixando o TSE sozinho na denúncia de que foi impedido de “acompanhar a auditoria do sistema eletrônico de votação”, bem como de “iniciar a avaliação da observância da equidade na contenda eleitoral, o que, a menos de dois meses das eleições, inviabiliza uma observação adequada”.

A questão, no entanto, não se resume à recusa do nome de Jobim. O governo venezuelano não concordou em conceder à missão de observadores livre acesso às seções eleitorais. Deseja que o trabalho de fiscalização fique restrito a algumas zonas eleitorais previamente escolhidas pelos homens de Maduro.

O governo venezuelano quer uma missão da Unasul amordaçada e rejeitou a proposta brasileira de garantir que a missão de observadores pudesse emitir um parecer final sobre as eleições, após a divulgação do resultado das urnas. É ver e dar a bênção – nada de ficar emitindo opinião. É o que convém a uma ditadura.

Nicolás Maduro não quer observadores isentos. Deseja que a missão da Unasul sirva apenas para legitimar sua farsa eleitoral. Ao menos nisso, o presidente venezuelano é explícito. Faz questão que os integrantes da missão da Unasul não sejam tratados como “observadores”. Estarão lá como meros “acompanhantes do processo eleitoral” e, ainda por cima, sem qualquer prerrogativa diplomática.

Frente a esse tipo de atitude do governo venezuelano, bem reagiu o TSE afirmando que não participará da missão da Unasul às eleições parlamentares naquele país. A proposta do tribunal brasileiro visava simplesmente “verificar se as condições institucionais vigentes no país asseguram equidade na disputa eleitoral”. No entanto, isso é demasiado arriscado para Maduro.

A situação na Venezuela é grave. Não há imprensa livre. Não existem veículos de comunicação independentes que não tenham sido vítimas da censura do governo. Diversas leis foram criadas para constranger o trabalho jornalístico, ao arrepio do que prevê a Constituição venezuelana, que garante a liberdade de expressão. As empresas de mídia sofrem de asfixia econômica. E os donos dos meios que ousam desafiar o pensamento único são vítimas de processos judiciais viciados. Segundo relatório da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP, houve na Venezuela, somente no último semestre, cerca de “300 violações dos direitos à liberdade de expressão, ataques a jornalistas, criminalização da atividade jornalística e limitações do acesso à informação”.

Não há imprensa livre. Não há eleições livres. Continua a haver, no entanto, o imoral apoio do governo brasileiro a tudo isso. Até quando o Palácio do Planalto fingirá que nada vê?

23/10/2015

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7 Comentários para “Nunca houve governo tão incompetente (24)”

  1. O reino das BARATINHAS TONTAS no país dos INZONEIROS.
    Cá entre a gente na minha casa só entram meus amigos e os amigos dos meus amigos. Assim tem que ser.
    Com a casa cheia de problemas, inflação, desemprego, pibinho, corrupção, que vamos fazer na casa dos outros? E pior mandamos para observar os amigos um declarado inimigo, ex-candidato a vaga de gerente geral daqui, direita declarado, elitista e oligárquico.
    Dona Dilma pisou na bola e na diplomacia, o nome indicado não serve como observador de nada, como bem observou o tal de Maduro.
    Melhor deixar os venezuelanos cuidarem do próprio angu, o nosso tem caroço demais.
    Lembrete as baratinhas tontas, vai haver eleições presidenciais, este ano, na Guatemala, na Argentina e no Haiti a indicação de observador deve ser cuidadosa, Jobim só se for para o Haiti e de capacete azul.
    As baratinhas tontas já acharam nome para 2018? Nós inzoneiros precisamos votar!

  2. O reino das BARATINHAS TONTAS deveria se preocupar com suas mazelas e deixar o país dos outros resolverem suas próprias querelas.
    Nós as baratinhas tontas temos que nos preocupar com nosso angu. Vajam abaixo alguns dos caroços.

    A disponibilidade de informações é o primeiro passo para o exercício do controle popular da coisa pública e expressão direta da democracia. Quando um governante impõe o sigilo como política pública, adota a premissa de que não há como a sociedade se preocupar com aquilo que não pode ver. Essa premissa era um dos pilares de sustentação do regime militar e essa forma de fazer política supostamente foi jogada no lixo em 1985.
    Como a sociedade pode discutir e participar da construção de políticas públicas que buscam solucionar esses problemas estruturais sem ter sequer informação sobre eles? Quanto a polícia militar gasta em gás lacrimogêneo para reprimir estudantes? Como é priorizada a distribuição de água em face da escassez? O que acontece dentro das prisões?
    No último ano, São Paulo foi o único estado que não forneceu dados para o levantamento nacional de informações penitenciárias promovido pelo Departamento Penitenciário Nacional, além de sistematicamente proibir o ingresso de jornalistas, pesquisadores e entidades que possam denunciar as graves violações de direito que ocorrem dentro do cárcere. De quebra, São Paulo é – disparado – o estado com mais pessoas dentro de prisões, o que impulsiona o aumento do nível de encarceramento no país e contribui substancialmente para que o Brasil ocupe a 4º posição entre os países que mais encarceram no mundo.
    A população de São Paulo sofre com a maior crise hídrica da história e apesar dela estar prevista há mais de dez anos, não foram adotadas políticas efetivas para evitar a falta de água. A Sabesp, empresa que deve gerir os recursos hídricos do estado, tem ações na bolsa de Nova Iorque, faturamento anual na casa dos R$ 10 bilhões, lucro líquido em torno de R$ 2 bilhões e distribui anualmente R$ 500 milhões a seus acionistas. Esse sucesso de mercado não refletiu no serviço prestado à população. Exigiu que o então candidato à reeleição ao governo de São Paulo dissesse que não faltaria água, ainda que ela já estivesse faltando.

  3. É muito ruim constatar o quanto a administração petista desmoralizou o trabalho que a diplomacia brasileira havia alcançado se esforçando como formiguinha incansável, no sentido de mostrar o Brasil como um país sério, especialmente na defesa dos direitos humanos durante décadas. E depois de 2003 só nos fez passar vergonha se aliando com o que há de pior no cenário internacional. Se antes éramos respeitados pela coerência, hoje os “cumpanheiros desmoralizaram tudo. Só mostram que tudo é parte de um plano de dominação. Imagino a sua tristeza ao escrever esse texto, de qualquer modo é documento de uma época que nos envergonha.

  4. O texto menciona acordo comercial TPP sem saber o que é, e o porque? As baratinhas tontas repetem bobagens. O acordo comercial que não conta com nenhum país da zona do euro, seria talvez por cegueira ideológica?

    A seguir opinião de um congressista contrário ao acordo comercial.

    “Vamos ser claros: o TPP é muito mais do que um acordo de “livre comércio”. É parte de uma corrida global para no fundo aumentar os lucros das grandes corporações e de Wall Street por terceirização de empregos; subcotar os direitos dos trabalhadores; desmontagem de sindicatos, meio ambiente, saúde, segurança alimentar e as leis financeiras; e permitindo que as corporações possam desafiar nossas leis em tribunais internacionais, em vez de nosso próprio sistema judicial. Se TPP foi um bom negócio para a América, a administração deve ter a coragem de mostrar ao povo americano exatamente o que está neste negócio, em vez de mantendo o conteúdo do TPP um segredo.”

    Palavras do SENADOR Bernie Sanders que pelo jeito não é uma tonta baratinha.

    Se tudo que é bom para os EUA é bom para o Brasil a máxima deveria ser respeitada ao contrário.

    Nosso congresso avança, demora, claudica, mas chega lá.

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