A marcha da verdade

Hesitei em deixar a bela frase de Émile Zola no original. Mas se o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, pode usar a elegante língua francesa, por que eu não poderia?  Às favas com os escrúpulos e copio o que Zola disse quando tomou a si a defesa de Alfred Dreyfuss: “La vérité est en marche et rien ne l’arrêtera”.

A força da verdade é de tal ordem que, leve o tempo que levar, um dia ela explode. Isso também quem disse foi Zola em seu brilhante ‘J’Accuse!’. Indignado com as mentiras que fizeram de tudo para destruir Dreyfus, o grande jornalista francês escreveu:  “Quando se enterra a verdade ela se avoluma de tal modo que adquire uma força terrível: no dia que explode, faz saltar tudo à sua volta”.

Opiniões divergentes deveriam ser tratadas assim: cada um com a sua e pronto. Da minha parte, eu jamais comentaria a opinião de Joaquim Barbosa pois desde que ele foi presidente do STF além de não simpatizar com ele, tenho-lhe certo receio. Em minha opinião, tem um pavio muito curto. Reconheço que, devido à sua determinação, pela primeira vez vimos graúdos atrás das grades. Palmas para ele!

Quando ele falou em nome dos honestos, estava apenas dando vazão ao seu estilo que na França é conhecido como “rempli de soi même”. Mas quando ele disse que quem dele discorda na Imprensa são as “plumes-à-gage”, ultrapassou o direito de opinar, passou a ofender quem dele discorda.

Mas ele teve sorte. Aliás, Joaquim Barbosa é um homem a quem a sorte sempre bafejou. Que continue assim, são meus votos.

A que sorte me refiro? Ao fato de o ministro da Justiça, não compreendi bem por que, ter tentado negar o encontro com os advogados das empreiteiras. O que ampliou o assunto. A cada hora um detalhe, cada um mais esquisito que o outro:

*sua agenda não mencionava a audiência, prova que o encontro não ocorreu;

** dois dos advogados, amigos pessoais, iam almoçar juntos e marcaram encontro na antessala do ministro;

***em nota, o Ministério da Justiça reconhece o encontro mas não revela o teor da conversa;

**** ontem o ministro, numa entrevista coletiva, revelou um dos dois temas do encontro: queixas quanto ao vazamento de delações. Do segundo, nada.

Eu não falaria mais nesse assunto se não tivesse lido o novo twitter de Barbosa: “Noblat disse que eu queria aparecer! Qual a sua isenção, se eu o processei por racismo? Falta-lhe tbm isenção p outras razões.”.

Para mim, o ministro Joaquim Barbosa aí perdeu o direito de falar em nome dos honestos, já que se esqueceu de mencionar que no processo que moveu contra Noblat, ele foi vencido e sem direito a recurso! Não havia racismo algum nas palavras do jornalista e apelar para a vitimização nem sempre funciona.

Agora é aguardar a marcha da verdade em direção à explosão. Que virá!

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 20/2/2015.

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