A ideologia petista cobra seu preço

Tornou-se rotina. A cada semana algum membro do governo anuncia novo passo atrás em questões adotadas por pura ideologia nas administrações petistas dos últimos 12 anos.

A mania de reinventar a roda para se diferenciar do “neoliberalismo” dos tempos de FHC os levou a cometer desatinos: desorganizou modelos que estavam dando certo, levou à perda de credibilidade do país entre os investidores, condenou a infraestrutura ao atraso.

Um por um estão caindo os tabus petistas, símbolos de sua visão intervencionista e ideologizada da economia.

O modelo adotado na área de petróleo e gás, inclusive para o pré-sal, foi vendido como a redenção nacional.

Pois bem, agora o ministro das Minas e Energia anuncia que o governo “estuda flexibilizar as exigências de conteúdo nacional” e dá pistas evidentes de que o modelo de partilha subiu no telhado.  Quando indagado se o próximo leilão do pré-sal, a ser realizado nas calendas gregas, se dará com as regras atuais, foi enigmático: “pode ser que sim”.

Podem apostar, vem aí outra flexibilização petista, como já defendeu o atual presidente da Petrobras.

De recuo em recuo, o governo Dilma Rousseff está dando a volta ao mundo, revendo o que fez como ministra das Minas e da Energia, quando comandou a mudança de concessão das usinas elétricas, que passou a ser pela menor tarifa, em vez da outorga onerosa.

Sim, Dilma está se rendendo ao modelo bem sucedido da privatização dos anos 90, que levou o PT a, de forma desqualificada, apelidar os tucanos de privatistas.

Não há ideologia que resista à lógica dos fatos, ou que faça jorrar dinheiro no caixa do governo. O que aconteceu no setor ferroviário é emblemático: estava prevista a privatização de 13 ferrovias através do modelo da menor tarifa. Caso houvesse prejuízo para os novos concessionários, a conta iria para o governo. Ou melhor, para o seu, o nosso bolso.

Mesmo com esta cláusula, sabem quantos quilômetros de estrada de ferro foram privatizados no governo Dilma? Nenhum dormente!

A meia-privatização, o intervencionismo, ou o estatismo disfarçado geraram outras pérolas.  No caso dos aeroportos, o modelo dilmista impôs à iniciativa privada um sócio compulsório, a Infraero.

A estatal ficou detentora de 49% dos aeroportos privatizados, mas isto levou à sua descapitalização. Esse modelo será deixado de lado nas novas privatizações.

Por ingerência ideológica, o país perdeu uma chance de ouro. Poderia ter avançado na modernização da sua infraestrutura se o programa de privatização tivesse avançado quando o céu era de brigadeiro, quando o cenário econômico era extremamente favorável.

O ruim de uma política zigzagueante é que ela semeia desconfianças nos investidores. Quem lhes assegura que amanhã as regras do jogo não serão alteradas novamente?

Mas há outro risco tão ou quão danoso: necessitando de dinheiro desesperadamente, a privatização pode acontecer na bacia das almas.

Aí já não seria um erro. Seria um crime de lesa-pátria.

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 6/5/2015. 

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