O céu é dos drones

Há alguma coisa no ar além dos aviões de carreira. Sim, são muitas e se chamam drones. Voam para executar missões de guerra, ou entregar pizza, com a vantagem de que o piloto fica em terra.

Vigiam fronteiras, monitoram o meio-ambiente, fazem levantamento agrícola, entre uma variedade de atividades úteis. Mas se alguém quiser comprar um quadricóptero (quatro hélices) Phanton para se divertir, basta clicar em um site de vendas.

Por R$ 2.699, ou dez de R$ 269, esse modelo de drone será entregue pelo correio. Por enquanto, já que a gigante Amazon e o Google planejam mandar por drones as compras feitas pela internet.

O Google já fez testes. Despachou pelos ares doces, remédios e biscoitos para cachorro a fazendeiros australianos. Os ingleses foram mais longe, ao entregar pizza em drone com compartimento para ela chegar quente.

Em São Paulo, o comprador de um apartamento na planta pode desfrutar da vista que terá do terraço, quando ficar pronto. Um drone posicionado no exato lugar onde será o terraço transmite imagens para o estande de vendas.

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O drone (zangão, em inglês) ou VANT, Veículo Aéreo Não Tripulado, foi concebido como arma de guerra. Controlado de terra, sem risco pessoal, e de baixo custo, tem sido empregado por vários países, notadamente os Estados Unidos, em conflitos como os do Oriente Médio.

Agora está “bombando” em atividades pacíficas e de recreação. Como se pilota uma máquina dessas? O Terrão de Guarulhos é um bom lugar para saber. Nessa área de campo, nas manhãs de domingo, pilotos que não saem do solo se reúnem com aviões e drones.

Fábio Bitu coloca na pista de grama seu quadricóptero Discovery Prodji. Tem nas mãos o painel de controle, com o monitor de imagem. Com dois dedos, aciona um controle e o drone sobe rapidamente, na vertical, com os motores zumbindo como um zangão.

Diante disso, Fábio sai da pista e caminha tranquilamente para seu furgão. E o drone? Subiu até um ponto programado. Agora está estacionado, esperando ordens.

No furgão há uma maleta aberta, com um monitor grande. Nele aparece a imagem que a câmara do drone está gravando. É o que veríamos se estivéssemos a bordo. Fábio tem outro monitor, muito prático. Um óculos, em que as lentes são a tela.

O drone atende a comandos do piloto, e voa. Na margem da tela aparecem altitude, distância percorrida, velocidade. Com 1.100 metros voados, e 100 de altitude, há um problema. A imagem desaparece. O drone está perdido.

Mayday, mayday. O piloto pediria socorro pelo rádio, num vôo normal. Mas Fábio não está minimamente preocupado. O multirrotor, como ele prefere chamar, recebe sinais de dez satélites e três GPS. E tem um controle de segurança.

Quando perde o sinal, entra em go home (vá para casa). Daí a pouco, lá está ele, de volta. Chega na pista e pousa.

Os drones são alimentados por baterias recarregáveis. Dependendo do modelo, garantem autonomia de 15 a 45 minutos de vôo. O consumo da bateria também é informado na tela.

Na pista do Terrão de Guarulhos drones e aviões decolam e pousam. Os pilotos vêm de São Paulo e do ABC. Há muitos idosos na turma dos drones. “Isto é um brinquedo geriátrico, satisfação garantida”, diz Valdemir Biguá, 64 anos.

Os drones de recreação, informam, custam de R$ 2.000 a R$ 4.000. Os profissionais podem chegar a R$ 40.000. Vêm dos Estados Unidos ou da China.

Na área profissional desaparece o lazer. “Pilotar é coisa difícil”, diz Alexandre Vidal, executivo das empresas Drone Visual e Singular Filmes. Emprega os drones para monitorar obras, identificar um campo metro a metro, contar gado, fazer imagens aéreas para cinema e televisão, e outras encomendas.

A operação do drone pode ser manual ou por software. “Marcamos os pontos que tem que cumprir, e ele faz sozinho.” De terra, o piloto faz a câmera virar até 360 graus. Estabilizadores deixam a câmera estável, mesmo que a aeronave balance. O obturador automático compensa as diferenças de luz.

A empresa de Alexandre tem uma escola de pilotagem em Ubatuba, no litoral norte.  Ele diz que 60% dos interessados procuram a escola porque, por inabilidade, destruíram seu equipamento.

Os alunos chegam a ter quarenta horas de vôo. “Temos que passar a tecnologia”, diz Alexandre. Isso inclui a calibragem do drone a partir de softwares e testes em vôo.

O uso de drones está regulamentado? A Agência Nacional de Aviação Civil, ANAC, respondeu ao Diário do Comércio que uma proposta de regulamentação em áreas segregadas (separadas das usadas pela aviação) está em desenvolvimento. Será submetida a audiência pública este ano. “Até então, a ANAC avaliará caso a caso os requerimentos para esse tipo de operação.”

A altitude máxima, no entanto, foi estabelecida: 122 m (o Edifício Itália, no centro, tem 165).

Não há restrição para a compra do drone, mas a operação depende de autorização da ANAC, que emitirá um certificado.  Este só permite “operações experimentais sobre áreas não densamente povoadas”, e sem fins lucrativos.

É preciso também autorização do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). O órgão considera que “qualquer objeto” que voe sem autorização no espaço aéreo dos aviões, oferece risco à navegação aérea.

Esta reportagem foi publicada originalmente no Diário do Comércio, em setembro de 2014.    

2 Comentários para “O céu é dos drones”

  1. Mais uma engenhoca para mexer com a minha cabeça. Estes equipamentos modernos estão acabando com a minha existência.
    Meu filho me chama de anta, não consigo dominar um celular. Ele tem razão.
    Imagino um DRONE cuidando de mim.

  2. É verdades, os drones tem sido muito procurados, tanto pra diversão, quanto pras mais diversas atividades profissionais, filmagem, fotografia, monitoramento, vigilancia.

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