Más notícias do país de Dilma (138). E uma boa notícia

Esta 138ª compilação semanal de notícias e análises que comprovam os malefícios e a incompetência do lulo-petismo como um todo e do governo Dilma Rousseff em especial vem excepcionalmente mais curta que as anteriores. Não por falta de más notícias e de análises amargas sobre elas – há demais delas nos jornais dos dias 25 de abril e 1º de maio de 2014.

Se a compilação está bem mais curta do que o normal, é porque o compilador esteve fora de casa na maior parte dos sete últimos dias. Entre o sábado, 26, e a quarta, 30, eu estava na Praia do Rosa, um lugar absolutamente paradisíaco no litoral Sul de Santa Catarina. Lá tem TV e internet, mas eu optei por ficar, com diz a canção de Luiz Gonzaga, “sem rádio e sem notícia das terra civilizada”.

Seria trabalhoso demais compilar, apenas na quinta-feira, todas as más notícias publicadas nos últimos sete dias. Assim, resolvi reduzir o escopo e compilar básicamente as más notícias que saíram com maior destaque nas primeiras páginas dos jornais.

Já é coisa pra caramba.

Além do noticiário diário sobre as lambanças dos petistas e aliados que tomaram de assalto a Petrobrás, e das também diárias novas informações sobre as relações íntimas e negócios escusos entre o doleiro Alberto Youssef e destacados próceres petistas – como o ex-ministro e agora pré-candidato do partido ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha –, noticiou-se, só para dar uns poucos exemplos, que as contas externas tiveram no primeiro trimestre o pior rombo em 67 anos; que nunca jamais em tempo algum pagamos tanto imposto como no primeiro trimestre deste ano; que a dívida pública chegou ao extraordinário nível de R$ 2,08 trilhões (TRILHÕES!). E ainda que quase um terço das escolas básicas registradas no Censo da Educação Básica não funciona, e o país tem 3 milhões de crianças e jovens de 4 a 17 anos fora das salas de aula.

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Apesar da pressão do curto tempo para tanta má notícia, foi impossível deixar de transcrever a íntegra de algumas análises que saíram nos jornais destes últimos dias. Elas são brilhantes demais para serem deixadas de lado.

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No meio da incomensurável quantidade de asneiras que saem da boca de Lula, pérolas de sua entrevista à Rádio e Televisão de Portugal, transmitida no domingo, 27, sobressaem. O camarada teve a coragem, o desplante de dizer o julgamento do mensalão foi “80% de decisão política e 20% de decisão jurídica”. E ainda foi capaz de afirmar que os condenados no julgamento não são gente de sua confiança. José Dirceu, seu braço direito, seu ministro da Casa Civil e articulador político; José Genoíno, ex-presidente do PT; Delúbio Soares, ex-tesoureiro do partido.

Meu Deus do céu e também da terra!

Foi perfeito o comentário do ministro Joaquim Barbosa: Lula tem dificuldade de entender essa coisa de Judiciário independente.

Hitler também tinha a mesma dificuldade. Stálin, Fidel, Chávez também.

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Nesta compilação curtinha (se comparadas às demais), resolvi introduzir uma novidade: esta semana, as Más notícias do país de Dilma começam com uma notícia boa.

Há esperança!

* “Pesquisa mostra oposição em alta e governo em queda”

“Pesquisa do instituto MDA divulgada ontem mostra crescimento dos candidatos da oposição e queda da presidente Dilma Rousseff entre fevereiro e abril. O levantamento indica que aumentou a possibilidade de haver um segundo turno, já que Dilma está em situação de empate técnico com a soma dos adversários.

“No cenário que inclui apenas os três principais candidatos, Dilma caiu de 44% para 37%, enquanto Aécio Neves (PSDB) subiu de 17% para 22% e Eduardo Campos (PSB) oscilou de 10% para 12%. A pesquisa foi encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), cujo presidente, Clésio Andrade, foi vice-governador de Minas na gestão de Aécio entre 2003 e 2006.

“No cenário que inclui mais candidatos nanicos, Dilma aparece com 36% das preferências, enquanto seus adversários somam 34%. A vantagem da petista está dentro da margem de erro do levantamento, que é de 2,2 pontos porcentuais.

“Em um eventual segundo turno, Dilma Rousseff derrotaria tanto Aécio Neves (39% a 29%) quanto Eduardo Campos (41% a 24%). Mas sua vantagem diminuiu em relação à pesquisa feita pelo mesmo instituto no mês de fevereiro.

“O levantamento também detectou aumento da rejeição à candidata da situação: 43% dizem que não votariam em Dilma de jeito nenhum. Há dois meses, eram 37%. Aécio e Campos têm índices de rejeição menores (32% e 30%, respectivamente).

“A pesquisa CNT/MDA mediu ainda a aprovação e a rejeição ao governo de Dilma Rousseff. Em dois meses, as taxas de ótimo e bom caíram de 36% para 33%. O desempenho pessoal da presidente no cargo é agora aprovado por 48%, sete pontos porcentuais a menos do que no levantamento anterior.

“Os números da pesquisa foram divulgados com um algarismo após a vírgula, mas o Estado arredondou os resultados – o uso de decimais sugere uma precisão que o levantamento jamais alcançará, dadas as margens de erro. O instituto MDA entrevistou 2.002 pessoas em 24 unidades da Federação, entre os dias 20 e 25 de abril. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-00086-2014.” (Daniel Bramatti, Estadão, 30/4/2014.)

* “Luz amarela para Dilma. Possibilidade de segundo turno, deserção de aliados e movimento ‘Volta, Lula’ atormentam campanha”

“O clima de perplexidade e desorientação tomou conta ontem (29/4) do PT e dos partidos da base aliada com a divulgação da pesquisa CNT/MDA que confirmou a tendência acelerada de queda da aprovação e de intenções de voto da presidente Dilma Rousseff. Pela primeira vez, a pesquisa aponta para a possibilidade de realização de um segundo turno nas eleições de outubro. A presidente Dilma Rousseff teve queda na sua intenção de voto de 43,7% em fevereiro para 37% em abril. A redução foi de 6,7 pontos percentuais.

“Enquanto Dilma chegou aos 37%, o senador Aécio Neves, candidato do PSDB, foi quem mais subiu, saindo de 17% em fevereiro para 21,6% neste mês. O ex-governador Eduardo Campos (PSB), por sua vez, passou de 9,9% em fevereiro para 11,8% em abril. Esse resultado aparece na pesquisa estimulada, ou seja, com a apresentação dos nomes dos candidatos ao entrevistado. A pesquisa foi realizada de 20 a 25 de abril, com 2.002 entrevistas, em 137 municípios, e margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.

“Os analistas ressaltaram que a rejeição a Dilma chegou aos 43,1% e que ela foi afetada pelo escândalo da Petrobras. E o pior: para os articuladores petistas, não há uma saída à vista. Nada do que foi feito na área de comunicação e lançamento de programas estancou a queda. E até mesmo a substituição do nome de Dilma pelo do ex-presidente Lula poderia ser eleitoralmente desastrosa.

“Dilma também perdeu popularidade, tanto na avaliação do seu governo como na de seu desempenho pessoal. Segundo a pesquisa CNT/MDA, Dilma ainda venceria os adversários Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) num segundo turno, mas vem perdendo votos continuamente. E o auge da crise da Petrobras ainda está por vir, com a instalação da CPI que investigará a estatal e terá o governo como alvo.

“- Ninguém sabe o que fazer. Se Dilma cair abaixo de 30%, as chances de vitória são quase inexistentes. Ao PT, agora, só cabe ficar observando e esperando dela um gesto. Lula não pode chegar e dizer: eu serei o candidato. Dilma tem que tomar a iniciativa de chamar Lula – diz um dos estrategistas do PT.

“Há também, entre os petistas, uma certa irritação com a teimosia da presidente Dilma em seguir surda aos apelos por mudanças em seu governo.

“- Manda falar com o João Santana! – desabafa um desses petistas, referindo-se ao marqueteiro que banca a estratégia de Dilma.

“Os maus resultados, além de estimularem o movimento ‘Volta, Lula’, estão provocando debandada de partidos da base para o campo da oposição. Hoje, o até então fiel PROS, cuja direção se divide entre um grupo do baixo clero da Câmara e os irmãos Cid e Ciro Gomes, vai comunicar ao ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que, se não ganhar o Ministério da Integração Nacional, poderá deixar a base.

“Enquanto na cúpula do PT se busca uma saída, a presidente continuou ontem (29/4) sua maratona de entrega de máquinas e inaugurações, na Bahia. Com uma plateia de prefeitos, secretários municipais e presidentes de associações do interior baiano, Dilma Rousseff exaltou em Feira de Santana os avanços sociais do seu governo e do antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Em seu discurso, a presidente enfatizou que o país ‘não vai voltar atrás’.

“- Tenho certeza de que o povo brasileiro não vai retroagir, voltar atrás, desistir disso que conquistamos: a maior redução de desigualdade social do Brasil – disse a presidente, na cidade do interior baiano, após entregar tratores e equipamentos para prefeitos.

“Com um discurso preparado para a região, que vem sofrendo com a falta de chuvas há mais de dois anos, Dilma disse sentir orgulho da atuação do governo.

“- Uma das coisas que mais orgulha no governo foi que atravessamos a pior seca dos últimos 50 anos e não houve invasão de supermercado, a fome horrorosa, porque ninguém desenvolve só com obras. É preciso de ações que atendam as pessoas – afirmou, acrescentando que seu governo criou 4,8 milhões de empregos em todo o Brasil. – Diante da crise internacional, nós não fizemos nem adotamos a alternativa conservadora, que os governos adotavam no Brasil: recaía o peso da crise nas costas do trabalhador. E dê-lhe arrocho e perda de direitos, como fizeram na Europa e nos Estados Unidos.

“Um dia depois de o PR, aliado ao governo Dilma, ter defendido publicamente a volta do ex-presidente Lula à candidatura presidencial em lugar da presidente, o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, negou peremptoriamente que o petista tenha essa intenção. Segundo Gilberto, que é muito próximo a Lula e foi chefe de gabinete dele, o ex-presidente fica constrangido e incomodado com esse movimento. Gilberto aproveitou para fazer um alerta aos aliados de que essa corrente fragiliza o atual governo e favorece a oposição.

“- Essa hipótese não existe. Essa hipótese é zero. O presidente Lula está determinado a dar todo o empenho de sua vida à reeleição da presidente Dilma. A vitória do presidente Lula é a reeleição da presidente Dilma. O presidente Lula é mais do que taxativo, ele nunca levantou essa hipótese. Ele está muito incomodado com esse processo; para ele, não há nada mais constrangedor do que esse tipo de opinião que é publicada – disse Gilberto, reconhecendo, no entanto, que há uma ala dentro do próprio PT que prega o retorno de Lula à disputa eleitoral.” (Maria Lima, Cristiane Jungblut, Catarina Alencastro, Tiago Dantas e Biaggio Talento, O Globo, 30/4/2014.)

A candidata em cadeia nacional de rádio e TV

* Em queda nas pesquisas, presidente vai à TV, eleva Bolsa Família, faz pequena correção da tabela do IR e ataca oposição

“A cinco meses das eleições, a presidente Dilma Rousseff, em cadeia nacional de rádio e televisão, fez ontem um pronunciamento repleto de promessas para eleitores de todas as classes sociais, recados para a oposição e até um pedido explícito de apoio para que possa colher a ‘vitória’. Em comemoração pelo Dia do Trabalhador, Dilma anunciou um aumento de 10% nos valores do Bolsa Família pago a 36 milhões de pessoas, a correção da tabela do Imposto de Renda em 4,5%, em 2015, medida que atende à classe média, e prometeu manter a política de valorização do salário mínimo, com reajustes acima da inflação, beneficiando os trabalhadores que recebem o piso salarial do país.

O pronunciamento da presidente ocorre no momento político mais dramático de seu mandato, em que enfrenta, simultaneamente, queda nas pesquisas de intenção de voto, ameaça de debandada de partidos da base aliada e movimento de militantes de seu próprio partido pelo ‘Volta, Lula’.

“No pronunciamento de 12 minutos, Dilma seguiu o roteiro traçado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que mandou o PT ‘ir pra cima’, durante entrevista a blogueiros no início de abril. Com um discurso de forte cunho eleitoral, a presidente atacou críticos, respondeu a insistentes análises de economistas de que 2015 será um ano de medidas duras e defendeu a Petrobras, que passará por uma CPI.” (O Globo, 1º/5/2014.)

* Demonstrando grande sabedoria política e muito jogo de cintura, Dilma esnoba os aliados e diz que é candidata mesmo sem o apoio da base

“Em entrevistas a rádios da Bahia, a presidente Dilma Rousseff considerou normal o movimento ‘Volta, Lula’, assumido por parte do PT e por partidos que apoiam seu governo, mas disse que será candidata à reeleição, com ou sem apoio da base aliada. Quase simultaneamente, o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, concedeu uma entrevista no Planalto e reforçou que Dilma tem a prerrogativa de ser a candidata do PT. As declarações da presidente causaram reações no Congresso: a avaliação é que, embora a presidente precisasse reagir, ela pode ter irritado ainda mais os descontentes que ameaçam deixar sua base aliada.

“ Em Salvador, Dilma afirmou que a campanha velada de alguns aliados para que o ex-presidente Lula seja o candidato do PT na eleição presidencial de outubro não a incomoda. E, em tom enfático, garantiu que levará sua candidatura adiante, mesmo sem apoio de partidos aliados.

“ – (O ‘Volta, Lula’) É uma situação normal. Eu te diria o seguinte: gostaria muito que, quando eu for candidata, tivesse o apoio da minha base. Agora, não havendo esse apoio, a gente vai tocar em frente. Acho que sempre, por trás de todas as coisas, existem outras explicações. Não vou me importar com isso – disse Dilma, durante entrevista que concedeu às rádios Metrópole e Tudo FM, de Salvador.

“Em um café da manhã com jornalistas, o ministro Berzoini afirmou que o movimento ‘Volta, Lula’, embora real, não terá efeito prático, porque a presidente Dilma tem direito de disputar a reeleição e exercerá essa prerrogativa.

“- O ‘Volta, Lula’ é um sentimento que nós entendemos que tem uma base real, mas minoritária no mundo político, porque as pessoas sabem que, muito além de qualquer discussão de apreço pelo Lula e pela presidente Dilma, está uma discussão de estratégia política. A presidente Dilma tem direito à reeleição e certamente vai exercer esse direito, com apoio do PT e de diversos outros partidos. Não é razoável que entremos em um debate que não tem muito senso prático, com todo o respeito às pessoas que defendem o ‘Volta, Lula’ – afirmou.

“Nos últimos dias, o PR ameaçou deixar a base do governo. Nos estados, a presidente enfrenta problemas para manter a coalizão, como no Rio de Janeiro, onde a maior parte do PMDB quer apoiar a candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência, e no Rio Grande do Sul, onde o PP da candidata ao governo estadual, a senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), também está ao lado do tucano.

“No Congresso, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), ironizou a presidente Dilma:

“- Isso mostra o apreço que ela tem pela base.

“Já o líder do PP na Câmara, Eduardo da Fonte (PE), preferiu minimizar e disse que a base se manterá unida em torno de Dilma.

“- Ela é candidata com a base, e a base vai estar ao lado dela. Toda relação precisa de uma DR (discutir a relação) permanente. Alguns só querem esticar a corda um pouco. E a gente não pode caracterizar como um movimento ‘Volta, Lula’ a posição de A ou B – disse da Fonte.

“Houve, no entanto, quem considerasse o discurso da presidente natural diante da crise enfrentada justamente entre seus apoiadores. O vice-líder do PR, deputado Anthony Garotinho (RJ), disse que Dilma precisava reagir às pressões.

“- Ela não poderia dizer outra coisa. Se ela não falasse, reforçaria o ‘Volta, Lula’ – resumiu Garotinho.

“ O líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP), seguiu essa linha e considerou que Dilma apenas respondeu a provocações.

“- Vamos ganhar as eleições com a base todinha junta. E a relação entre Lula e Dilma é muito boa – disse Vicentinho, que estava em Santo André, justamente ao lado de Lula.” (Biaggio Talento e Cristiane Jungblut, O Globo, 1º/5/2014.)

Os números ruins da semana

* Contas externas têm o pior rombo em 67 anos

O Brasil teve um déficit de US$ 25,3 bilhões no primeiro trimestre de 2014. Foi o maior rombo desde 1947. Estudo da consultoria BCG aponta o Brasil como um dos países menos competitivos entre os 25 maiores exportadores. Deu nos jornais de 28/4.

* Quase um terço das escolas básicas do Brasil não funciona

Um levantamento feito pelo repórter Fábio Vasconcelos, a partir de dados do Censo da Educação Básica, mostra que 28% das escolas de ensino fundamental registradas estavam paralisadas ou extintas em 2013. O país tem 3 milhões de crianças e jovens de 4 a 17 anos fora das salas de aula. A reportagem saiu no Globo de 27/4.

* Nunca pagamos tanto imposto como no primeiro trimestre deste ano

O governo arrecadou R$ 86,6 bilhões em tributos em março, resultado recorde, elevando para R$ 293,4 bilhões o acumulado no primeiro trimestre. Entre janeiro e março, a arrecadação foi 2% superior à do mesmo período de 2013, descontada a inflação. Deu nos jornais de 29/4.

* Dívida pública chega a R$ 2,08 trilhões

A dívida pública federal subiu 0,65% em março e fechou o mês em R$ 2,08 trilhões. Embora o Tesouro Nacional tenha retirado papéis das mãos dos investidores, o volume de recursos que o governo toma emprestado para financiar as necessidades do país cresceu na comparação com fevereiro devido aos juros que corrigem o endividamento e somou R$ 16,63 bilhões em março. Deu nos jornais de 29/4.

Os petistas e o doleiro

* Quando era ministro da Saúde, Padilha indicou executivo para o doleiro agora preso

O ex-ministro da Saúde e pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, indicou o executivo Marcus Cezar de Moura para a diretoria do Labogen, laboratório do doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal, segundo indícios que constam de relatório da PF. “Pouco depois, o Labogen conseguiu contrato de R$ 312 milhões junto ao Ministério da Saúde. O mesmo relatório da PF aponta ainda ligações do doleiro com outro deputado petista, Cândido Vaccarezza. Deu no Globo, no Estadão e na Folha de S. Paulo de 25/4.

* Laboratório do doleiro preso enviou US$ 113 milhões para o exterior

O laboratório Labogen, controlado pelo doleiro Alberto Youssef, lavou US$ 113,38 milhões entre janeiro de 2009 e dezembro de 2013, segundo a Polícia Federal. A reportagem de Fausto Macedo saiu no Estadão de 27/4.

* Ex-assessor de Alexandre Padilha era canal com o Ministério da Saúde, diz sócio do laboratório do doleiro preso

Sócio do Labogen, Leonardo Meirelles afirmou ao repórter Fausto Macedo que o ex-assessor do Ministério da Saúde Marcus César Ferreira de Moura foi contratado pelo laboratório para atuar em “contatos institucionais” com a pasta em que trabalhou. O Labogen é apontado pela Polícia Federal como o carro-chefe do esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Youssef. Deu no Estadão de 29/4.

* Lobista do doleiro foi ao Ministério da Saúde um dia depois da operação da Polícia Federal

Um dia depois de a Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, prender o doleiro Alberto Youssef, o representante do laboratório do doleiro em Brasília, Marcus Cezar Ferreira de Moura, reuniu-se no Ministério da Saúde com um diretor, Eduardo Jorge Valadares. Moura representa a Labogen, empresa usada pelo doleiro para lavar dinheiro, conforme a investigação da PF. A polícia apura se o laboratório foi indicado pelo ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo. Deu no Globo em 30/4.

* Doleiro teria influência sobre o ex-ministro Alexandre Padilha, aponta a Polícia Federal

A Polícia Federal aponta “influência política” do doleiro Alberto Youssef sobre o ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo. Em troca de mensagens com a doleira Nelma Mitsue Penasso Kodama, que pede cargo para um amigo na Polícia Civil de São Paulo, Youssef diz: “Se o Padilha ganhar o governo ajudo ele e muito”. Deu no Estadão de 30/4.

* Marinha contesta Ministério da Saúde sobre laboratório de doleiro

O Comando da Marinha contestou a versão divulgada pelo Ministério da Saúde de que partiu dos militares a escolha do Labogen, laboratório do doleiro Alberto Youssef, para fazer negócios com o governo. Segundo a Marinha, o Labogen propôs a sociedade e, em seguida, conseguiu aprovar na Saúde a produção de um remédio que tinha sido rejeitado em 2001. Deu no Globo de 1º/5/2014.

Escândalos em série

* PT provoca crise no fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás

Não é só a Petrobrás que amarga prejuízos com maus negócios e ingerência política. O fundo de pensão dos funcionários da estatal, o Petros, vive uma crise por causa de perdas provocadas por mais de 40 planos deficitários assumidos no governo Lula. Por unanimidade, o conselho fiscal do fundo rejeitou as contas de 2013, mas foi ignorado pelo conselho deliberativo, controlado por sindicalistas ligados ao PT. Conselheiros eleitos pelos funcionários fizeram denúncias à Superintendência Nacional de Previdência Complementar. Eles estivam que o rombo pode chegar a R$ 500 milhões. A reportagem de Alexandre Rodrigues foi publica no Globo de 27/4.

Os escândalos na Petrobrás

* A Petrobrás foi alertada antes de comprar a refinaria de Pasadena

Relatórios mostram que a Petrobrás já sabia de vários problemas na refinaria da cidade texana antes de comprá-la. Deu no Globo de 25/4.

* Ex-diretor da Petrobrás vira réu por lavagem de dinheiro

“A Justiça Federal abriu ação criminal contra o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, acusado de liderar organização para lavagem de dinheiro ilícito arrecadado com a prática de crimes contra a administração pública. Deu no Estadão de 26/4.

* Conta da refinaria de Pasadena já chega a US$ 1,93 bilhões

De acordo com dados oficiais da Petrobrás, o gasto com a refinaria de Pasadena, no Texas, já chega a US$ 1,93 bilhões. Desses, US$ 685 milhões são de despesas para manter uma refinaria em mau estado de conservação: melhorias operacionais, de segurança e ambientais. A estatal já admitiu perdas contábeis de US$ 221 milhões com o negócio. Deu no Globo de 28/4.

* Empreiteiras repassaram R$ 90 milhões para o doleiro para obter contratos com a Petrobrás

As empreiteiras que repassaram R$ 89,7 milhões à MO Consultoria, do doleiro Alberto Youssef, serão o foco da investigação na segunda fase da Operação Lava-Jato. A Polícia Federal e o Ministério Público concluíram que a MO é uma firma de fachada e suspeitam que ela receb eu essa quantia, entre janeiro de 2009 e junho de 2013, em troca de contratos com a Petrobrás ou empresas contratadas pela estatal, por intermediação de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da empresa que está agora preso. Deu no Globo de 29/4.

Os erros na área de energia

* Com o socorro às empresas, a conta de luz pode subir 18% em 2015

Após subir até 29% este ano, como no caso da gaúcha AES, as contas de luz podem ter reajuste de 18,7% em 2015 por causa do socorro do governo ao setor e do uso das técnicas, preveem analistas. Deu no Globo de 25/4.

* Conta de luz pesará 50% a mais no orçamento

A promessa de energia mais barata durou pouco. Com reajustes previstos por 5 anos, a luz vai aumentar seu peso nos gastos da família. Deu no Globo de 27/4.

* ONS já admite risco para novembro

O Operador Nacional do Sistema (ONS) já admite que, se houver piora nas chuvas até novembro, vai propor ao governo “medidas adicionais” para garantir o fornecimento de energia elétrica ao país. Deu no Globo de 30/4.

O governo acha que sufoca as evidências

* “Bom dia, Cinderela. O mundo mudou. Dilma e o PT não perceberam, no seu sono, que as condições são outras.” Artigo de Fernando Gabeira

“As pesquisas eleitorais recentes mostram Dilma Rousseff em queda. Quando se está caindo, a gente normalmente diz opa!. Não creio, porém, que Dilma vá dizer opa! e recuperar o equilíbrio. Além dos problemas de seu governo, ela é mal aconselhada por Lula nos dois temas que polarizam a cena política: Petrobrás e Copa do Mundo.

“São cada vez mais claras as evidências de que se perdeu muito dinheiro em Pasadena. Lula, no entanto, não acredita nas evidências, mas nas versões. Se o seu conselho é partir para a ofensiva quando se perdem quase US$ 2 bilhões, a agressividade será redobrada quando a perda for de US$ 4 bilhões e, se for de US$ 6 bilhões, o mais sábio será chegar caindo de porrada nos adversários antes que comecem a reclamar.

“Partir para a ofensiva na Copa do Mundo? Não é melhor deixar isso para os atacantes Neymar e Fred? Desde o ano passado ficou claro que muitas pessoas não compartilham o otimismo do governo nem consideram acertada a decisão de hospedar a Copa.

“O governo acha que sufoca as evidências. O próximo passo desse voluntarismo é controlar as evidências. O papel do IBGE e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), por exemplo, começa a ser deformado pelo aparelhamento político. Pesquisas que contrariam os números de desemprego são suspensas. E o Ipea foi trabalhar estatísticas para Nicolás Maduro, que acredita ver Hugo Chávez transmutado em passarinho e, com essa tendência ao realismo mágico, deve detestar os números.

“Controlar as evidências, determinar as sentenças pela escolha de ministros simpáticos à causa, tudo isso é a expressão de uma vontade autoritária que vê a oposição como vê os números desfavoráveis: algo que deva ser banido do mundo real. A visão de que o País seria melhor sem uma oposição, formada por inimigos da Petrobrás e por gente que torce contra a Copa, empobrece e envenena o debate político.

“Desde o mensalão até agora o PT decidiu brigar com os fatos, e isso pode ter tido influência na queda de Dilma nas pesquisas. O partido foi incapaz, embora figuras como Olívio Dutra o tenham feito, de reconhecer seus erros. Está sendo incapaz de admitir os prejuízos que sua política de alianças impôs à Petrobrás ou mesmo que a Copa do Mundo foi pensada num contexto de crescimento e destinava-se a mostrar nossa exuberância econômica e capacidade de organização a todo o planeta. Gilberto Carvalho revelou sua perplexidade: achava que a conquista da Copa seria saudada por todos, mas as pessoas atacaram o governo por causa dela.

“Bom dia, Cinderela. O mundo mudou. Dilma e o PT não perceberam, no seu sono, que as condições são outras. Brigar com os fatos num contexto de crescimento econômico deu a Lula a sensação de onipotência, uma crença do tipo “deixa conosco que a gente resolve na conversa”. Hoje, em vez de contestar fatos, o PT estigmatiza a oposição como força do atraso. Ele se comporta como se a exclusão dos adversários da cena política e cultural fosse uma bênção para o Brasil. A concepção de aniquilar o outro não é vivida com culpa por certa esquerda, porque ela se move num script histórico que prevê o aniquilamento de uma classe pela outra. O que acabará com os adversários é a inexorável lei da história, eles apenas dão um empurrão.

“Sabemos que a verdade é mais nuançada. O governo mantém excelentes relações com o empresariado que financia por meio do BNDES e com os fornecedores de estatais como a Petrobrás. Não se trata de luta de classes, mas de quem está se dando bem com a situação contra quem está ou protestando ou pedindo investigações rigorosas contra a roubalheira, na Petrobrás ou na Copa.

“A aliança do governo é aberta a todos os que possam ser controlados, pois o controle é um objetivo permanente. Tudo o que escapa, evidências, vozes dissonantes, estatísticas indesejáveis, tudo é condenado à lata de lixo da História. Felizmente, a História não se faz com líderes que preferem partir para cima a dialogar diante de evidências negativas, tanto na Petrobrás como na Copa ou no mensalão. Nem com partidos incapazes de rever sua tática diante de situações econômicas modificadas.

“Dilma, com a queda continuada nas pesquisas, sai da área de conforto e cai no mundo em que os candidatos dependem muito de si próprios e não contam com vitória antecipada pelo peso da máquina. Será a hora de pôr de novo em xeque a onipotente tática de eleger um poste. Nem o poste nem seu inventor hoje conseguem iluminar sequer um pedaço de rua. Estão mergulhados no escuro e comandarão um exército de blogueiros amestrados para nublar as redes sociais. Com a máquina do Estado, o prestígio de Lula, muita grana em propaganda e na própria campanha eleitoral, o governo tem um poderoso aparato para enfrentar a realidade. Mas essa abundância de recursos não basta. Num momento como este no País, será preciso horizonte, olhar um pouco adiante das eleições e estabelecer um debate baseado no respeito às evidências.

“Esse é um dos caminhos possíveis para recuperar o interesse pela política. No momento, a resposta ao cinismo é a indiferença com forte tendência ao voto em branco ou nulo. Embora a oposição também seja parte do jogo, a multidão que dá as costas para a escolha de um presidente é uma obra do PT que subiu ao poder, em 2002, prometendo ampliar o interesse nacional pela política, mas conseguiu, na verdade, reduzi-lo dramaticamente. Para quem se importa só com a vitória eleitoral, essa questão da legitimidade não conta. Mas é o tipo de cegueira que nos mantém no atraso político e na ilusão de que adversários são inimigos. O PT comanda um estranho caso de governo cujo discurso nega o próprio slogan: Brasil, um país de todos. De todos os que concordam com a sua política.

“Até nas relações exteriores o viés partidário sufocou o nacional, atrelando o País aos vizinhos, alguns com sonhos bolivarianos, e afastando-o dos grandes centros tecnológicos. Contestar esse caminho quase exclusivo é defender interesses americanos; denunciar corrupção na empresa é ser contra a Petrobrás; assim como questionar a Copa é torcer contra o Brasil.

“Bom dia, Cinderela, acorde. Em 2014 você pode se afogar nos próprios mitos.” (Fernando Gabeira, Estadão, 25/4/2014.)

O Brasil do banquinho de três pernas

* “O aumento de preços na vizinhança de 6% é um bom exemplo de como funciona a filosofia de Jeca Tatu adotada pelo governo Dilma”. Artigo de Rolf Kuntz

“Monteiro Lobato criou um símbolo perfeito para o governo comandado pela presidente Dilma Rousseff, ao sintetizar no banquinho de três pernas o mobiliário e as ambições do caboclo. Para que quatro pernas, se três o sustentam e ainda evitam o trabalho de nivelamento? Os banquinhos do governo estão desenhados com perfeição nos principais indicadores e projeções da economia nacional, aceitos comodamente pelo grupo no poder. O aumento de preços na vizinhança de 6% é um bom exemplo de como funciona essa filosofia de Jeca Tatu.

“O ministro da Fazenda, Guido Mantega, prometeu nesta semana, para o fim do ano, uma inflação dentro do limite de 6,5%, ponto extremo da margem de tolerância. A taxa anual até poderá ultrapassar essa marca nos próximos meses, mas em seguida – palavra de ministro – vai recuar e permanecer na área delimitada. Meta de 4,5%? Nem pensar, pelo menos por alguns anos.

“Crescimento econômico? Muito bom, se chegar a 2,5% em 2013, como está indicado no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Contas externas? O Banco Central projeta para o ano um déficit em conta corrente de US$ 80 bilhões, muito parecido com o de 2013 (US$ 81,07 bilhões) e ainda perto de 3,6% do produto interno bruto (PIB), onde tem permanecido, sem grande agitação, desde março do ano passado.

“Forçado a se mexer para atiçar o fogo, e de vez em quando provocado, o governo-Jeca se compraz na recitação monótona de façanhas discutíveis e ainda se permite, de vez em quando, alguma bravata. Uma das preferidas é a comparação das contas públicas brasileiras com as dos países mais avançados. Mas até essa lenga-lenga está ficando insustentável, porque os governos do mundo rico, menos propensos ao comportamento de Jeca Tatu, andaram tomando providências para melhorar as finanças. Resultado: o Brasil ficou muito pior na foto.

“Segundo o Eurostat, o escritório de estatísticas da União Européia, os 28 países do bloco reduziram seu déficit fiscal para a média de 3,3% do PIB no quarto trimestre de 2013. Nos 18 países da zona do euro a média diminuiu para 3%.

“No Brasil, o déficit nominal das contas públicas (resultado total, como se mede em quase todo o mundo) ficou em 3,26% do PIB no ano passado e chegou a 3,3% nos 12 meses terminados em fevereiro deste ano. Não dá mais para esnobar os europeus, se forem consideradas aquelas médias.

“Mas a bravata é igualmente insustentável quando se considera a maior parte dos resultados individuais. Em 18 dos 28 países do bloco maior o resultado fiscal de 2013 foi melhor que o brasileiro. Entre os 18 estão duas das maiores economias, a Itália, com 3% de déficit, e a Alemanha, com zero. Em quase todas as outras os resultados melhoraram de forma consistente entre 2010 e 2013. Além disso, também as economias mais afetadas pela crise começaram a vencer a recessão e suas perspectivas são de maior crescimento nos próximos anos.

“Mas a dívida pública brasileira, pode insistir algum dirigente brasiliense, é menor que a da maior parte dos europeus como porcentagem do PIB. É verdade, mas esse argumento seria muito mais relevante se a classificação de risco do Brasil fosse tão boa quanto a desses países e se, além disso, os títulos brasileiros fossem aceitos no mercado com as taxas de juros cobradas dos governos europeus.

“Além disso, ninguém acusou esses governos de ter recorrido a criatividade contábil para fechar seus balanços nos últimos anos, nem a truques para disfarçar indicadores incômodos, como a taxa de desemprego. Lances desse tipo têm sido frequentes no Brasil, mas em geral para outras finalidades. Empenhado em administrar os índices, em vez de cuidar da inflação, o governo tem controlado os preços dos combustíveis e recorrido a prefeituras e governos estaduais para conter as tarifas do transporte público. Além disso, forçou a contenção das tarifas de energia elétrica, impondo perdas a empresas do setor e pesados custos adicionais ao Tesouro.

“Inútil no combate à inflação, essa política fracassada e desastrosa ainda levou o governo a tentar novas mágicas para disfarçar seus efeitos fiscais. Uma das saídas foi a montagem de um estranho esquema de financiamento bancário – R$ 11,2 bilhões – à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), uma entidade sem fim lucrativo e sem garantias próprias para oferecer aos bancos. A garantia será dada pelas distribuidoras e dependerá das tarifas cobradas. O custo será incluído no cálculo das novas tarifas a partir de 2015. Toda essa complicação, incluídos os juros do financiamento, seria evitada sem a demagogia da contenção de tarifas.

“Políticas desse tipo são tão eficientes quanto as rezas de benzedeiras em atividade nas Itaocas de Monteiro Lobato. Sua serventia principal é poupar à autoridade – o Jeca de plantão – o trabalho de pensar seriamente e de enfrentar tarefas desagradáveis. Sem disposição para fazer o necessário, resta ao caboclo em função pública inventar meios de contemporizar e de empurrar os problemas para a frente. Inflação longe da meta de 4,5% em 2015 e crescimento econômico de 3%, também indicados no projeto da LDO, combinam com a filosofia do tripé.

“Alguns se deixam contaminar pelo conformismo do Jeca e até enganar por sua esperteza rasa. A conversa sobre a criação de empregos é parte dessa esperteza. As demissões na indústria e a baixa qualidade dos postos criados no setor de serviços são temas postos de lado, assim como se tentou fazer com a pesquisa continuada por amostra domiciliar. Esta pesquisa – coincidência notável – vinha apontando taxas de desemprego maiores que as da pesquisa tradicional, mais limitada territorialmente. Para que pensar em modernização econômica, educação séria e criação de empregos decentes, se é muito mais cômodo levar adiante a conversa mole?” (Rolf Kuntz, Estadão, 36/4/2014.)

A grande família petista

* “Arranhe-se a superfície do sistema petista de poder e se encontrará um escândalo, uma maracutaia, uma armação, uma negociata.” Editorial do Estadão

“Nem é preciso fazer escavações profundas. Arranhe-se apenas a superfície do sistema petista de poder e, certo como a noite que se segue ao dia, se encontrará um escândalo, uma maracutaia, uma armação, uma negociata, um vexame, um ato mal explicado ou inexplicável à luz da ética pública. E não se diga que é intriga da oposição em ano eleitoral.

“Para ficar apenas na safra da semana, ora é uma auditoria da Petrobrás que afirma que em 5 de fevereiro de 2010 alguém foi autorizado verbalmente a sacar US$ 10 milhões de uma conta da Refinaria de Pasadena, na qual a empresa ainda tinha como sócia a Astra Oil. A revelação foi publicada pelo Globo. Quem autorizou, quem sacou, o porquê do saque e o que foi feito com a bolada, isso a Petrobrás não conta. Diz, burocraticamente, que o procedimento seria ‘uma atividade usual de trading’ e nele ‘não foram constatadas quaisquer irregularidades’.

“Ora, para variar, são as sucessivas apurações da Polícia Federal (PF) sobre a amplitude da rede de conveniência recíproca em que se situam as ligações do deputado André Vargas, do PT paranaense, com o doleiro Alberto Youssef. O cambista foi preso no curso da Operação Lava Jato, que expôs um esquema de branqueamento de dinheiro, por ele comandado, da ordem de R$ 10 bilhões. O monitoramento, com autorização judicial, das comunicações do já agora réu Youssef trouxe à tona uma história de tráfico de influência que reduz a mera nota de rodapé o pedido de Vargas ao parceiro para que lhe arranjasse um jatinho para levá-lo numa viagem de férias ao Nordeste – descoberto, o favor custou ao favorecido o cargo de vice-presidente da Câmara, ao qual teve de renunciar.

“A traficância, essa sim, era coisa graúda. Prometendo a Vargas que, se fizesse a parte dele, os dois conquistariam a ‘independência financeira’ – palavras textuais do doleiro captadas pela PF -, ele acionou o deputado para que o Ministério da Saúde, então chefiado pelo também petista Alexandre Padilha, contratasse com o laboratório Labogen, de que Youssef é controlador oculto, o fornecimento de uma partida de medicamentos contra a hipertensão. O negócio renderia R$ 31 milhões em cinco anos. Quando a tratativa foi noticiada pela Folha de S.Paulo, Padilha imediatamente tirou o time de campo. Deu-se o dito pelo não dito, nenhum contrato foi assinado, nenhum real desembolsado.

“Mas Padilha, pré-candidato ao governo paulista, era muito mais do que, digamos, o polo passivo do arranjo. Relatório da PF praticamente sustenta que, em novembro passado, ele ofereceu a Vargas um nome para dirigir o Labogen. Numa mensagem de celular lida pelos federais, o deputado identifica o apadrinhado para o doleiro e lhe dá o número de seu telefone, antes de arrematar: ‘Foi Padilha que indicou’. Dois dias antes, Vargas tinha escrito a Youssef: ‘Falei com Pad agora e ele vai marcar uma agenda comigo’. Naturalmente a PF não pode afirmar com todas as letras de que Padilha, ou Pad, se tratava. Mas quem mais poderia ser?

“Afinal, o indicado pelo interlocutor de ambos para ser o executivo da Labogen, Marcus Cezar Ferreira de Moura, o Marcão, tinha sido nomeado pelo ministro, em 2011, coordenador de promoção e eventos da Saúde. No ano anterior, ele trabalhara na reta final da campanha de Dilma Rousseff. Só achando que o ministro era um rematado nefelibata, o suprassumo da ingenuidade, para imaginar que ele considerasse o Labogen um laboratório sério. A sua folha de pagamento não soma mais do que R$ 28 mil. A polícia apurou que foi uma das firmas de fachada usadas por Youssef para remeter ilegalmente ao exterior US$ 444,7 milhões.

“Vargas, a PF também averiguou, não é o único petista das relações do doleiro. Outros citados, por ora, são os deputados Cândido Vaccarezza e Vicente Cândido, de São Paulo. Um admite ter se encontrado com o cambista no prédio onde ele e Vargas moram. O outro diz que o conheceu – em Cuba, ora vejam – em 2008 ou 2009. Em suma, formam todos uma grande família com parentes de sangue e por afinidade que às vezes brigam, mas em geral se ajudam a conseguir poder, prestígio e riqueza. Há mais de dez anos o solar da família fica em Brasília. Na sua fachada se lê: ‘Tudo pelo social’.” (Editorial, Estadão, 26/4/2014.)

O sistema público de Saúde em frangalhos

* O governo fecha 12 leitos hospitalares por dia no Sistema Único de Saúde, um a cada duas horas. O setor privado abre nove por dia. Artigo de José Casado

“A percepção de que a Saúde é o maior problema brasileiro está estampada em todas as recentes pesquisas de opinião. Em dezembro o Ibope confirmou a impressão coletiva ao entrevistar 15.414 eleitores em 727 municípios: 58% criticaram a política de saúde pública — a taxa de reprovação foi recorde no Rio Grande do Norte (73%), Distrito Federal (72%), Mato Grosso do Sul e Pará (70%). No Palácio do Planalto, porém, prevalece uma visão diferente.

“Sete em cada dez brasileiros dependem integralmente da rede pública de serviços de saúde, que perdeu 11.576 leitos hospitalares no período entre janeiro de 2011 e agosto do ano passado. Ou seja, o governo Dilma Rousseff passou os primeiros 30 dos seus 48 meses de mandato desativando 12 leitos hospitalares por dia — em média, um a cada duas horas. ‘Houve uma redução da quantidade de todas as especialidades de leitos de internação, com exceção dos leitos localizados em hospitais-dia’, atesta o Tribunal de Contas da União.

“Enquanto isso, o setor privado recebeu estímulos para aumentar o número de leitos disponíveis a quem tem dinheiro para pagar um plano de saúde, com direito à internação hospitalar. Foram criadas 8.349 vagas nesse período, destinadas às pessoas que não dependem do SUS (um em cada quatro brasileiros). Na média, foram abertos nove novos leitos particulares por dia — um a cada duas horas e meia.

“Técnicos do Tribunal de Contas passaram os últimos 12 meses examinando o financiamento e o desempenho do Sistema Único de Saúde. Visitaram 116 hospitais com 27.614 leitos (8% do total disponível no SUS), e em todo o país entrevistaram gestores, representantes do Judiciário e dos conselhos profissionais. O relatório recém-concluído tem 200 páginas com um inédito diagnóstico dos serviços do SUS. Sua leitura conduz a uma conclusão: falta governo na saúde pública.

“Em 67% dos estados a quantidade de leitos para a massa dependente da rede pública (2,29 para cada mil habitantes) é inferior ao mínimo recomendado pelo próprio governo (2,5 por mil).

“A superlotação virou parte da paisagem. Do Rio Grande do Sul ao Amapá, os técnicos do TCU encontraram corredores de hospitais atulhados de pacientes em macas. Contaram mais de 2.700 leitos interditados em 116 hospitais por falta de enfermeiros e de serviços de apoio. Anotaram: ‘Gestores de 85 unidades hospitalares (73% do total) afirmaram que a estrutura física dessas unidades não era adequada ao atendimento’ — projeto arquitetônico ruim e estruturas antigas que impedem instalação de equipamentos comprados.

“A desorganização começa na compra de medicamentos. Entre os 50 mais adquiridos no país, 43 têm preços acima da média internacional. Avança com a leniência na cobrança das dívidas privadas acumuladas com o SUS: de cada R$ 100 que o setor público gasta com clientes dos planos de saúde, o governo só consegue receber R$ 2,4. E vai ao desperdício de dinheiro em projetos como o do Cartão SUS. Gastou-se R$ 255 milhões nos últimos dez anos, parte em ‘pagamentos estranhos’. Restou um cadastro de endereços de usuários.

“Para candidatos que queiram entender a angústia e a esperança dos eleitores no resgate do sistema público de saúde, o estudo do TCU pode ser um bom começo. Está na rede do tribunal, sob o título ‘Fiscsaúde’.” (José Casado, O Globo, 29/4/2014.)

2 de maio de 2014

Outras compilações de provas da incompetência de Dilma e do governo:

Volume 120: Notícias de 18 a 24/10.

Volume 121: Notícias de 25 a 31/10.

Volume 122: Notícias de 8 a 14/11.

Volume 123: Notícias de 15 a 21/11.

Volume 124: Notícias de 22 a 28/11.

Volume 125: Notícias de 28/11 a 5/12.

Volume 126: Notícias de 6 a 12/12/2013.

Volume 127: Notícias de 10 a 16/1/2014.

Volume 128: Notícias de 17 a 23/1/2014.

Volume 129: Notícias de 24 a 30/1/2014.

Volume 130: Notícias de 31\1 a 6\2\2014,

Volume 131: Notícias de 7 a 13/2/2014. 

Volume 132: Notícias de 14 a 20/3/2014.

Volume 133 (Parte Um): Notícias de 21 a 27/3/2014. 

Volume 133 (Parte Dois): Notícias de 21 a 27/3/2014.

Volume 134: Notícias de 28/3 a 3/4/2014.

Volume 135 (Parte Um): Notícias de 4 a 10/4/2014. 

Volume 135 (Parte Dois): Notícias de 4 a 10/4/2014.

Volume 136 (Parte Um): Notícias de 11 a 17/4/2014. 

Volume 136 (Parte Dois): Notícias de 11 a 17/4/2014.

Volume 137: Notícias de 18 a 24/4/2014. 

 

6 Comentários para “Más notícias do país de Dilma (138). E uma boa notícia”

  1. CONTAGEM REGRESSIVA.
    FALTAM APENAS 244 DIAS PARA O FIM DAS MÁS NOTICIAS.

    A BOA NOTÍCIA: O INSTITUTO MDA constatou:
    “Pesquisa mostra oposição em alta e governo em queda”.

    A MÁ NOTICIA: Gilberto Carvalho negou o VOLTA LULA mas admite correntes dentro do PT pela candidatura do PELEGO. Enfim, a opinião do ex-chefe de gabinete não deve ser levada a sério.

    NOSSO MEDO: Se com Dilma a oposição vacila, com LULA ela se borra.

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