Confiança

Já repararam como muitos bancos em países de língua inglesa usam em seus nomes a palavra Trust? Não é porque a achem sonora. É porque, para um banco, confiança é o mesmo que oxigênio para nós.

Foi pensando nisso que acreditei piamente na declaração do Lula: “Não tem nenhum lugar do mundo em que o Santander esteja ganhando mais dinheiro do que no Brasil. Aqui ele ganha mais do que em Nova York, mais do que em Londres, do que em Pequim, Paris, Madri, Barcelona”.

(Não é espantoso? De onde vem esse dinheiro todo, essa quantia fantástica que ultrapassa os depósitos de correntistas do resto do mundo? Alguém sabe?).

Mas deve ser verdade, já que o Santander não lembrou ao governo Lulo/Dilma que é sua obrigação alertar e orientar aquelas pessoas que confiam nele para cuidar de seu dinheiro. Tampouco lembrou ao Lula que “essa moça tua” é uma analista que o banco contratou por confiar nela.

Fiquei pasma ao ler o piti que dona Dilma deu ao saber do informe do banco aos seus clientes e mais ainda ao ler o recado grosseiro e antipático do Lula ao senhor Botín: “Mas essa moça tua que falou não entende porra nenhuma de Brasil, nem do governo Dilma. Manter uma mulher dessas num cargo de chefia, sinceramente… Pode mandar ela embora e dar o bônus dela para mim, que eu sei como é que eu falo””.

O que fez o Santander?

Reagiu e defendeu seus analistas que cumpriam com sua obrigação de bem orientar os clientes que confiaram na instituição? Ou, ao contrário, vem se desculpando e lamentando profundamente ‘qualquer mal-entendido’ com a presidente Dilma Rousseff?

Mal entendido?

Pois é aí que mora o meu espanto. Em nenhum momento o governo brasileiro se apressou em desmentir o informe do Santander com dados que mostrassem que houve erro dos analistas do banco.

O único que se viu foi uma resposta de dona Dilma como se tivesse sido ofendida pessoalmente pelo presidente do banco: “Com amigos assim quem precisa de inimigos?”.

E as quase inacreditáveis palavras do Lula, fundador e ex-presidente do Partido dos Trabalhadores, recomendando a demissão de uma “moça” que, provavelmente, não agiu sozinha e, evidentemente, cumpria com sua obrigação de analisar a situação econômica de um Brasil às vésperas de uma eleição majoritária.

Creio que de agora em diante nenhum banco vai expor por escrito suas opiniões e análises. Mas como calá-los de todo modo? Como impedir as informações boca a boca?

De novo me valho de Bette Davis em ‘A Malvada’: “Apertem os cintos. Essa vai ser uma temporada turbulenta”:

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 1º/8/2014. 

Um comentário para “Confiança”

  1. Bancos.

    A Eletrobrás consultou 18 bancos para conseguir o empréstimo de R$ 6,5 bilhões.

    O Broadcast apurou que nada menos do que 16 instituições financeiras não demonstraram qualquer interesse em participar dessa operação.

    Todos esses bancos são privados.

    Restou, portanto, ao Banco do Brasil e à Caixa colocar o financiamento de pé.

    A direção da companhia não esperava uma reação tão negativa dos 16 bancos privados…

    (http://www.ecofinancas.com/noticias/eletrobras-faz-captacao-r-6-5-bi-bb-caixa)
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