A guerra selvagem nas redes sociais

Reaberta a temporada de caça.

Como Marina Silva foi expurgada pelo voto e os pobres não correm mais o risco de ter que entregar a sua comida aos banqueiros, entramos agora numa fase de discussão madura sobre os rumos do País.

Nas redes sociais, tornadas protagonistas da eleição graças aos avanços da tecnologia (o meio é a mensagem, ensinava McLuhan), movem-se em incontroláveis torrentes os partidários dos candidatos que sobraram para disputar a presidência do País em segundo turno.

Isso é que é país moderno, hein?

Agora aproxime-se um pouco mais e comece a ler a pauta da discussão:  nós x eles, pobres x ricos, corruptos x mas quem não é? sulistas x nordestinos, gays x homofóbicos, conservacionistas x destruidores do planeta. Onde viemos parar?

Os que passaram anos no palanque cuspindo perdigotos de ódio acusam os adversários de “destilar ódio na campanha”, como se os fatos não fossem facilmente verificáveis numa pesquisa superficial no YouTube ou no Google.

Dizia-se antigamente das pessoas que não acreditavam nas coisas que elas eram como “São Tomé”, que queria ver para crer. Agora há pessoas não crêem nem vendo. Nem os vídeos de um deputado do PT confessando que o dedo partidário nos Correios estava por trás da subida das intenções de voto de sua candidata nas eleições em Minas são suficientes para comprovar o aparelhamento da estatal. Outro vídeo, que mostra um carteiro distribuindo panfletos avulsos da candidata foi retirado do Google por decisão da Justiça Eleitoral, a pedido do PT. Sem falar nos áudios das confissões de Paulinho da Petrobrás e do doleiro Youssef, que confirmaram o que se sabia: a empresa foi aparelhada e saqueada.

Uma enxurrada de meias verdades e de mentiras absolutas foi despejada em páginas militantes nas redes sociais, fazendo comparações absurdas entre números disparatados comparando governos, como se a história andasse em soluços, e não fosse um processo histórico contínuo onde cada etapa inevitavelmente é decorrência e consequência daquilo que foi feito na anterior.

Perfis falsos foram criados para despejar insultos racistas atribuindo-os a eleitores ou simpatizantes dos partidos adversários. Uma das barbaridades lidas nessas páginas acusava o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de ter se aposentado aos 36 anos, fingindo desconhecer (ou desconhecendo mesmo, o que é pior) que foi em consequência de um ato da ditadura militar que aposentou compulsoriamente dezenas de professores da Universidade de São Paulo justamente para retirá-los da vida acadêmica.

Como a ignorância e a arrogância quase sempre andam juntas, não é por acaso que grupos de pessoas que se julgam detentoras do monopólio do bem, da justiça, do altruísmo e da bondade humana sejam mais perigosas para a convivência humana dos que os que simplesmente sabem que ninguém é infalível- e por isso não querem impor à força sua verdade a ninguém.

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 10/10/2014. 

2 Comentários para “A guerra selvagem nas redes sociais”

  1. A quantidade de mentiras e meias verdades produzidas pelo PT desde a sua fundação é imensa. A história do aposentado vagabundo aparentemente ficará para sempre como verdade. O PT confiou que haveria gente ingênua o suficiente para acreditar que um político experiente como FHC, às vésperas de uma eleição apertadíssima contra Lula, jogaria fora deliberadamente os votos de milhões de aposentados e de seus parentes.Na verdade a frase de FHC foi: “Não se aposente aos 40 anos. Não seja vagabundo. Não se locuplete com a miséria dos que ganham salário mínimo”. E não foi dita para os aposentados em geral, mas sim para seus colegas, professores universitários. A crítica era que eles, após especialização no exterior paga com verba pública do CAPES, voltavam, davam aula alguns poucos anos e se aposentavam em seguida, com 25 anos de serviço. Com a especialização feita no exterior no currículo, migravam em seguida para as universidades privadas, onde trabalhariam por muitos anos ainda. FHC propunha que a idade mínima de aposentadoria fosse de 53 anos para homens e 48 para mulheres.
    O PT editou a frase, cortando o seu início e o final, e colocou no programa eleitoral acusando FHC de ter chamados todos os aposentados brasileiros de vagabundos. Quando Lula assumiu o poder, elevou a idade mínima para 60 e 55 anos, mas a crítica sobre a reforma da previdência caiu inteira sobre FHC.
    Como vingança pela reforma na previdência, os petistas inventaram também a aposentadoria de FHC aos 36 anos. Sabiam que a aposentadoria compulsória era a correspondente acadêmica da cassação de parlamentares pelo AI5. Sabiam que FHC tinha sido afastado da vida acadêmica sob a acusação de ministrar aulas de marxismo para seus alunos. Porém, para os petistas, os fins justificam os meios.

  2. Perfis falsos, tem razão o VAIA. LUIZ CARLOS
    traçou o correto perfil de FHC.
    Não internet minhas informações se reportam aos colaboradores de 50ANOSdeTEXTOS.
    Sei o que é RE-ESTATIZAR e por este motivo vou votar na DILMA.

    E.Tempo: Me aposentei aos 65 anos por idade. Ganho 1 SM E NÃO TENHO BOLSA FAMÍLIA.

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