Más notícias do país de Dilma (84)

Nos últimos sete dias, o Brasil ficou sabendo, por exemplo, que,  mesmo com as incríveis, fantásticas manobras contábeis, as contas públicas tiveram o segundo pior resultado da história em 2012; as empresas estatais federais encerraram o ano investindo R$ 7,7 bilhões a menos do que poderiam; a Previdência fechou 2012 com déficit de mais de R$ 42 bilhões, 9% a mais que em 2011.

Os jornais também noticiaram que em 2012 a criação de emprego formal caiu 35,6%; a inadimplência das famílias brasileiras encerrou 2012 em alta, na contramão das previsões do governo – o nível de atrasos acima de 90 dias nas contas das pessoas físicas subiu de 7,8% em novembro para 7,9% em dezembro.

Soubemos também que auditoria do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) encontrou distorções que somam até agora R$ 212,3 milhões na construção do Estádio Nacional de Brasília, o Mané Garrincha. O levantamento mostra que o preço de cada assento do estádio é de R$ 16.938, mais de duas vezes superior ao do Castelão de Fortaleza.

O novo Castelão foi inaugurado com uma rodada dupla, mas já é um elefante branco: não há nenhum outro evento marcado para o estádio – seja de futebol, show ou atividade de empresa, e Ceará e Fortaleza, os maiores times do Estado, relutam em utilizá-lo regularmente, pois o custo é alto demais.

Por falar na capital cearense, Fortaleza enfrentou um apagão de 15 minutos na manhã de sexta-feira, 25/1, dois dias depois de a presidente Dilma Rousseff anunciar em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV a redução da tarifa de energia elétrica.

Ah, sim, a tarifa mais barata. As contas de luz ficarão maias baratas, mas, para isso, o Tesouro Nacional – ou seja, o dinheiro que todos pagamos ao governo em forma de impostos – vai gastar R$ 8,5 bilhões este ano para bancar a redução das contas.

Todas essas notícias saíram nos jornais entre os dias 25 e 31 de janeiro. São fatos, e contra fatos, como diz a sabedoria popular, não há argumentos. Dessa maneira, fica fácil entender por que o presidente do PT, Ruy Falcão, voltou a falar da idéia fixa do partido: dar um jeito na imprensa. Segundo ele, a prioridade do partido que governa o país há dez anos é mudar a legislação que regulamenta a imprensa.

Na falta de boas notícias, censure-se a imprensa burguesa, reacionária.

Credo em cruz.

Aí vai a 84ª compilação de notícias e análises que comprovam a incompetência do lulo-petismo como um todo e do governo Dilma Rousseff em especial.

Está tudo errado nas decisões sobre a economia

* Ao cobrar metas para a segunda metade de seu mandato, a presidente reconhece que seu governo não tem plano

“A presidente Dilma Rousseff, segundo informou a repórter Vera Rosa no Estado na segunda-feira, encomendou a um grupo de ministros a definição de metas para 2013 e 2014. Será preciso incluir na lista resultados para os setores de saúde e segurança, para responder a duas das mais importantes queixas dos cidadãos. Ainda segundo a reportagem, ela se encontrou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o marqueteiro João Santana, antes da conversa com os ministros. Essas informações são especialmente importantes para a avaliação do quadro atual e das possibilidades de uma ação oficial mais eficiente.

“Ao cobrar metas para a segunda metade de seu mandato, a presidente reconhece, implicitamente, a carência de um plano de governo. Ela chegou ao Palácio do Planalto, em janeiro de 2011, com vagas promessas de tornar mais eficiente a administração federal e de levar adiante as políticas de inclusão do governo anterior, executadas principalmente por meio da transferência de renda.

“A promessa de elevar a qualidade gerencial nunca foi cumprida e provavelmente jamais será. A faxina ministerial imposta pelos fatos – seria impossível negar os escândalos ou tratá-los com panos quentes – esgotou-se na substituição de algumas pessoas. Nem o loteamento entre partidos foi abandonado nem se implantaram novos critérios de eficiência e qualidade.

“O palavrório sobre planejamento jamais se concretizou em mudanças práticas. Os planejadores foram incapazes, por exemplo, de conciliar os cronogramas de geração de eletricidade e de construção de redes transmissoras. Grandes parques eólicos continuam sem ligação com o mundo. A Usina de Santo Antônio, no Rio Madeira, já poderia produzir, mas falta ligação com os grandes mercados. A mesma incompetência compromete os demais investimentos. Obras de rodovias do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) avançam a passo de tartaruga. Com planos mal concebidos e mal executados – nem a Petrobrás escapou, nos últimos anos -, os balanços são maquiados com números do financiamento de imóveis.

“O ano de 2012 foi de preparação, disse a presidente em discurso no Piauí, num dia de apagão em 33 cidades do Estado. Mas a ‘preparação’ consistiu, de fato, numa colcha de retalhos formada de incentivos fiscais temporários, medidas protecionistas, desoneração da folha de salários de um número crescente de indústrias, redução dos juros e depreciação cambial.

“A desoneração – improvisada – é inadequada para vários segmentos da indústria. Além disso, falta uma clara definição sobre as novas condições de financiamento da Previdência. Quanto ao corte dos juros, reflete em parte o voluntarismo presidencial. A taxa básica foi reduzida, mas a inflação continua longe da meta e nada permite prever um recuo significativo até 2014. A ‘preparação’ incluiu o convite ao setor privado para investir na infraestrutura. O resultado ainda será conferido.

“O balanço geral é um fiasco. O investimento encolheu, a produção industrial diminuiu e o setor continua incapaz de competir, apesar do cambio depreciado. Resumo: quase 60 anos depois do Plano de Metas de Juscelino, Dilma tenta inventar as metas sem plano.” (Editorial, Estadão, 26/1/2013.)

* Sem história de sucesso para contar, o governo esnoba Davos. Em troca, os líderes mundiais ignoram o Brasil

“A economia global continua um cenário ideal para quem curte as emoções da incerteza e do perigo iminente. Talvez por isso poucos empresários brasileiros e altos funcionários federais tenham aparecido em Davos, onde se reuniram meia centena de chefes de Estado e de governo e mais de 2 mil banqueiros, ministros, acadêmicos e figuras do mundo dos negócios. (…)

“Davos retribui a esnobação e concentra o foco nas economias avançadas ainda em apuros e naquelas emergentes governadas por equipes mais humildes e mais afeitas ao receituário prosaico. Curiosamente, esses países têm crescido muito mais que o Brasil, embora mais expostos à crise global, e exibem taxas de inflação menores.

“A valorização cambial afetou vários desses países, em 2012, enquanto o real se depreciou. Apesar disso, muitos apresentaram contas correntes superavitárias ou com déficits proporcionalmente menores que o brasileiro – 2,8% do produto interno bruto (PIB). Seu crescimento econômico foi geralmente maior que o do Brasil ou, nos piores casos, muito parecido. Alguns exemplos: República Checa, Hungria, Rússia, Malásia, Cingapura, Coreia do Sul, Tailândia, México e Israel. (…)

“Sem uma história de sucesso para contar, autoridades e empresários brasileiros preferem ficar em casa e mandar a Davos uma representação minúscula. Outros, mesmo com resultados ruins, enfrentam a discussão e disputam as atenções. E outros, com desempenho invejável, continuam batendo ponto na cidade. Um pouco mais de promoção pode sempre ajudar, mesmo quando se trata de países altamente competitivos, como China, Coréia do Sul, Indonésia, Alemanha e Chile.” (Rolf Kuntz, Estadão, 26/1/2013.)

* “Não era essa uma das maquiagens preferidas nos tempos da ditadura?”

“O tom oficial é defensivo, embora pareça o contrário: ‘nada a explicar’, mas ‘tudo a justificar’. As últimas semanas ilustram bem o quanto essa polifonia é dissonante, beirando a cacofonia. Exemplo: ‘Meu querido, não respondo a essa pergunta’ foi a resposta da presidente Dilma Rousseff à questão de um repórter sobre os preços das passagens de metrô e ônibus, referência à minimização das pressões inflacionárias via acordos com prefeitos e governadores para adiar os aumentos programados. E complementou: ‘Respondo, sim, a perguntas sobre a redução das tarifas de eletricidade’. Esse tom de monólogo autocrático, similar ao adotado em cadeia nacional para justificar a opção do governo pelo controle artificial de preços e pelo uso intensivo das estatais sob sua tutela, dá o que pensar sobre o que há de velho e de novo na retórica e também na política oficial. Não era essa uma das maquiagens preferidas nos tempos da ditadura?” (Lourdes Sola, cientista política, Estadão, 29/1/2013.)

* Governo gasta demais, e gasta mal; despesas com custeio da máquina aumentaram 16,3

“Num ano em que a economia pisou no freio, as despesas do governo subiram em ritmo mais forte do que as receitas. Dados divulgados nesta terça-feira pelo Ministério da Fazenda mostram que os gastos públicos atingiram R$ 804,7 bilhões em 2012, alta de 11% sobre 2011. Os benefícios assistenciais foram os desembolsos que mais cresceram: 17%, seguidos por gastos de custeio, com alta de 16,3%. Nessa conta entram despesas com a máquina administrativa, Bolsa Família, desonerações tributárias, entre outras. Já as receitas somaram R$ 880,8 bilhões, alta de 7,7%.

“O aumento dos gastos públicos, combinado com crescimento menor das receitas, obrigou a equipe econômica a fazer um malabarismo fiscal para fechar as contas em 2012. O governo não apenas antecipou dividendos de estatais e recursos do Fundo Soberano, como remanejou despesas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para cumprir a meta de superávit.

“Os técnicos transferiram projetos para dentro do programa de forma que eles se tornassem investimentos passíveis de abatimento. Assim, o resultado primário do governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) encerrou 2012 em R$ 88,5 bilhões, ou 2,01% do Produto Interno Bruto (PIB). Os R$ 8,5 bilhões restantes para atingir a meta cheia de R$ 97 bilhões, ou 2,15% do PIB, foram descontados por serem classificados como investimentos prioritários.” (Martha Beck, O Globo, 30/1/2013.)

* Estão sendo desmontados os pilares que sustentaram o processo de ajuste da economia brasileira

“O Brasil não foi sugado pela crise que se abateu sobre várias economias importantes do planeta e isso chegou a atrair a atenção dos meios econômicos e dos mercados que influenciam diretamente a decisão de investidores pelo mundo afora. Mas, desde o ano passado, a economia brasileira passou a figurar nas manchetes negativas de renomados veículos especializados em finanças. Na reunião do Fórum Econômico Mundial, que se realiza em Davos, na Suíça, foram poucas as menções à economia brasileira, e nem sempre abonadoras.

“Tal mudança de humor pode estar refletindo a perda de dinamismo que se observou nos últimos dois anos. E certamente contribuiu para isso uma série de decisões tomadas pelo governo, começando pela equivocada alteração do modelo de concessões para exploração e produção de petróleo em novas áreas. Hoje, a percepção dos mercados é que tem havido um desmonte nos pilares que sustentaram o processo de ajuste da economia brasileira. (…)

“A julgar pelo comportamento das contas federais no ano passado, o governo não tem conseguido priorizar os investimentos como deveria. Os gastos com custeio do governo central continuaram aumentando mais do que recomendado para um ano em que a arrecadação enfraqueceu, seja pela queda de ritmo da atividade econômica, seja pelo impacto imediato de uma série de desonerações tributárias. Enquanto os gastos se expandiram em 11%, as receitas avançaram 6%.

“São fatos como esses que desgastam a imagem da política econômica. E para agravar esse quadro, o governo recorreu a uma conta de chegar, no apagar das luzes do exercício fiscal, para que o resultado de 2012 se aproximasse das metas inicialmente propostas para 2012.

“Espera-se que em 2013 essa experiência frustrante não se repita, e que o governo verdadeiramente priorize os investimentos e controle de fato os gastos de custeio. Sem isso, a imagem da política econômica continuará se desgastando, o que não é nada bom para o país. Pessimismo de investidores hoje é garantia de mais problemas no futuro.” (Editorial, O Globo, 31/1/2013.)

O conto da energia barata e a Política

* Dilma abre a campanha eleitoral – e avisa que seu mandato é de oito anos

“A presidente Dilma Rousseff acaba de fazer o seu primeiro comício para a reeleição. Ao anunciar em cadeia nacional de rádio e TV, na quarta-feira (23/1), a entrada em vigor, no dia seguinte (e não mais em 5 de fevereiro), da redução das tarifas de energia elétrica, maior do que a antecipada – 18%, em vez de 16,2%, para os consumidores residenciais e 32%, em vez de 28%, para a indústria -, discursou como se estivesse em um palanque. A sua fala até que foi breve (8 minutos), mas suficiente para cobrir de lantejoulas as supostas realizações de seu governo, que estariam deixando ‘para trás’ os seus críticos, carimbados rombudamente como ‘aqueles que são sempre do contra’. Lembrou, na ênfase, nas alegações e no descaso com a realidade, o seu patrono Luiz Inácio Lula da Silva: por pouco não se saiu literalmente com um ‘nunca antes na história deste nosso país’. Ficou no ‘hoje podemos ver como erraram feio os que não acreditaram que era possível crescer e distribuir renda’, e na apoteose de um Brasil ‘cada vez maior e imune a ser atingido por previsões alarmistas’, tanto que ‘nos últimos anos o time vencedor tem sido dos que têm fé e apostam no País’. O microfone, assim como o papel, aceita tudo.

“Alheia ao pibinho de 2012 e à comparação desfavorável com as taxas de crescimento das economias emergentes, também torceu os fatos sem enrubescer, ao assegurar que ‘estamos ampliando investimentos na infra-estrutura’ – cujo montante caiu mais de 20% nos dois últimos anos. Fez de conta que a ampliação do sistema energético não padece de atrasos perigosos e deficiências cruciais, e minimizou o significado da decisão de recorrer intensivamente à eletricidade de origem térmica, mais cara e poluente, para reduzir o risco de ‘apagões’. Não fosse a quase estagnação da economia, a oferta de energia dificilmente daria conta da demanda. Por outro lado, cumprir a promessa de não sangrar o Tesouro para compensar a redução das contas de luz equivalerá à proverbial quadratura do círculo. Sem falar nos prejuízos causados ao setor elétrico pela medida provisória, sancionada no último dia 14, que autorizou a renovação dos contratos de geração de energia em vias de se esgotar para as empresas que concordassem em baixar as suas tarifas. A Cemig e a Cesp não aceitaram, sobrando para o erário bancar a bondade para os consumidores de Minas Gerais e São Paulo.

“Deixando patente o caráter eleitoral do seu show televisivo, Dilma se referiu à questão de forma a deixar mal os governos tucanos desses Estados. ‘Espero que, em breve, até mesmo aqueles que foram contrários à redução da tarifa venham a concordar com o que estou dizendo’, fingiu exortar, com ar superior. Dilma, efetivamente, está cheia de si. Há pouco, segundo o repórter Raymundo Costa, do Valor, disse com todas as letras a um interlocutor: ‘Meu mandato é de oito anos’.” (Editorial, Estadão, 25/1/2013.)

* “Há vários fios desencapados no setor de energia e seria bom se o governo tivesse uma atitude mais sóbria em relação ao tema”

“A mensagem da parte final da fala da presidente Dilma Rousseff lembrou o princípio usado na propaganda oficial do governo Médici. Confundiu crítica, ou análise que contrarie o discurso oficial, com falta de amor à pátria. Misturou governo e nação. Como sabem os que combateram o regime, entre eles a própria presidente, governos são sempre temporários e não são a encarnação do país.

“Discordar de uma decisão governamental, apontar riscos, não é torcer contra. Só governos de índole autoritária fazem esse tipo de interpretação. Se esse for o tom da campanha da presidente por mais um mandato será lamentável.

“Convocar rede nacional de TV e rádio para o início extemporâneo de campanha eleitoral é irregular. A rede está à disposição do governante para assuntos de interesse coletivo e para informações úteis para a população. Convocá-la para anunciar a queda do preço da energia faz sentido, o que transformou a natureza do pronunciamento foi o tom escolhido pelo marqueteiro da presidente, na segunda metade do texto lido por ela, de ataque a todos os que não cultuam o governo. Seria, segundo diz a peça publicitária, coisa de gente sem fé no Brasil.

“A primeira parte foi apresentação entusiasmada da sua visão da conjuntura, o que é normal. Depois, virou palanque fora de época. Mas, por uma questão de método, nenhum gestor, público ou privado, deve acreditar na inexistência de risco de curto, médio e longo prazos em qualquer projeto.

“A queda do preço da energia tem o benéfico efeito de reduzir o custo das empresas, aumentando a competitividade do país, e de diminuir o peso da luz no orçamento das famílias. Ótimo. O problema é que a medida teria que vir com uma campanha de redução do consumo, porque neste exato momento o baixo nível dos reservatórios está exigindo o uso das térmicas que encarecem a energia. Portanto, quanto maior for a demanda, mais alta fica a conta a ser paga mais tarde. Se a redução do preço for entendido como um estímulo ao consumo, num momento de escassez, o resultado será o oposto do que busca o programa.

“Parte da redução do preço será coberta por recursos do Tesouro, o que, no final das contas, é dinheiro de todos nós. (…)

“Há vários fios desencapados no setor de energia e seria bom se o governo tivesse uma atitude mais sóbria em relação ao tema. O atraso nas linhas de transmissão, principalmente as que estão sob a responsabilidade da Chesf, é uma das inúmeras frentes de trabalho. O setor de transmissão precisa de muito mais investimento para renovação das linhas e modernização de sistemas obsoletos. As empresas têm que investir mais, e a maneira como foi conduzido esse programa as descapitalizou. A queda das ações torna difícil buscar recursos no mercado de capitais e limita o endividamento. As hidrelétricas construídas muito longe dos centros de consumo exigirão um enorme esforço para não se reproduzir, em grande escala, o que está acontecendo com os parques eólicos: começarem a gerar antes de estarem prontas as linhas de transmissão. O custo total para o país de não usar os parques eólicos pode chegar a R$ 1 bilhão.

“Há dentro do governo relatórios alertando para vários desses riscos. De vez em quando a imprensa consegue capturar um. Ou há gente ‘do contra’ infiltrada ou o governo deveria avaliar esses alertas internos com mais atenção. Há fatos intrigando especialistas ouvidos pelo governo que podem indicar que há sistemas de previsão internos que precisam ser aperfeiçoados. Tudo isso deveria estar sendo analisado com cuidado. Mas o governo preferiu transformar a energia em bandeira política e entregou o tema ao maniqueísmo próprio dos marqueteiros das campanhas eleitorais.” (Míriam Leitão, O Globo, 25/1/2013.)

* “A vantagem do governo é que os efeitos da sua estupidez só aparecem bem depois dele”

“Nossa presidente é de fato desafiadora e ama assumir riscos. Acaba de demonstrar essas qualidades, ou virtudes, no caso das contas de energia elétrica e dos desafios aos seus críticos e ‘pessimistas’, como ela diz. Pois, apesar deles, tudo está dando certo. (…)

“Dilma gosta de fazer apostas. E não teme colocar o País como cacife. A Petrobrás está às tontas para saber de onde vai tirar dinheiro para cumprir os objetivos que a presidente quer que a empresa alcance, enquanto engole prejuízos. As empresas de energia elétrica concordaram, sim, em reduzir as contas de luz, mas a operação só foi aceita porque quem paga a conta é o contribuinte: R$ 19 bilhões já estão à disposição, no Tesouro Nacional, para cobrir o rombo. Como um grande número de brasileiros que pagam contas de luz não paga impostos, nem perceberão a esperteza.

“Na verdade, as questões do preço da gasolina e a da diminuição das contas de energia, assim como a da queda forçada dos juros, não têm nada que ver, ou têm muito pouco que ver, com a questão dramaticamente mais importante de dar condições de competitividade à economia brasileira, que está ficando para trás no contexto da economia internacional. E têm tudo que ver com o fato de serem dois passos importantes na caminhada da presidente para a reeleição. O projeto petista de 20 ou 30 anos no poder é a vitamina do voluntarismo de Dilma, como foi do seu antecessor. (…)

“No discurso puramente eleitoral na televisão, com que nossa presidente apresentou a sua ousada decisão de baixar na paulada as contas de luz e desafiou ‘os que são sempre do contra’ e ‘os pessimistas’, além de garantir que não vai haver nenhum racionamento de energia elétrica – outra ousada aposta -, discorreu ainda sobre várias ‘realizações’ do seu governo que ninguém consegue ver onde estão.

“Foi um discurso para açular as falanges entusiasmadas do PT e prepará-las para a campanha que já começou.

“O racionamento de energia já estaria havendo, se não fosse o ‘pibinho’, ou seja, o baixíssimo crescimento da economia – obra mor dos seus dois anos.

“Há mais de dois anos que ‘os do contra’ e ‘os pessimistas’ vêm dizendo que o crescimento da economia não pode depender apenas do aumento do consumo; que faltam investimentos; e que é preciso criar condições para eles, pois a maioria dos investimentos que alimentam o PIB vem da área privada.

“Mas os resultados da destruição da política monetária, da queda forçada dos juros, da gestão falimentar de empresas estatais, do aumento dos déficits em conta corrente, da elevação da dívida pública e da emissão de títulos públicos para pagar juros públicos levam tempo para aparecer e afligir o público. Até lá, ela pode, sem dúvida, garantir a reeleição.” (Marco Antonio Rocha, Estadão, 28/1/2013.)

O conto da energia barata e a Economia

* Tesouro vai gastar R$ 8,5 bilhões para garantir redução da conta de luz

“O Tesouro Nacional vai ter de arcar com uma despesa de R$ 8,5 bilhões apenas em 2013 para garantir a redução da conta de luz anunciada pela presidente Dilma Rousseff. Esse gasto será necessário porque três das mais importantes empresas do setor elétrico – Cesp, Cemig e Copel – não aceitaram a proposta de renovação antecipada das concessões com redução no preço da energia produzida.

“O governo contava com a energia mais barata desses empreendimentos para baixar o custo da eletricidade em uma média de 20% para todos os consumidores. Se essas três concessionárias tivessem aderido ao pacote, a União teria de aportar apenas R$ 3,3 bilhões à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) – encargo que incide sobre as contas e subsidia programas como o Luz para Todos.

“Sem a adesão de todas as concessionárias, o governo teve de ampliar o número de encargos e subsídios que passarão a ser cobertos pela CDE – cuja cobrança foi reduzida em 75% em setembro. Uma série de gastos para fomentar programas, que iam desde iluminação pública à irrigação de lavouras, eram cobrados nas contas de luz. A partir de agora, caberá ao Tesouro financiar esses programas. Apenas neste ano, o gasto adicional será de R$ 4,5 bilhões.” (Anne Earth e Eduardo Rodrigues, Estadão, 25/1/2013.)

* Mais mágica contábil. O problema é que para investir no setor é preciso dinheiro de verdade

“Até mesmo a contabilidade criativa entrou em ação para viabilizar o corte nas tarifas de energia. Mais uma vez envolvendo o BNDES.

“A nova mágica contábil fará aparecer R$ 4,1 bilhões nos cofres do banco, a serem transferidos à União a título de amortização da dívida de Itaipu.

“O dinheiro será usado como subsídio na redução das contas de luz. O problema ficará mais grave quando faltar dinheiro de verdade, não o contábil, para investimento no setor elétrico.” (Opinião, O Globo, 26/1/2013.)

* “Lamento que o setor elétrico seja tratado de uma forma que traz vícios de discurso político-eleitoral”

“A redução nos preços das tarifas de energia elétrica deveria se dar com base no aumento da eficiência e da produtividade das empresas, não com subsídios via decreto. E as dificuldades financeiras que serão enfrentadas tanto pelas geradoras como pelas distribuidoras poderão colocar em risco a própria expansão do setor.

A opinião é de Cláudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, um centro de estudos sobre o setor elétrico: ‘Lamento que o setor elétrico, de extrema complexidade técnica e econômica, seja tratado de uma forma que traz vícios de discurso político-eleitoral.’

“Ele destacou que a redução das tarifas é artificial, uma vez que é feita por meio de subsídios e não por aumento da eficiência do setor. Além disso, esses recursos deveriam ser usados em setores como saúde, educação e segurança.

“Sales disse que o setor elétrico está passando por uma situação financeira muito crítica por várias razões, o que pode comprometer seus investimentos na expansão. De um lado, as geradoras de energia vão ter uma redução da ordem de 70% em suas receitas, com a renovação dos contratos de concessão com base na medida provisória (MP) 579, do governo federal, usada para reduzir a tarifa de energia.

“Por outro lado, as distribuidoras já tiveram uma perda de 30% em sua capacidade de geração de caixa nos últimos anos com a revisão tarifária. E, neste momento, estão arcando com os custos extras da geração térmica, que só serão ressarcidos na ocasião do reajuste de cada distribuidora. ‘O setor elétrico era estruturado, capaz de atrair capitais, vinha se tornando eficiente de forma contínua. Agora está exposto a coisas que não são transparentes, cheias de artifícios fora da lógica econômica’, disse Sales.

“As distribuidoras de energia, por sua vez, estão preocupadas com os gastos extras com o pagamento da geração térmica, que é mensal, enquanto são ressarcidas somente por ocasião do reajuste das tarifas, que é anual.

“O presidente em exercício da Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Marco Salgado, disse que a instituição está levando esse problema ao governo federal.

“Segundo Salgado, somente em dezembro, por exemplo, o custo da geração térmica a ser pago pelas distribuidoras é de R$ 900 milhões, contra R$ 550 milhões em novembro. ‘Essa questão é uma das coisas que preocupa as empresas a curto prazo, pois diminui sua capacidade de investimentos’, disse Salgado.

“Uma das propostas da Abradee é pagar o custo das térmicas via um dos fundos setoriais, como a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Outras possibilidades seriam o parcelamento dessa despesa, ou a concessão de um financiamento.” (Ramona Ordoñez, O Globo, 25/1/2013.)

* “Dizer que o sistema elétrico é seguro é uma falácia”

“Ildo Sauer, diretor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP, vê dificuldades na implementação, e problemas estruturais na medida (a redução das contas de luz):

“Como o senhor avalia o pacote energético anunciado pelo governo?

“O governo não disse que o país tem um modelo energético ruim, que é caro apesar da qualidade dos ativos naturais, humanos e tecnológicos que possuímos. Dizer que o sistema elétrico é seguro é uma falácia, tivemos seis apagões e ‘apaguinhos’ nos últimos dois meses. E anunciar que não há risco de desabastecimento é algo absurdo, sempre há esse risco. Ou é uma inverdade técnica ou a presidente Dilma anunciou as medidas da sala de São Pedro.

“As medidas surtirão efeito no preço da energia?

“Quero ver como será a operacionalização disso. Temos que refazer contratos, tabelas, planilhas, assinaturas com 63 distribuidoras diferentes. Não imagino isso em um dia. A redução da tarifa em um dia só seria possível com um milagre de gestão, o que não é a marca deste governo e da agência reguladora do setor.

Mas o que o senhor achou das medidas?

“Tenho um amigo dono de uma mansão que paga R$ 4,5 mil de luz por mês e que pode ter uma redução de R$ 900 mensais. Seu empregado, que ganha pouco mais de um salário mínimo, gasta hoje R$ 60 por mês com luz e terá um desconto de R$ 12. Discordo deste desconto linear, feito com o dinheiro público. Esse recurso do Tesouro deveria ir para políticas industriais, para ampliar nossa competitividade.

E como o senhor avalia o setor?

“O governo não admite, mas o modelo está errado. Não é normal usar Termelétricas de forma regular, constante. Elas devem estar lá, mas como um seguro. O planejamento, feito por Dilma enquanto era Ministra, foi falho.” (Entrevista a Henrique Gomes Batista, O Globo, 25/1/2013.)

* Fortaleza tem apagão de 15 minutos

“Fortaleza enfrentou um apagão de 15 minutos na manhã de ontem (sexta, 25/1), dois dias depois de a presidente Dilma Rousseff anunciar em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV a redução da tarifa de energia elétrica. Toda a cidade ficou sem energia elétrica das 9h às 9h15.

“O apagão foi provocado por uma interrupção indevida de fornecimento de energia por parte da Companhia Hidroelétrica Vale do São Francisco (Chesf) na estação Delmiro Gouveia, no bairro Dias Macedo, próximo da Arena Castelão.

“Em nota, a Chesf reconheceu que o desligamento no fornecimento foi indevido, pois os serviços de melhorias que estão sendo feitos na estação de 69 quilowatts não necessitavam de desligamento. ‘Houve uma interrupção de transmissão de 334 megawatts, o que acabou provocando a queda de energia, que em quatro minutos acabamos restabelecendo’, disse o diretor de operações da Chesf, Mozart Arnaud.” (Lauriberto Braga, Estadão, 26/1/2013.)

* Uma conta bem simples de se entender

“As termelétricas, que desde novembro operam a todo vapor, estão gerando um desequilíbrio no caixa das distribuidoras de energia. Podem até empurrar algumas para uma situação de inadimplência.

“Essa energia, mais cara que a vendida pelas hidrelétricas, vai gerar para a Light, por exemplo, um custo adicional de uns R$ 500 milhões. No setor deve ser de R$ 2,5 bilhões.

“É um dinheiro que suga o caixa da empresa e que, pela regra atual, ela só pode repassar para os consumidores uma vez por ano. No caso da Light, só em novembro.

“Até lá a empresa se socorre com os bancos, a um custo alto.” (Ancelmo Gois, O Globo, 31/1/12013.)

A desorientação da política energética – Combustíveis

* Nos últimos 4 anos, Petrobrás gastou US$ 54 bilhões a mais do que faturou

“Planos audaciosos de investimento, projetos com custos subestimados e falta de reajuste nos preços de combustíveis minaram o caixa da Petrobras. Com isso, a companhia tem gasto sistematicamente bem mais do que consegue gerar de receitas o que, segundo analistas, põe em dúvida a sustentabilidade de suas contas a longo prazo. Entre 2009 e 2012, o rombo no caixa da estatal pode ter acumulado US$ 54 bilhões, pelas projeções mais recentes, uma média de US$ 13,5 bilhões por ano de déficit. Especialistas acreditam que, se continuar nessa trajetória, a empresa precisará fazer nova capitalização — em 2010, a Petrobras fez um aumento recorde de capital de R$ 120,2 bilhões o equivalente a US$ 69,9 bilhões na ocasião.

“Com o caixa enfraquecido, a companhia está chegando no limite de sua capacidade de endividamento, já que os investimentos não estão dando resultados, alertam os especialistas. Até setembro, as dívidas somam R$ 133,9 bilhões, valor que é 2,5 vezes a sua geração de caixa. “Hoje, a Petrobras está gerando cerca de US$ 30 bilhões e gastando US$ 42 bilhões (projeção para o resultado fechado de 2012). Vai ter que se escolher entre reajustar os preços dos combustíveis ou aumentar seu endividamento. Ou desacelerar o plano de investimentos’, afirmou Emerson Leite, chefe da área de análise de ações do Credit Suisse First Boston.

“Por e-mail, a Petrobras afirma que investir mais do que a capacidade de geração de caixa faz sentido em períodos nos quais grandes oportunidades justificam esses investimentos, como o pré-sal. Além disso, segundo a empresa, esses investimentos são viabilizados pela captação de recursos externos.

“Especialistas afirmam, porém, que esse descasamento tem ocorrido de forma sistemática e que a empresa está colhendo, hoje, o resultado de erros de gestão no passado. ‘O desalinhamento entre caixa e investimentos é normal por curtos períodos. É um ciclo que tem um fim. A questão na Petrobras é que esses investimentos ainda não deram retorno, pois houve queda na produção’, diz Luiz Francisco Caetano, da corretora Planner.” (Ramona Ordoñez e Bruno Rosa, O Globo, 27/1/2013.)

* “O governo Dilma impõe uma política de desestímulo aos investimentos em etanol”

‘O Brasil, que nos anos da primeira década deste século chegou a ser reconhecido como campeão mundial dos biocombustíveis, está sendo passado para trás, em consequência do descaso da atual política do governo Dilma para o setor.

“O correspondente do Estadão em Genebra, Jamil Chade, em matéria publicada nesta segunda-feira, conta que, apesar da forte oposição dos ambientalistas, que condenam a utilização de grãos para produção de combustíveis renováveis, a União Europeia já iguala e começa a ultrapassar o Brasil em consumo de biocombustíveis.

“Depois de ter se tornado um entusiasta do biodiesel, a partir de 2008, o então presidente Lula já se desinteressara pelos biocombustíveis. Essa talvez tenha sido a consequência da descoberta das reservas de petróleo no pré-sal na Bacia de Santos.

“Mais do que puro desinteresse, o governo Dilma impõe uma política de desestímulo aos investimentos em etanol, na medida em que mantém em prática política de combate à inflação à custa do caixa da Petrobrás.

“Ao manter achatados os preços dos combustíveis, especialmente da gasolina e do óleo diesel, o governo vai desestimulando, por tabela, os produtores de biocombustíveis que enfrentam custos crescentes de produção e, assim, estão cada vez mais incapacitados de arrostar a concorrência dos derivados de petróleo subsidiados.

“É difícil entender essa política que, de resto, sabota a capacidade de investimento da Petrobrás. Por falta de investimentos em plantio de cana de açúcar e na expansão de destilarias, a produção de etanol está estancada em torno dos 20 bilhões de litros anuais, insuficiente para o consumo – suprido em parte com importações de etanol dos Estados Unidos, produzido a partir de milho.

“A Petrobrás tem todo o interesse em que o etanol volte a ser incentivado. Importa entre 80 mil e 100 mil litros diários de gasolina pelos quais continua pagando um preço mais alto do que o obtido no mercado interno.

“Embora o consumo tenha aumentado 20% em dois anos, não há nenhuma possibilidade de que, nos próximos dez anos, suas refinarias consigam aumentar a oferta de gasolina. Isso significa que, sem novo empurrão do governo para a produção de etanol, a Petrobrás terá de aumentar em mais de 300% suas importações diárias de gasolina nos próximos oito anos. (…)

“As pressões, cada vez maiores na Europa e nos Estados Unidos, pela redução da utilização de alimentos na produção de biocombustíveis poderiam abrir grandes mercados de exportação para o etanol e para o biodiesel do Brasil, que conta com enormes áreas agricultáveis disponíveis. Mas é preciso revisar a atual política – ou a falta de política – para o setor no Brasil.” (Celso Ming, Estadão, 29/1/2013.)

* Preço da gasolina enfim sobe, mas ações da Petrobrás caem mais

“O reajuste nos preços da gasolina e do diesel, anunciado ontem pela Petrobras, já chegou às bombas, mas não trouxe alívio às ações da empresa, que caíram até mais de 5% na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). De 24 postos de Centro, Barra, Zona Norte e Zona Sul do Rio percorridos pelo GLOBO ontem, dez já reajustaram seus preços entre 2,81% e 10,7%. Em quatro postos, a alta superou os 4% previstos por analistas e pelo próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, ontem (quarta, 30/1). Mesmo nos postos onde não houve ajuste, a expectativa era que o repasse para o consumidor ocorreria em até cinco dias.

“Ontem, as ações ordinárias (ON, com direito a voto) da Petrobras caíram 5,12% e as preferenciais (PN, sem voto), 4,76%. Analistas previam uma alta maior no preço dos combustíveis. O reajuste de 6,6% na gasolina e de 5,4% no diesel, nas refinarias, vai reforçar o caixa da Petrobras em R$ 540 milhões por mês, preveem especialistas, porém será insuficiente para cobrir a defasagem entre os preços no mercado interno e os praticados no exterior.

“Para o Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), antes do reajuste a empresa perdia R$ 1,7 bilhão por mês com a defasagem. Agora, o prejuízo será de R$ 1 bilhão. O CBIE estima que, mesmo após o reajuste, a defasagem da gasolina está em 11,2% e a do diesel, em 19,7%. ‘O reajuste era muito necessário, mas não veio quanto o mercado esperava, que era entre 7% e 10%’, disse Emerson Leite, chefe da área de análise de ações do banco Credit Suisse First Boston, que vê a defasagem da gasolina agora em 13%, e a do diesel, em 24%.” (Ramona Ordoñez, Marcello Corrêa e Bruno Villas Bôas, O Globo, 31/1/2013.)

* Mais intervencionismo estatal, maior imprevisibilidade – e a Bolsa cai

“A bolsa brasileira está há dois anos andando de lado. Rompeu os 70 mil pontos em janeiro de 2011. Está em 59 mil. Seria normal, se fosse no mundo inteiro, mas, nos EUA, o índice S&P 500 ultrapassou, pela terceira vez em sua história, a marca de 1.500 pontos. O Dow Jones está perto do recorde. Na Europa, estão em recuperação as bolsas de Grécia, Portugal e Espanha. Na América Latina, o México se destaca.

“O mau desempenho do Ibovepa tem a ver com a desaceleração da economia, mas isso não explica tudo. A queda do ritmo de crescimento do PIB, de 7,5% em 2010 para cerca de 1% em 2012, piora o ambiente para os negócios e a rentabilidade das empresas. Mas há, além disso, percepção de aumento do intervencionismo estatal e maior imprevisibilidade.

“A Petrobras hoje tem menor valor de mercado do que a petrolífera estatal colombiana Ecopetrol, apesar de ser muito mais poderosa. Também vale menos que a Ambev. A empresa tem dificuldade na geração de caixa, a produção de petróleo não cresceu como o esperado, há aberrações em investimentos e elevação de custos, como na refinaria Abreu e Lima. Quem enche o tanque acha a nossa gasolina cara, mas o fato é que a Petrobras recebe das distribuidoras menos do que paga em cada litro. Os prejuízos com a importação são bilionários, e a ingerência política sobre a empresa coloca em xeque a sua gestão.” (Míriam Leitão, O Globo, 31/1/2013.)

* A política está errada por dar tratamento populista para os combustíveis e porque sabota a política de investimentos da Petrobrás

“O reajuste dos preços da gasolina e do óleo diesel não muda substancialmente as coisas. A Petrobrás segue arrochada pelo governo Dilma.

“Os cálculos sobre as perdas com o atraso dos reajustes variam de um consultor para o outro. Mas, provavelmente, apenas em 2012, ultrapassaram os R$ 20 bilhões. Em vez de fazer da Petrobrás uma alavanca do desenvolvimento nacional, o governo Dilma continua usando o caixa da empresa para fazer política de preços. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reconheceu ontem (quarta, 30/1) que, desde 2006, os combustíveis foram reajustados em apenas 6% – ‘o que é menos do que a inflação’, disse.

“Tanto a Petrobrás, hoje dirigida por administradores fiéis à aliança de governo, como o próprio governo vêm repetindo que a política ‘busca alinhar o preço dos derivados aos valores praticados no mercado internacional em uma perspectiva de médio e longo prazos’ – está assim no comunicado da Petrobrás divulgado na noite de terça-feira. Trata-se de repetição vazia, uma vez que não há critério. Os reajustes não obedecem a nenhuma regra e só são feitos quando a capacidade de geração de recursos da Petrobrás apresenta notórios sinais de deterioração. A qualquer momento, por exemplo, se espera o rebaixamento da qualidade dos títulos da Petrobrás. Sua capacidade de endividamento foi e continua sendo duramente atingida. Se houver melhora mínima nas condições da economia global, como se espera, as cotações do barril do petróleo Brent saltarão para acima dos US$ 115 por barril, nível em que estão hoje, e as distorções se ampliarão.

“Essa política não está errada apenas porque dá um tratamento populista para os derivados de petróleo. Está errada, principalmente, porque sabota a política de investimentos da Petrobrás aprovada pelo próprio governo federal.

“Há seis meses, a Petrobrás avisou em seus documentos que seu Plano de Negócios (investimentos), de US$ 236,5 bilhões até 2016, só poderia ser cumprido caso houvesse reajuste de 15% em seus produtos. Foram autorizados apenas 6,6% para a gasolina e 5,4% para o óleo diesel, acompanhados pelo aviso de que não haveria outros em 2013. São reajustes de longe insuficientes para recompor as perdas passadas da Petrobrás. Pelos cálculos dos analistas Bruno Montanari e Guilherme Bellinetti, do Grupo Morgan Stanley, ouvidos pela Agência Estado, mesmo com essa correção, os preços internos em relação aos pagos pela Petrobrás nas suas importações ficarão cerca de 10% mais baixos, no caso da gasolina, e de 20%, no do diesel.

“Além disso, a gasolina se manterá subsidiada à custa da saúde financeira da Petrobrás. Preços assim vantajosos no varejo continuarão estimulando o consumo de gasolina, pressionando importações e deteriorando a capacidade de investimentos da Petrobrás. Ao mesmo tempo, os preços artificiais da gasolina seguirão achatando os preços do etanol e desestimulando investimentos em cana-de-açúcar e na expansão das destilarias.

“Ontem, o mercado financeiro voltou a punir as ações da Petrobrás como forma de mostrar a política irracional a que está sendo submetida. As ações ordinárias caíram 5,12% e as preferenciais, 4,76%.” (Celso Ming, Estadão, 31/2013.)

* É duro lembrar todo aquela papagaiada sobre auto-suficiência em petróleo

“Sabe qual a melhor coisa que poderia acontecer para a Petrobras? Uma forte queda do preço internacional do petróleo. Isso derrubaria também as cotações da gasolina e do diesel, produtos que estão quebrando a estatal brasileira. Como não há produção interna suficiente desses combustíveis, a companhia tem que importá-los. Como o governo Dilma segura os preços internos para conter a inflação, a Petrobras se vê na situação esdrúxula de comprar caro e vender barato – que perdura mesmo depois do reajuste anunciado na última terça. Prejuízo na veia.

“Logo, se o governo não deixa aumentar mais o preço interno, resta torcer pela queda da cotação internacional.

“Pode? Uma companhia petrolífera, dona de reservas elevadas, dependendo de uma queda no preço de seu principal ativo!

“Acrescente aí uma forte valorização do real e o quadro ‘melhoraria’ ainda mais para a estatal. Se o dólar voltasse, digamos, para R$ 1,70, a Petrobras economizaria cerca de 15% nas suas compras externas de combustível.

“Claro que, nesse caso, também cairia o valor das reservas da Petrobras. De novo, pode? Uma companhia precisando de queda no valor de seu patrimônio.

“Por outro lado, que sempre tem, a queda do preço internacional de petróleo colocaria em risco a operação no pré-sal. Ainda não se sabe o custo exato, pois a tecnologia está em desenvolvimento, mas certamente será muito caro retirar o óleo lá do fundão do oceano. Assim, se a cotação global cair muito, o pré-sal torna-se economicamente inviável.

“Consequências: a Petrobras não conseguiria financiamento para as novas operações e os estados e municípios perderiam os royalties pelos quais tanto brigaram.

“Ou seja, é uma ideia de jerico torcer pela queda dos preços internacionais do óleo e dos combustíveis.

“De outro lado, ainda, um dólar mais barato facilitaria as importações de equipamentos para extração e refino. Bom, não é mesmo?

“Seria, se as políticas para o setor tivessem alguma lógica. Ocorre que a Petrobras é obrigada pelo governo a dar preferência ao produtor nacional, mesmo pagando mais caro, até um certo nível. Ora, com o real valorizado, a diferença de preços entre o local e o estrangeiro ficará bem maior, de modo que a estatal não terá como justificar a compra do equipamento made in Brasil.

“Isso destruiria a política do governo para estimular a indústria nacional ou, caso o modelo fosse mantido, aumentaria os custos da Petrobras em reais.

“Ou seja, é outra ideia de jerico torcer pela valorização do real neste caso.

“Voltamos assim ao senso comum, pelo qual uma companhia de petróleo deve se dar bem quando o preço do petróleo está em alta. Esta lógica não mudou. O que a subverte é a gestão do governo brasileiro. Um desastre de grande competência: não é fácil fazer uma petrolífera perder dinheiro.

“Outra coisinha: lembram-se de toda aquela campanha do governo Lula comemorando a autossuficiência em petróleo? Pois é, foi só marketing eleitoral. Só não, porque a estatal, que não pertence só ao governo, muito menos ao PT, pagou por aquela fraude. Custo na veia da população.” (Carlos Alberto Sardenberg, O Globo, 31/1/2013.)

Fazer promessas é fácil

* Só 8% das quadras esportivas prometidas por Dilma saíram do papel até agora

“Durante a campanha presidencial de 2010, a então candidata Dilma Rousseff prometeu entregar 10 mil quadras esportivas cobertas, se fosse eleita. Passados dois dos quatro anos de mandato da presidente, o número de quadras sendo construídas ainda está muito abaixo da meta. E, nas que estão em obras, há problemas. Segundo dados do próprio Ministério da Educação (MEC), até agora, saíram do papel menos de 8% das quadras prometidas.

“Em 2011, foram aprovadas 1.564 quadras, das quais 96 estão concluídas e 693 em obras. Em relação às unidades aprovadas em 2012, o MEC informou que as obras só devem começar no primeiro semestre deste ano – embora os primeiros pagamentos tenham sido feitos no segundo semestre do ano passado.

“Além da promessa eleitoral, as obras nas escolas também entraram no lançamento do PAC 2, em março de 2010. Na época, a previsão era investir R$ 4,1 bilhões para ‘universalizar quadras esportivas em escolas com mais de 500 alunos’. Pelo PAC, foram previstas 6.116 novas quadras, além de obras de cobertura em outras 4.000 já existentes, totalizando 10.116 unidades.

“Mas nem o PAC 2 garantiu os investimentos. Levantamento feito pela liderança do DEM no Senado mostra que, entre 2011 e 2012, dos R$ 3,939 bilhões previstos para estruturas esportivas (o que inclui as quadras em escolas), foram pagos R$ 412,35 milhões, no primeiro ano; e R$ 224,29 milhões, no ano seguinte. Ou seja, foram gastos 16,16% do orçamento, somando os dois anos.

“O número baixo de quadras em construção não é o único problema. O Globo visitou algumas delas na cidade de Águas Lindas de Goiás, no Entorno de Brasília, e constatou problemas que vão de projetos malfeitos a atrasos nas obras.” (André de Souza, O Globo, 27/1/2013.)

E da Copa herdaremos elefantes brancos

* Os maiores times do Ceará não querem saber do Castelão: é caro demais

“Passada a festa (de inauguração), o desafio dos administradores da Arena Castelão agora é tornar o estádio rentável. E, pelo menos nessa fase inicial, a dor de cabeça vai ser grande. Não há nenhum outro evento marcado para o estádio – seja de futebol, show ou atividade de empresa, por exemplo – e Ceará e Fortaleza relutam em utilizá-lo regularmente. Certeza, só uma: o custo de manutenção do Castelão é alto.

“Colocar os dois principais times do Estado para jogar constantemente no local é o principal objetivo da empresa Arena Castelão, gestora do local pelos próximos oito anos. Só que está difícil convencer os dirigentes de Ceará e Fortaleza a assinar o contrato de parceria.

“Eles temem prejuízo, porque o custo de mandar uma partida no Castelão é alto e, se o público for pequeno, terão de pagar para jogar. ‘Para jogar aqui e não ficar no vermelho, o público tem de ser de pelo menos 30 mil pessoas’, disse ontem o diretor administrativo do Fortaleza, Noé de Brito. ‘No Presidente Vargas (estádio que o clube vem utilizando) bastam 12 mil.’

“Noé de Brito não sabe qual o custo de uso do Castelão – os administradores também não divulgam -, mas dá uma ideia de que não é baixo. ‘No último jogo do Fortaleza no Presidente Vargas (contra o Souza, pela Copa do Nordeste), arrecadamos R$ 47 mil e tivemos R$ 46 mil de despesas.’ Aumentar o preço do bilhete é inviável, alerta Brito. ‘Não dá para cobrar R$ 50 toda hora. O torcedor cearense pode pagar no máximo R$ 30.’

“A Arena Castelão negocia com Ceará e Fortaleza há 40 dias e as perspectivas de acordo ainda não são grandes.’Jogar no Presidente Vargas é muito mais barato. Se não tivermos um acordo favorável, fica difícil jogar no Castelão’’, diz o presidente do Ceará, Robinson de Castro. (Almir Leite, Estadão, 28/1/2013.)

* Cada assento do Mané Garrincha custa R$ 16,9 mil, duas vezes mais que o custo do Castelão

“Auditoria do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) encontrou distorções que somam até agora R$ 212,3 milhões na construção do Estádio Nacional de Brasília, o Mané Garrincha, um dos 12 da Copa do Mundo de 2014. O levantamento mostra que a arena de Brasília, com 71 mil lugares, é a mais cara sob todos os aspectos. O preço por assento, por exemplo, de R$ 16.938, é mais de duas vezes superior ao mais barato, o Castelão de Fortaleza (R$ 7.740).

“As 12 arenas da Copa tiveram de ser construídas ou reformadas para atender às exigências da Fifa, mas nenhuma conta ficou tão salgada quanto a de Brasília. O custo por assento superou em quase 40% o do segundo colocado – o Itaquerão (R$ 12.615) – e deixou bem para trás o do novo Maracanã (R$ 10.636), sede da final da competição, que teve de ser reconstruído.

“O tribunal já está cobrando do consórcio construtor a devolução de R$ 99,9 milhões, e abriu prazo de defesa para o governo local explicar outros R$ 112,4 milhões em desvios que foram identificados.

“Os problemas envolvem superfaturamento, cobrança de serviços em duplicidade, erros de quantitativos, mudança de itens do projeto original e barbeiragens gerenciais. Eles ajudam a explicar por que o estádio tornou-se o mais caro de todos os selecionados para a Copa.

“Até agora, segundo cálculo do conselheiro Manoel de Andrade, relator do processo de acompanhamento da obra, a construção atinge a soma de R$ 1,2 bilhão – maior do que o orçamento de investimento de alguns ministérios e quase R$ 400 milhões acima do gasto do Itaquerão (R$ 820 milhões). A diferença já é de 57,9% em relação ao orçamento inicial, que era de R$ 696,6 milhões.” (Vannildo Mendes, Estadão, 27/1/2013.)

Outras más notícias na Economia

* Inadimplência das famílias aumenta, apesar da queda dos juros

“A inadimplência das famílias brasileiras resiste. Encerrou 2012 em alta, na contramão das previsões do governo de que cederia por causa dos juros em queda e do aumento da renda e do emprego. O nível de atrasos acima de 90 dias nas contas das pessoas físicas subiu de 7,8% em novembro para 7,9% em dezembro, patamar em que permaneceu praticamente todo o segundo semestre. De acordo com o Banco Central (BC), no início do governo Dilma Rousseff, em 2011, essa taxa era de 5,7%. Já os juros cobrados das famílias seguiram o plano traçado pelo Palácio do Planalto, que usou os bancos públicos para forçar a concorrência. A taxa média cobrada das pessoas físicas pelos bancos caiu 9,2 pontos percentuais no ano e fechou 2012 no piso histórico de 34,6% ao ano.

“Em dezembro, o nível de calote aumentou, principalmente, por causa do crédito pessoal. Nessa modalidade, a inadimplência subiu de 6,3% para 6,4%. No início de 2012, os atrasos acima de 90 dias representavam 5,7%. Dentro desse tipo de financiamento, está o CDC, o crédito direto ao consumidor. O BC não explicou por que, com o dinheiro do 13º salário no bolso, o brasileiro não pôs as contas em dia. A autarquia apenas apontou a resistência do calote nos financiamentos de veículos como causa para a alta da inadimplência no mês passado.

“O calote no crédito para a compra de automóveis, que esteve no foco das autoridades nos últimos dois anos, no entanto, terminou o ano no mesmo patamar em que começou: 5,3%. Mas chegou ao ápice de 6% em meados de 2012. Para o BC, a tendência é que esse percentual caia porque, à medida em que o tempo passa, diminui a quantidade de contratos fechados em 2010 — quando havia regras frouxas e possibilidade de empréstimos acima de cinco anos — e isso promoverá uma ‘limpa’ nas carteiras.” (Gabriela Valente, O Globo, 26/1/2013.)

* Bancos públicos sustentaram alta do crédito em ano marcado pela inadimplência

“O ano de 2012 ficará marcado pela alta da inadimplência e por um desempenho mais modesto do crédito, mesmo em um ambiente de queda dos juros ao consumidor. O calote cresceu e atingiu 5,8%, contrariando os prognósticos do Banco Central (BC) de que o aumento do emprego e da renda reverteriam a tendência. O avanço de 16,2% no estoque de empréstimos foi puxado pelas instituições públicas.

“Apesar da alta dos atrasos em 2012, que estavam em 5,5% no fim de 2011, o BC ainda acredita na queda do indicador nos próximos meses. ‘O aumento da massa salarial aumenta a capacidade de pagamento de compromissos. Isso nos leva a crer que haverá recuo’, disse o chefe do Departamento Econômico da instituição, Tulio Maciel.

“A insistência nessa projeção se dá, de acordo com o técnico, porque o ‘momento mais crítico’ já foi superado. No segundo semestre, a taxa de inadimplência ficou estacionada em 5,9% e só deu algum respiro em dezembro. O que puxou a inadimplência até maio foram os atrasos no crédito para veículos, que já recuaram após medidas do BC que restringiram operações de maior risco. Desde então, o vilão dos atrasos tem sido o crédito pessoal. O BC não soube explicar por que os calotes estão crescendo nessa modalidade.” (Célia Froufe e Eduardo Cucolo, Estadão, 26/1/2013.)

* Criação de emprego formal cai 35,6%

“O saldo de vagas com carteira assinada abertas no País em 2012 foi de 1,3 milhão, informou ontem (sexta, 25/1) o Ministério do Trabalho. É o pior resultado desde 2009. Ele representa queda de 35,76% na comparação com o saldo de 2011 e é metade dos 2,6 milhões registrados em 2010. O ritmo do mercado de trabalho no ano passado foi semelhante ao de dez anos atrás. Mas o governo aposta que o resultado será melhor neste ano. Espera-se a criação de ao menos 1,7 milhão de vagas formais em 2013.” (Estadão, 26/1/2013.)

* Previdência fecha 2012 com déficit de mais de R$ 42 bilhões, 9% a mais que em 2011

“A Previdência Social fechou 2012 com déficit de R$ 42,3 bilhões, 9% acima do registrado em 2011, quando chegou a R$ 38,8 bilhões. No ano passado, o governo arrecadou R$ 283,7 bilhões em contribuições previdenciárias e gastou R$ 326 bilhões com pagamento de benefícios. Para 2013, a previsão do ministério é que o rombo nas contas do INSS atinja R$ 46 bilhões. Ao divulgar os dados, o ministro da Previdência, Garibaldi Alves, praticamente descartou uma reforma no regime de aposentadoria durante o mandato da presidente Dilma Rousseff, justificando que a pauta do Congresso está congestionada com propostas mais urgentes e que 2014 é ano eleitoral.

“O governo teme que qualquer mudança no sistema resulte no fim do fator previdenciário, como reivindicam as centrais sindicais, sem compensações que evitem perdas na arrecadação. O déficit, na avaliação da pasta, deverá permanecer estável até 2015, o que abre espaço para o adiamento dessa discussão.” (Geralda Doca, O Globo, 31/1/2013.)

* Mesmo com as manobras contábeis, contas públicas tiveram o segundo pior resultado da história

“As contas públicas fecharam 2012 com o segundo pior resultado das estatísticas oficiais, apesar de todas as manobras contábeis utilizadas pelo governo federal para inflar suas receitas. União, Estados e municípios fizeram uma economia de R$ 104,95 bilhões no ano passado para pagar os juros da dívida (superávit primário), o equivalente a 2,38% do PIB e apenas 75% da meta para o ano. Na comparação com o PIB, o porcentual supera apenas o verificado em 2009, de 2%, na série calculada pelo Banco Central desde 2001.

“A meta de superávit das contas públicas em 2012 era de R$ 139,8 bilhões. Do ponto de vista legal, o resultado foi alcançado, pois a lei permite descontar desse valor os gastos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Esses investimentos somaram R$ 39,3 bilhões, valor superior aos R$ 34,9 bilhões que faltavam para chegar à meta.

“Para garantir esse abatimento, no entanto, o governo lançou mão de um remanejamento de despesas do Orçamento, faltando quatro dias para o fim de 2012, e incluiu novos projetos no PAC. O Tesouro não informa o valor da manobra, mas os números indicam que, sem ele, a meta não seria alcançada.

“Além de usar a meta reduzida, o governo ainda precisou sacar R$ 12,4 bilhões do Fundo Soberano do Brasil (FSB) – uma espécie de poupança criada em 2008 – e usar outros R$ 28 bilhões em dividendos das estatais para engordar suas receitas.” (Eduardo Cucolo, Célia Froufe, Anne Warth e Adriana Fernandes, Estadão, 31/1/2013.)

* Estatais deixaram de investir R$ 7,7 bilhões em 2012

“As empresas estatais federais encerraram o ano investindo R$ 7,7 bilhões a menos do que poderiam, aponta relatório publicado ontem pelo Ministério do Plane­jamento no Diário Oficial da União. Num ano em que, diante da cautela do setor privado, o go­verno apostou fortemente no investimento público, a administração indireta investiu R$ 97,9 bilhões, quando poderia ter chegado a R$ 105,6 bilhões. Ou seja, foram executados 92,7% do orçamento disponível.

Apesar da frustração, o dado revela uma melhora na comparação com 2011. Naquele ano, foram investidos R$ 82,4 bilhões para uma autorização de R$ 103,8 bilhões, um nível de execução de 794%. Em 2013, as esta­tais contarão com um orçamento de R$ 110 bilhões.

Os dados do Planejamento mostram que os investimentos no setor elétrico, que abriu o ano com problemas na geração de energia por conta do baixo nível de água dos reservatórios das hidrelétricas, ficaram bem aquém do autorizado. O grupo Eletrobrás investiu R$ 5,9 bilhões para um orçamento de R$ 8,6 bilhões, uma execução de 69,1%. Em comparação, o grupo Petrobrás investiu R$ 85,9 bilhões para um orçamento de R$ 87,5 bilhões, uma realização de 98,1%.

O Ministério de Minas e Energia, ao qual as duas estatais estão subordinadas, é disparado o que dispõe de maior fatia de investimentos. Ele responde por 93,8% do que foi desembolsado pelo conjunto das empresas no ano passado. A pasta é também a que teve melhor desempenho, se comparado o orçamento de que dispunha e o volume efetivamente investido. Por esse critério, a realização foi de 95,6%. Seguindo perto, o Ministério da Previdência Social executou 94,6% de seu orçamento e o da Agricultura, 93,8%.” (Lu Aiko Otta, Estadão, 31/1/2013.)

1º de fevereiro de 2013

Outros apanhados de provas da incompetência de Dilma e do governo:

Volume 60 – Notícias de 13 a 19/7.

Volume 61 – Notícias de 20 a 26/7.

Volume 62 – Notícias de 27/7 a 2/8.

Volume 63 – Notícias de 3 a 9/8.

Volume 64 – Notícias de 10 a 16/8.

Volume 65 – Notícias de 17 a 23/8.

Volume 66 – Notícias de 24 a 30/8.

Volume 67 – Notícias de 31/8 a 6/9.

Volume 68 – Notícias de 7 a 13/9

Volume 69 – Notícias de 14 a 20/9.

Volume 70 – Notícias de 21 a 27/9.

Volume 71 – Notícias de 28/9 a 4/10.

Volume 72 – Notícias de 5 a 11/10.

Volume 73 – Notícias 26/10 a 1º/11.

Volume 74 – Notícias de 2 a 8/11.

Volume 75 – Notícias de 9 a 15/11.

Volume 76 – Notícias de 16 a 22/11.

Volume 77 – Notícias de 23 a 29/11.

Volume 78 – Notícias de 30/11 a 6/12.

Volume 79 – Notícias de 7 a 13/12.

Volume 80 – Notícias de 14 a 20/12/2012.

Volume 81 – Notícias de 4 a 10/1/2013.

Volume 82 – Notícias de 11 a 17/1/2013.

Volume 83 – Notícias de 18 a 24/1/2013.

7 Comentários para “Más notícias do país de Dilma (84)”

  1. Esta semana o time da imprensa burguesa reacionária, esta assim escalada e assalariada pelos “pasquins de secos e molhados”:Rolf Kuntz;Lourdes Sola;Martha Beck;Míriam Leitão;Marco Antonio Rocha;Anne Earth e Eduardo Rodrigues;Ramona Ordoñez;Celso Ming;Marcello Corrêa e Bruno Villas Bôas;Carlos Alberto Sardenberg(argh);Almir Leite;Vannildo Mendes;Gabriela Valente;Célia Froufe e Eduardo Cucolo;Geralda Doca;Adriana Fernandes e o nissei Lu Aiko Otta. Time de primeira, assalariados que “fazem a obrigação com força e pensam que tudo alí é seu…”

  2. A publicação de mais um estudo oficial sobre regulamentação da mídia, desta vez pela União Europeia, menos de dois meses depois do relatório Leveson na Inglaterra, revela que o tema é pauta obrigatória nas sociedades democráticas e não apenas em vizinhos latino-americanos como a Argentina, o Uruguai e o Equador, mas, sobretudo, na Europa.

    No Brasil, como se sabe, “faz-se de conta” que não é bem assim e o tema permanece “esquecido” pelo governo, além de demonizado publicamente pela grande mídia como ameaça à liberdade de expressão.

    Quem se beneficia com essa situação? Até quando seguiremos na contramão da história?

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