Candidatos demais, idéias de menos

A 21 meses da eleição presidencial, a disputa de 2014 já turva o debate político. Chega antes da hora e, de novo, com viés atravessado. Seja qual partido for, fala-se de candidatos e candidaturas, mas não há uma citação sobre ideias, ou, minimamente, sobre o que pensam para o País, se é que pensam.

No fim do ano passado, FHC defendeu a antecipação da definição tucana, exortando o senador Aécio Neves a assumir a candidatura. Assim como fizera com José Serra e Geraldo Alckmin, de novo um nome e não uma ideia.

O governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), candidatíssimo, pegou de empréstimo o folclore mineiro e reforçou sua ambição de candidatar-se ao negar que pretendia fazê-lo. Dilma Rousseff também saiu a campo. E com todas as armas: recebeu empresários no Planalto, foi para as ruas no Nordeste e, em rede de rádio e TV, abriu oficialmente a campanha.

Lula não deixou por menos. Mostrou que, sem ter desencarnado, está pronto para reencarnar.

Até Marina Silva reapareceu, acelerando os movimentos para ter um partido para chamar de seu, e, claro, com olhos em 2014.

Mas o que mesmo, além das benesses do poder, esse rol de candidatos quer?

Redução de juros e de tarifas de energia (ainda que por conta do Tesouro e, portanto, dos que pagam impostos) são os trunfos de Dilma. Temas que, imaginam seus marqueteiros, serão capazes de encobrir a falácia da gestora competente que eles próprios criaram.

Esconder os resultados pífios dos PACs 1 e 2, ainda empacados, ou promessas não cumpridas, como a de construir seis mil creches, não é tarefa fácil. Mas Dilma já avisou – e o fez em rede de rádio e TV – que vai tirar proveito do cargo, mesmo que para isso tenha de escolher ser presidente só daqueles que a apoiam. A minoria que se dane.

Dilma é um mistério. Ninguém a conhece. Nem seu padrinho Lula ou seu confessor sabem o que ela pensa. Quanto mais o eleitor.

Aécio Neves e Eduardo Campos também são incógnitas. Um fez e outro faz um governo popular. Mas do pensamento deles pouco se sabe. E o de Marina? Quase nada.

Além da lengalenga de mais saúde e educação, sempre presente nas campanhas e um tanto ausente nas ações, o que eles pretendem fazer, por exemplo, para os milhões de dependentes de bolsas. Eternizá-las ou emancipá-los?

E para financiar a previdência? Que tipo de estado defendem? O que imaginam como políticas para segurança pública, imigração, fronteiras…?

Não há debate. Não há posição.

Opta-se pela fulanização, em que o mais importante é quem e não quais ideias devem disputar a preferência do eleitor. Um caminho que empobrece a política, e que, dificilmente, oferecerá respostas.

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 27/1/2013. 

 

Um comentário para “Candidatos demais, idéias de menos”

  1. Não há debate. Não há posição.
    Há oposição? O campo das idéias precisa da oposição. A dialética exige a antitese.

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